17/06/2012
- 19h14 - Rio+20 - Carolina Gonçalves e Renata
Giraldi - Enviadas especiais da Agência Brasil
- Rio de Janeiro – Os 115 chefes de Estado
e de Governo que participarão da Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (Rio+20) receberão um
documento fechado e já acordado. Caberá
a eles discutir questões mais amplas, como
o futuro do planeta e a sustentabilidade, e como
cada um observa a execução dessas
ações. O secretário executivo
da Rio+20, Luiz Alberto Figueiredo Machado, rechaçou
hoje (17) a hipótese de um texto inconclusivo
ser entregue aos líderes políticos.
“O
documento não irá para chefes como
está [referindo-se ao rascunho fechado ontem].
É para ser fechado antes do início
da conferência [até amanhã à
noite]. Os chefes vão debater [vários]
temas que sempre debatem, em quatro mesas-redondas,
eles discutirão como implementar as decisões
[definidas no documento]”, disse o embaixador.
Segundo
Figueiredo Machado, os chefes de Estado e de Governo
vão discutir o que seus países fazem
na área de desenvolvimento sustentável
e como cada um vê a situação
global envolvendo o tema. Ele reiterou que o documento
deverá ser fechado até amanhã
à noite.
A
resistência de norte-americanos e de vários
representantes de países ricos aos itens
relativos à proteção dos oceanos,
segundo o embaixador, não impede que o tema
venha a ser colocado no texto final. De acordo com
ele, a estratégia envolve argumentos e linguagens
adequados. Para Figueiredo Machado, as negociações
sobre oceanos caminham de forma pontual.
Apesar de o rascunho excluir vários assuntos
conflitantes e reduzir o texto a 50 páginas,
o embaixador disse que o documento deve ser visto
como um avanço. “O texto não
só impede retrocessos como traz avanços
em várias áreas, como criar objetivos
de desenvolvimento sustentável. E isso marcará
a cooperação internacional nas próximas
décadas. Isso não é pouca coisa”,
disse ele.
Porém,
Figueiredo Machado reconheceu que as dificuldades
envolvendo os financiamentos, as definições
sobre metas a curto, médio e longo prazos,
além da criação de um organismo
para agregar o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) persistem. No
entanto, o embaixador minimiza as dificuldades informando
que o clima “é positivo e conciliador”.
“O
clima é muito bom nesses grupos de negociação
porque todos estão aqui para chegar a um
resultado. Há um clima de apoio ao Brasil
e de reconhecimento dos esforços brasileiros.
Percebemos isso em todos os níveis da negociação”,
disse Figueredo Machado.
+
Mais
Texto
da Rio+20 não mostra desejo de provocar mudanças
radicais, diz ex-representante da ONU
17/06/2012
- 18h55 - Rio+20 - Vitor Abdala - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro –
O ex-representante da Organização
das Nações Unidas (ONU) para mudanças
climáticas, Yvo de Boer, disse hoje (17)
que o texto final da Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio+20), que ainda está sendo negociado,
não mostra o “desejo de realmente provocar
mudanças radicais”. Professor da Universidade
de Maastrich, na Holanda, o especialista disse que
o texto traz apenas reafirmações de
crenças que vêm sendo repetidas há
20 anos.
“Quando
li o texto na manhã de hoje, vi que infelizmente
ainda falta o desejo de realmente provocar uma mudança
fundamental e radical, que precisamos ver. Se quisermos
lidar com esses assuntos não resolvidos de
sustentabilidade, temos que ir além de afirmações.
Não vamos resolver esses problemas globais
apenas com reafirmações de crenças.
Precisamos de uma mudança fundamental de
direção”, disse.
De
acordo com De Boer, nos próximos anos, com
o aumento populacional, o mundo terá que
lidar com o crescimento da demanda por energia,
pelos alimentos e pela água. O desafio será
maior por causa das mudanças climáticas,
que poderão reduzir as terras disponíveis
para a agricultura e as reservas de água.
Fonte: Agência Brasil