16/06/2012
- 17h16 - Rio+20 - Renata Giraldi e Carolina Gonçalves
- Enviadas especiais da Agência Brasil - Rio
de Janeiro – Sem acordo, o documento final
da Conferência das Nações Unidas
sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20)
deve excluir a possibilidade de criação
de um fundo para a sustentabilidade a partir de
2013. A exclusão é analisada pelos
negociadores como vitória dos países
ricos, liderados pelos Estados Unidos, pelo Canadá,
pela Austrália e pelo Japão, que se
opunham à proposta. O rascunho do texto tem
56 páginas. O documento inicial continha
80 páginas.
Pela
proposta em discussão sobre a criação
do fundo, defendida pelo Brasil e por vários
países em desenvolvimento, a meta era que
as nações assumissem o compromisso
de instituir um mecanismo de financiamento, começando
com US$ 30 bilhões a partir de 2013, até
chegar a US$ 100 bilhões em 2018, com o objetivo
de garantir instrumentos para o desenvolvimento
sustentável.
No
entanto, a proposta não foi adiante porque,
liderados pelos Estados Unidos, pelo Canadá,
pela Austrália e pelo Japão, representantes
de várias delegações alegaram
que o momento econômico e político
atual é desfavorável ao debate sobre
elevação de recursos. O desconforto,
segundo os negociadores, tem diferentes motivações,
como os impactos da crise econômica internacional
e as disputas políticas internas –
os Estados Unidos em campanha eleitoral, por exemplo.
O
ministro das Relações Exteriores,
Antonio Patriota, justificou a redução
de páginas como sendo resultado da “compilação
de propostas” consensuais. O secretário
executivo da delegação do Brasil na
Rio+20, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado,
acrescentou que foram retiradas repetições
e duplicações.
Porém,
negociadores que acompanham os debates reiteraram
que o rascunho, que circula hoje (16) nas salas
do Riocentro, local que concentra as discussões
políticas, será menos específico
do que o desejado pelos representantes dos países
em desenvolvimento e mais amplo, como defendiam
as delegações dos países ricos.
O
segundo capítulo do texto preliminar será
dedicado aos compromissos políticos. Patriota
disse que será a reafirmação
das metas fixadas há duas décadas,
na Rio92. Segundo ele, neste capítulo estarão
as responsabilidades comuns e diferenciadas. Na
prática, essa parte do texto refere-se ao
que países desenvolvidos e em desenvolvimento
devem assumir como objetivos em áreas distintas,
inclusive mudanças climáticas.
Apesar
de haver um texto preliminar já pronto, o
chanceler disse que as negociações
prosseguirão, pois há várias
pendências que ainda dificultam um acordo
geral. De acordo com ele, os negociadores intensificarão
as reuniões até a noite de segunda-feira
(18). O chanceler acrescentou ainda que a expectativa
é construir um documento final próximo
de um consenso total antes do dia 19.
+
Mais
Polêmicas
obrigam negociadores da Rio+20 a estender reuniões
no fim de semana
16/06/2012
- 11h31 - Rio+20 - Renata Giraldi e Carolina Gonçalves
- Enviadas especiais da Agência Brasil - Rio
de Janeiro – No quarto dia de discussões
na Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20),
os negociadores entram hoje (16) em uma nova etapa
de debates. A partir deste fim de semana, por recomendação
do Brasil, que assumiu o comando das negociações,
serão feitas consultas informais em quatro
grupos temáticos na tentativa de negociar
o fim dos impasses até o dia 19 – véspera
das reuniões de cúpula dos chefes
de Estado e de Governo.
A
ideia é encaminhar aos líderes políticos
um documento com o mínimo de controvérsias.
O Brasil quer esgotar as tentativas na busca de
consenso. Ontem (15) os negociadores fizeram duas
etapas de reuniões. Os brasileiros informaram
que não aceitarão mais mudanças
de forma, apenas de conteúdos específicos.
Os
esforços serão para concentrar as
atenções sobre os temas-chave que
não obtiveram consenso até ontem.
Há projeções para quatro grandes
grupos temáticos. Um que se refere aos meios
de implementação, que são as
definições de metas para curto, médio
e longos prazos. O segundo grupo deve discriminar
as ações para a governança
global.
O
terceiro grupo temático está incumbido
de definir as metas relativas ao desenvolvimento
sustentável em si, como água e energia,
enquanto o último deve apresentar o texto
da proposta final sobre economia verde. A interpretação
e os detalhes sobre o que é economia verde
geraram momentos de tensão nas últimas
horas, pois negociadores de países ricos
e em desenvolvimento divergem sobre essas especificidades.
As
divergências estão em seis pontos:
as questões relativas às definições
de metas, como compromissos formais no que se refere
ao desenvolvimento sustentável, as garantias
de recursos para a execução das propostas
e meios de assegurar transferência de tecnologias
limpas, assim como a discriminação
de recursos para as propostas sugeridas e a inclusão
de economia verde de forma detalhada.
No
dia 14 à noite, os países em desenvolvimento
que integram o grupo do G77 abandonaram as discussões
sobre economia verde como forma de pressionar os
países ricos a aceitarem a fixação
de mais recursos financeiros. Porém, as delegações
dos Estados Unidos, do Canadá, do Japão,
da Austrália e de alguns países europeus
resistem, por motivações internas,
às medidas que envolvem dinheiro.
Os
negociadores dos países ricos argumentam
que os impactos da crise econômica internacional
os impedem de avançar sobre os temas relacionados
a mais recursos e há, ainda, restrições
no que se refere à proposta de transferência
de tecnologias limpas – que envolvem negociações
sobre patentes.
Fonte: Agência Brasil