Ministra
afirma que, na Rio+20, será debatido desafio
das políticas econômicas em lidar com
o bem-estar de todas as populações.
Luciene de Assis - A ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira, participou da abertura do VIII
Congresso Mundial do ICLEI – Governos Locais
pela Sustentabilidade: mudando hábitos para
mudar cidades, realizada na noite desta quinta-feira,
14 de junho, no auditório do Sesc Palladium,
em Belo Horizonte. E disse que o desenvolvimento
sustável, defendido na Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (Rio+20), deixa de ser uma questão
de idealismo e passa a ser a do pragmatismo políticos
das grandes mudanças.
"O
foco é realizar numa hora de enfrentar crises,
de reduzir desigualdades entre os países",
afirmou a ministra. "Sem isso é impossível
transformar". Promotor do evento, o Conselho
Internacional para Iniciativas Ambientais Locais
(ICLEI, sigla em inglês) é uma associação
de governos e organizações governamentais
nacionais e regionais que assumiram um compromisso
com o desenvolvimento sustentável.
Diante
de uma plateia de mais de 1.500 pessoas, Izabella
Teixeira deixou clara a posição do
governo brasileiro em relação à
sustentabilidade: "Na Rio+20, estamos discutindo
o desafio das políticas econômicas
em lidar com o bem-estar de todas as populações
e isso é mais do que gerar emprego, mais
do que cuidar de saneamento, é mais do que
gerar cuidados com a saúde; é lidar
com o conceito de bem-estar e que estará
presente no crescimento populacional de todo o planeta,
uma discussão que acontecerá, principalmente,
nos meios urbanos". Para a ministra, uma visão
de longo prazo requer um encadeamento da agenda
econômica e da agenda social da questão
ambiental.
DESAFIOS
Izabella
Teixeira lembrou da urgência de se colocar
em prática questões já discutidas
há mais de 40 anos. "Temos, hoje, a
urgência do presente, mas precisamos olhar
para o futuro com o pragmatismo e a vontade política
de agir imediatamente, e esse é o espírito
com que estamos negociando na Rio+20 e entendemos
que deve pautar a agenda dos próximos 20
anos em relação ao desenvolvimento
sustentável – a necessidade de agir
naquilo que talvez seja um dos maiores ensinamentos
que a Rio+20 traz, que é o papel político
de reverter a ideia de que o desenvolvimento sustentável
seja só um desafio ambiental', salientou.
"Não é: são questões
inseparáveis – o crescimento econômico,
a inclusão social e a proteção
do meio ambiente". Segundo ela, esses problemas
são explicitados no dia a dia de cada cidadão.
Para
o presidente do ICLEI, David Cadman, metade dos
habitantes do planeta vive hoje em cidades "e
seremos 90% de habitantes nas cidades até
o final deste século". Cadmam acredita
que, sem cuidar da sustentabilidade não será
possível ao homem viver bem: "Temos
de viver de forma mais inteligente e consumir água
de forma mais consciente, consumir menos e reduzir
a emissão de carbono", defendeu.
Segundo
Cadman, este é o maior congresso do ICLEI
de todos os tempos, pois reúne mais de 1.500
delegados provenientes de 30 países. O evento
se realiza a cada três anos. Na pauta estão
oito ações envolvendo economia verde,
cidades sustentáveis e eficientes em recursos,
biodiversidade e infraestrutura verde, entre outros
temas, além dos assuntos tradicionais, como
eventos verdes e segurança alimentar.
SUSTENTABILIDADE
Na
abertura do evento, o prefeito de Belo Horizonte
(cidade que integra a entidade desde 1993), Márcio
Lacerda, lembrou que o ICLEI, hoje, congrega na
sua associação mais de 1.100 cidades,
desenvolvendo e gerenciando campanhas voltadas para
a sustentabilidade. Segundo Lacerda, os principais
sócios da entidade são as prefeituras,
com as quais o ICLEI estabeleceu uma ponte ligando
os cidadãos e os governos locais, com as
metas e os objetivos das entidades internacionais
voltadas ao desenvolvimento sustentável.
"Precisamos,
cada vez mais, olhar com carinho as cidades, espaços
urbanos onde os cidadãos constroem suas vidas,
criam seus filhos, buscam seu sustento e sua formação
como seres humanos", lembrou o prefeito."Por
isso mesmo, não podemos tratar a sustentabilidade
como algo fora do cotidiano, da realidade do cidadão.
Não podemos tratar a sustentabilidade como
um tema que diz respeito apenas aos poderes públicos,
com competência restrita às academias
e grupos de ativistas".
+
Mais
Rio+20:
ministra destaca papel das mulheres
Izabella
Teixeira lembra que, na Eco-92, a sociedade emplacou
as mulheres em um canal de discussões diferenciadas
da ONU. "A partir daí, o tema não
saiu da pauta dos debates globais", disse.
Sophia
Gebrim - As mulheres têm participação
especial na Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio+20). Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, são mais de 200 eventos oficiais
e paralelos que discutirão, durante o evento,
temas ligados ao papel da mulher no novo posicionamento
mundial em busca pela sustentabilidade. "Esse
é o espírito da Rio+20, um espaço
onde todas as nações são, de
fato, iguais, sem distinção de raça
e gênero", disse na manhã desta
sexta-feira (15/06), na abertura do Fórum
Equidade de Gênero: Pressuposto para o Desenvolvimento
Sustentável e a Erradicação
da Pobreza, no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro.
O encontro é parte da agenda do Espaço
Humanidade 2012, iniciativa da Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp).
A
ministra pontuou, também, historicamente,
como se deu a evolução do papel feminino
nas grandes conferências pactuadas pela Organização
das Nações Unidas (ONU). "Há
20 anos, exatamente na Eco-92, a sociedade emplacou
o grupo das mulheres em um canal de discussões
diferenciadas da ONU e, a partir daí, o tema
não saiu da pauta dos debates globais".
Para
Izabella, não é possível discutir
sustentabilidade, preservação ambiental
e mudanças climáticas sem debates,
na ponta, sobre o que isso significa, por exemplo,
para as quebradeiras de coco do nordeste brasileiro
e as milhares de mulheres que vivem da exploração
dos produtos da biodiversidade. "É justamente
aí que começamos a dar escala às
questões ambientais, o que devemos fazer
para acessar os produtos dessas mulheres empreendedoras
que produzem de maneira sustentável",
acrescentou.
DESIGUALDADE
Na
abertura do encontro, foi entregue à ministra
documento da Fiesp com algumas considerações
da entidade patronal sobre a promoção
da igualdade social e preservação
ambiental. Intitulado de A Desigualdade é
Insustentável, o texto mostra a preocupação
do empresariado com a desigualdade de oportunidades,
direitos entre os seres humanos, combate ao trabalho
escravo, entre outros. "É a nossa contribuição
ao governo brasileiro que reflete, além de
tudo, a disponibilidade e interesse do setor em
contribuir com melhorias sociais, ambientais e econômicas",
destacou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.
Representando
o Executivo e o Legislativo federais, mulheres como
a ministra-chefe da Secretaria de Políticas
de Promoção Racial, Luiza Helena de
Barros, a ministra do Superior Tribunal de Justiça
(STJ), Eliana Calmon, a senadora Marta Suplicy (PT-SP),
a deputada Mara Cristina Gabrilli (PSDB-SP) também
participaram do encontro.
Segundo
a Marta Suplicy, o hoje o papel da mulher torna-se
preponderante em qualquer debate. "A partir
do momento que a questão de gênero
andar mais rápido nas discussões globais,
nós teremos mais rapidez nos encaminhamentos
das discussões ambientais", assegurou.
Para ela, a mulher está inserida fortemente
nas questões sobre sustentabilidade para
realizar melhorias e tornar o planeta um lugar melhor
para se viver.
+
Mais
Mundo
discute o Patrimônio genético
Promovido
pelo MMA, diálogo sobre o Protocolo de Nagoia
reúne todos os setores envolvidos no combate
à biopirataria
Letícia
Verdi - Com o objetivo de divulgar o Protocolo de
Nagoia para a sociedade durante a Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (Rio+20), discutir os principais
conceitos e apresentar os resultados dos Diálogos
Setoriais com a União Europeia (UE), o Ministério
do Meio Ambiente (MMA) promove oficina internacional
e intersetorial, neste domingo (17/06). O evento
se insere no projeto de diálogos com a UE,
que lidam com questões de acesso aos recursos
genéticos e repartição de benefícios
de seu uso comercial.
"Era
um desejo antigo do Departamento de Patrimônio
Genético poder reunir todos os setores envolvidos
e estamos conseguindo fazer isso durante a Rio+20",
comemorou a diretora do Ddepartamento do Patrimônio
Genético da Secretaria de Biodiversidade
e Florestas do MMA, Eliana Fontes. O acesso aos
recursos genéticos interessa sobretudo ao
setor produtivo – indústrias farmacêuticas,
cosméticas, de defensivos agrícolas,
etc -e ao setor científico, que faz a pesquisa
de base sobre esses recursos.
Do
outro lado, existem os provedores que fornecem as
matérias-primas. O Protocolo de Nagoia entende
que, ao remunerar o provedor, incentiva-se a proteção
da biodiversidade, já que ela se torna fonte
de renda – a chamada "repartição
de benefícios". Todos esses atores sociais,
além do governo, que realiza o gerenciamento
do acesso aos recursos genéticos, estarão
representados no evento.
ADESÃO
BRASILEIRA
O
Protocolo de Nagoia foi assinado por 92 países
em 2010, durante a Conferência das Nações
Unidas sobre Biodiversidade (COP 10), no Japão.
O Brasil aderiu ao protocolo em 3 fevereiro de 2011
e o texto ainda está pendente de aprovação
pelo Senado. Para entrar em vigor, precisa ser ratificado
por 50 países-partes.
Após
a ratificação final, o protocolo fará
com que os benefícios financeiros obtidos
pelas empresas farmacêuticas e cosméticas
a partir do uso de animais, plantas ou micro-organismos
sejam compartilhados com as comunidades e os países
de origem desses recursos naturais. Ou seja, trará
segurança jurídica contra a biopirataria.
Fonte: MMA