17/06/2012
- 18h10 - Rio+20 - Da Agência Brasil - Rio
de Janeiro – Cerca de 80 índios de
várias etnias visitaram hoje (17) a quadra
do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, em Ramos,
na zona norte da cidade. O objetivo do encontro,
promovido pela prefeitura do Rio, foi a integração
cultural e artística, além de apresentar
aos índios a história do samba.
Em
troca, os índios presentearam o Cacique de
Ramos com uma tora de cerca de 140 quilos, que faz
parte de uma dança indígena, e ficará
ao lado da tamarineira, árvore símbolo
do bloco carnavalesco, um dos mais tradicionais
do Rio de Janeiro.
Os
índios estão na cidade para participar
das discussões da Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio+20), que termina no próximo sábado
(23). Eles estão instalados na Aldeia Kari-Oca,
montada na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá,
zona oeste da cidade.
Durante
a cerimônia, o líder da aldeia, Marcos
Terena, informou que a Carta Indígena da
Kari-Oca 2012, que contém recomendações
a respeito da economia verde, sustentabilidade e
a necessidade de demarcação dos territórios
indígenas, será anunciada amanhã
(18) por volta do meio-dia. De acordo com Terena,
esse horário foi escolhido em virtude dos
costumes indígenas.
"Ela
[a carta] está sendo debatida hoje, com os
últimos acertos lá na Aldeia Kari-Oca.
Hoje à noite ela vai ser abençoada
em uma cerimônia especial e amanhã
(18), ao meio-dia, a gente vai anunciar, porque
o Sol tem muito a ver com a espiritualidade que
estamos trazendo aqui para o Rio de Janeiro",
disse.
Segundo
Terena, em meados do próximo ano, o Rio de
Janeiro sediará os primeiros Jogos Mundiais
Indígenas, dos quais participarão
12 países, com disputas em modalidades tradicionais,
como futebol e remo. "Temos a responsabilidade
de organizar como uma resposta ao modelo de Olimpíada,
que é essencialmente competitiva, porém,
queremos aos povos indígenas que o mais importante
é a celebração. A competição
existe, mas ela não menospreza o segundo
lugar", completou.
Pela
primeira vez no Rio de Janeiro, um dos líderes
da tribo indígena Kayapó, do estado
do Pará, Bepkarunhti, contou que ficou emocionado
ao conhecer a quadra da escola. "É muito
emocionante ter encontrado o Cacique de Ramos. Fico
muito feliz em poder trazer meu povo para conhecer
a escola de samba, saber como é feito o carnaval."
Para
outro líder indígena, o cacique Raoni
Pataxó, originário da Bahia, a questão
ambiental é a mais importante na carta. Segundo
ele, o território indígena está
sendo ocupado pelos investimentos de grandes empresas.
"Queremos colocar nossas decisões, nosso
ponto de vista na Rio+20. Sabemos o que é
bom para nós, e não são aquelas
pessoas que estão no poder que vão
falar por nós. Queremos tomar as nossas decisões
e que elas sejam respeitadas pelos representantes
de outros países", afirmou.
De
acordo com o presidente do bloco, Ubirajara do Nascimento,
a chegada dos índios tem grande importância
para a história do Cacique. A escolha de
um cacique como símbolo do bloco foi uma
forma de homenagear os índios brasileiros,
disse ele. "O índio brasileiro porque
ele precisava ser mais notado, mais procurado. As
influências culturais desse povo são
muito importantes em toda a história do Brasil.
Então, eles [os índios] são
pessoas pelas quais temos um respeito tremendo por
tudo o que representam para o brasileiro."
Durante
a visita à quadra do bloco, os índios
realizaram seus rituais de dança e mostraram
peças de artesanato às cerca de 50
pessoas que acompanharam o encontro, do qual participou
também o prefeito Eduardo Paes.
+
Mais
Rio+20
destaca erradicação da pobreza associada
ao desenvolvimento sustentável, proposta
defendida por Dilma
17/06/2012
- 11h45 - Rio+20 - Renata Giraldi e Carolina Gonçalves
- Enviadas especiais da Agência Brasil - Rio
de Janeiro – Surtiu efeito o alerta feito
pela presidenta Dilma Rousseff em eventos internacionais
e nas conversas com líderes políticos
estrangeiros de que só há desenvolvimento
sustentável com inclusão social e
erradicação da pobreza. A versão
preliminar do documento final da Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (Rio+20) destaca a necessidade
de esforços conjuntos para erradicar a pobreza,
mencionada nos seis capítulos, ao longo de
50 páginas.
O
texto alerta que uma em cada cinco pessoas no mundo
sofre com a falta de comida e que mais de 1 bilhão
de pessoas vivem em extrema pobreza. Pelo menos
14% da população mundial, segundo
o material preliminar, estão subnutridos.
“Reconhecemos que a população
mundial projetada para exceder 9 bilhões
em 2050, sendo que cerca de dois terços vivem
em cidades, precisamos aumentar nossos esforços
para alcançar o desenvolvimento sustentável,
em especial, a erradicação da pobreza
e da fome”, diz o texto.
No
documento, os negociadores advertem ainda que é
fundamental assegurar a governança global
e o Estado de Direito em níveis interno e
externo. Segundo o texto, é essencial manter
um ambiente favorável para garantir o desenvolvimento
sustentável inclusivo.
“Reafirmamos
que, para alcançar nossos objetivos de desenvolvimento
sustentável, precisamos de instituições
em todos os níveis que são eficazes,
transparentes, responsáveis e democráticas”,
diz.
A
versão preliminar alerta sobre melhorias
na redução da pobreza em algumas regiões,
mas adverte: “o progresso tem sido desigual
e o número de pessoas vivendo na pobreza
em alguns países continua aumentando”.
Segundo os negociadores, as mulheres e crianças
são as principais vítimas da pobreza.
“Enfatizamos
a necessidade de ampliar as oportunidades de emprego
e renda para todos, especialmente, para mulheres
e homens que vivem na pobreza. Apoiamos os esforços
nacionais para proporcionar novas oportunidades
de emprego para os pobres em áreas rurais
e urbanas, incluindo o apoio às pequenas
e médias empresas”, diz o texto.
Fonte: Agência Brasil