16/06/2012
- 12h20 - Rio+20 - Carolina Gonçalves e Renata
Giraldi - Enviadas especiais da Agência Brasil
- Rio de Janeiro – Ternos, trajes indígenas,
indianos, africanos e burcas misturam-se nos corredores
e salas do Riocentro, espaço que sedia a
Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20),
na Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade. Em
meio à diversidade cultural, uniformes padronizados
identificam as pessoas credenciadas pela organização
do evento para auxiliarem os participantes da conferência.
Na
entrada do pavilhão principal mais de cinco
funcionários, que falam vários idiomas,
se alternam para dar informações aos
que chegam à Rio+20. O estudante africano
Daniel Mabundu Kibwila é o responsável
pelo atendimento em francês.
“São
pessoas de todos os países e de todos os
tipos. Há grupos de organizações
não governamentais muito interessados em
saber sobre tudo. Mas tem gente que chega aqui estressada,
querendo informações rápidas
sobre o local de salas onde estão acontecendo
alguns debates”, disse Kibwila.
Depois
de quatro anos no Brasil, Kibwila, que nasceu na
República Democrática do Congo, contou
que entre as cobranças mais recebidas estão
os pedidos para obtenção de informações
por escrito. “Muitas pessoas cobram programas
e documentos em papel. Não podemos distribuir
papel. Mas [infelizmente] algumas pessoas não
compreendem”, disse ele.
Contratados
para garantir a limpeza do local, Cleir e Augusto
se revezam para deixar o local sempre impecável.
Todo o lixo recolhido pela dupla está sendo
separado. No caso de Augusto, é a primeira
oportunidade de emprego em um evento.“É
uma experiência legal ver tanta gente diferente”,
diz o servente com olhos atentos a todos os lados.
Em
vários pontos dos cinco pavilhões
do Riocentro estão distribuídos conteineres
para a coleta de lixo reciclável, não
reciclável e para baterias. Além de
assegurar que essa separação seja
respeitada até o destino final, a carioca
Cleir observa e admira as diversidades. “É
de engrandecer a alma. Tem um grupo aqui que se
ajoelha todos os dias e faz um tipo de louvor. Acho
que é da cultura deles. É bem bonito”,
disse ela.
Fotógrafos
e jornalistas, que usam crachás específicos
para a imprensa, não deixam de lado seus
trajes e costumes típicos. As mulheres muçulmanas
mantêm os véus sobre os cabelos, as
da Índia e do Sri Lanka usam roupas leves
e coloridas, assim como as africanas chamam a atenção
pelos turbantes e vestidos estampados. No total,
são representantes dos 193 países
que integram as Nações Unidas presentes
na conferência.
Para
transportar os participantes, há motoristas
responsáveis por 30 pequenos veículos
autorizados a circular pelos corredores do Riocentro,
como carrinhos de golfe. Para Tiago Ávila,
acostumado a trabalhar em eventos, são curtas
as viagens que ele classifica como de “muito
conhecimento”.
“A
gente conhece tanta cultura diferente aqui. Falo
mal o inglês e o espanhol, mas sempre conseguimos
nos comunicar. Geralmente eles falam o número
do pavilhão que querem e aí fica fácil.
Quando complica, pedimos ajuda para o pessoal da
organização”, disse Ávila,
que demonstra orgulho por participar do evento.
O
esquema de organização será
mantido até o próximo dia 22, quando
acaba a Rio+20, com a definição dos
compromissos firmados pelos 115 chefes de Estado
e de Governo. A presidenta Dilma Rousseff encerra
o evento, que tem a partir de hoje (16) o Brasil
no comando das principais negociações
políticas.
+
Mais
Feira
de produtos sustentáveis deve movimentar
R$ 3 milhões na Cúpula dos Povos
16/06/2012
- 17h57 - Rio+20 - Da Agência Brasil - Rio
de Janeiro – Os visitantes da Cúpula
dos Povos, no Aterro do Flamengo, podem também
comprar produtos sustentáveis, feitos com
materiais da biodiversidade de cada região
brasileira, na Praça da Sociobiodiversida.Organizada
pelos ministérios do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome, da Agricultura e Pecuária
e do Meio Ambiente, a feira foi aberta hoje (16),
com a expectativa de movimentar cerca de R$ 3 milhões
em vendas.
Além
de objetos como bolsas e chaveiros, confeccionados
com o couro de peixes oriundos de Mato Grosso do
Sul, o visitante encontra na feira os mais diversos
produtos orgânicos, cultivados sem agrotóxicos.
As
peças expostas despertaram muito interesse
no público feminino, principalmente as que
podem ser usados na decoração de casa.
Há também objetos para cozinha, feitos
com látex extraído por seringueiros
de estados do Norte do país, com formato
de folhas de plantas, mostrando toda a exuberância
e o colorido peculiares à região.
Segundo
Zélia Damasceno, coordenadora da Poloprobio,
instituição que trabalha com seringueiros,
índios e membros de comunidades quilombolas
da Região Norte, a exposição
de produtos sustentáveis é uma boa
oportunidade para as pessoas entrarem em contato
com outras culturas e também para conhecer
os frutos que esse mercado vem dando.
“A
gente vê a melhoria de vida das pessoas, principalmente
das mulheres, que quase sempre dependem dos maridos
e muitas vezes não tem nada para dar”,
disse Zélia.
Alaíde
Arruda, moradora de Copacabana, levou a neta, de
apenas 3 anos, para participar das atividades da
Cúpula dos Povos, por entender que as crianças
também precisam conhecer as práticas
de preservação ambiental. “Assim,
já se começa, desde cedo, a conscientizar
a criança, que aprende a colocar lixo no
lugar certo, a reciclar e a dar preferência
a produtos naturais.”
Fonte: Agência Brasil