17/06/2012
17:55 - CNO Rio+20 - Propostas serão levadas
a chefes de estados - Os exemplos de pequenas comunidades
baseadas na agricultura de subsistência que
venceram a condição de pobreza por
meio da adoção de um modelo verde
e de inovações tecnológicas
foram uma inspiração para os dez palestrantes
do debate "O Desenvolvimento Sustentável
para o combate à pobreza", na noite
de sábado. O tema marcou o encerramento do
primeiro dia dos Diálogos para o Desenvolvimento
Sustentável, uma série de encontros
com representantes da sociedade civil, comunidade
acadêmica e científica e setor privado.
Em sua apresentação, o economista
indiano Pavan Sukhdev lembrou que 60% das terras
do planeta é ocupada por pequenas fazendas
e que um terço da população
mundial depende da agricultura como meio de vida.
Sukhdev afirmou que as inovações tecnológicas
podem aumentar o retorno financeiro dos pequenos
agricultores em até 80%.
"Existem
formas acessíveis de melhorar a produção
e tornar as fazendas ecologicamente amigáveis",
disse. Diretora de um centro de estudos para políticas
sociais, a chinesa Tuan Yang lembrou que o modo
de produção sustentável e a
adoção de um modelo verde de segurança
alimentar pelas cooperativas rurais melhoraram muito
as condições de vida em pequenas comunidades
de seu país.
O produtor argentino Victor Trucco citou avanços
tecnológicos para melhorar o solo e o resultado
da produção. "O uso da semeadura
não-hostil mudou o paradigma da produção
e possibilitou que os agricultores possuam um bom
nível de vida através de seus próprios
meios", explicou. A equação,
lembrou Trucco, possibilitou que se formasse pequenas
comunidades urbano-rurais no interior da Argentina,
com população em torno de 10 a 15
mil pessoas, com boa gama de serviços, sem
aumentar a migração para as metrópoles.
A presidente da Federação Peruana
de Trabalhadoras Rurais, Lourdes Atencio, também
defendeu a busca de qualidade de vida no campo.
"A migração do campo para a cidade
não pode ser uma meta, assim como os nossos
estudantes e pesquisadores não deveriam sair
da faculdade com o intuito exclusivo de ganhar dinheiro,
mas de também ajudar os outros", disse,
bastante aplaudida.
A
ideia de dedicar uma parcela maior de pesquisas
para buscar a igualdade e não apenas a competitividade
também foi ressaltada pela professora uruguaia
Judith Sutz e pela ex-ministra brasileira do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome Márcia Lopes.
Com um discurso mais duro, o professor português
Boaventura de Sousa Santos lembrou que o mercado
não deve ser a única forma do homem
de lidar com a natureza. Mais do que a erradicação
da pobreza, Boaventura defendeu que a sociedade
deveria lutar contra a concentração
de renda e desigualdade e pregou uma reforma do
sistema político. Já o indiano Manish
Bapna, presidente do World Resources International
(WRI), citou a Primavera Árabe para reforçar
a importância de dar voz e dignidade para
os menos favorecidos. Uma relação
de boa governança, em sua visão, é
crucial para aumentar a participação
dos pobres e dar um passo na direção
do desenvolvimento sustentável.
Mais do que propor uma solução global,
Severn Cullis-Suzuki salientou que é importante
respeitar a diversidade encontrada em comunidades
espalhadas mundo afora. A ativista canadense lembrou
que algumas comunidades não-integradas ao
sistema econômico mundial ensinam que é
possível viver bem sem grandes ganhos financeiros,
uma experiência vivida em primeira mão
pelo líder indígena Marcos Terena.
"Não
conhecíamos o conceito de pobreza",
disse. "Não tínhamos dinheiro,
mas não passávamos fome, nem nos faltava
água ou comida. Temos que produzir dignidade
e honra".
No fim do encontro, foram apresentadas as três
recomendações mais votadas pelo público
e debatedores entre uma seleção inicial
de dez sugestões, selecionadas previamente
em uma eleição online com a participação
de 63 mil pessoas.
As
escolhidas foram a promoção de educação
em nível global, o incentivo a inovações
comunitárias e a garantia de cobertura de
saúde universal para erradicar a pobreza
e atingir o desenvolvimento sustentável.
As três ideias serão levadas para apreciação
dos Chefes de Estado e de Governo durante o Segmento
de Alto Nível da Rio+20, que acontece entre
os dias 20 e 22.
Sobre os Diálogos para o Desenvolvimento
Sustentável
Os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável
iniciaram-se no sábado, 16 de junho, e se
estendem até o dia 19 na plenária
do Pavilhão 5 do Riocentro. Serão
dez rodadas de discussão, com dez participantes
em cada uma, que abordarão temas prioritários
da agenda internacional de sustentabilidade. A cada
rodada, três propostas serão escolhidas,
uma pelos palestrantes, uma pelos participantes
da sessão e uma pelos internautas. As trinta
sugestões mais votadas serão levadas
diretamente aos Chefes de Estado e de Governo presentes
na Conferência.
São dez os temas dos Diálogos:
i
Desemprego, trabalho decente e migrações;
ii
Desenvolvimento Sustentável como resposta
às crises econômicas e financeiras;
iii
Desenvolvimento Sustentável para o combate
à pobreza;
iv Economia do Desenvolvimento Sustentável,
incluindo padrões sustentáveis de
produção e consumo;
v
Florestas;
vi
Segurança alimentar e nutricional;
vii
Energia sustentável para todos;
viii
Água;
ix
Cidades sustentáveis e inovação;
e (x) Oceanos.
+
Mais
Secretário-Geral
da Rio+20 abre debate sobre China no Parque dos
Atletas
17/06/2012
19:20 - China, Rio de Janeiro, Sha Zukang - CNO
Rio+20 - O Secretário-Geral da Rio+20, Sha
Zukang, participou neste domingo à tarde,
17 de junho, da abertura do debate “Meeting
Challenges for the Urban Future” (Respondendo
aos Desafios para o Futuro Urbano). O evento foi
no Pavilhão da China, no Parque dos Atletas,
na Barra da Tijuca.
O
encontro reuniu especialistas para discutir o modelo
chinês de crescimento, com ênfase nas
metas atingidas, lições aprendidas
e as dificuldades encontradas durante esse processo.
Nascido
em Xangai, uma das cidades com a maior taxa de crescimento
do mundo, Sha Zukang destacou que as cidades têm
de encontrar uma identidade muito clara.
“O
Rio de Janeiro é um exemplo ótimo
de identidade clara. Se o Rio de Janeiro fosse similar
a Nova York, por exemplo, quem estaria interessado
em conhecer a cidade?”, questionou.
Fonte: CNO Rio+20