17/06/2012
- Uma série de políticas transformadoras
e inspiradoras de iniciativa de cidades e governos
locais, que podem ajudar a criar um século
21 sustentável, foi destacada em um relatório
divulgado neste sábado (16/06) pelo ICLEI
– Governos Locais pela Sustentabilidade e
o Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente (PNUMA).
O
Panorama Ambiental Global 5 (Global Environment
Outlook) – GEO-5 para Governos Locais cita
dezenas de políticas, desde sistemas “de
estabelecer um teto e negociar” (Cap and Trade)
em Tóquio até a gestão ambiental
em Windhoek, na Namíbia, que mostram que
a ação transformadora no nível
local pode contribuir com as metas globais e retardar
ou interromper a degradação ambiental.
O
relatório afirma que os governos locais têm
papel central no desenvolvimento sustentável,
moldando a transição para uma economia
verde, e faz recomendações que podem
apoiar esse trabalho e ajudar a transferência/transposição
de suas políticas bem sucedidas para outras
cidades e países.
O
estudo, lançado recentemente, é um
relatório complementar ao GEO-5, uma avaliação
abrangente sobre a situação do meio
ambiente, coordenada pelo PNUMA.
O
relatório GEO-5 adverte que se a humanidade
não mudar urgentemente seus padrões
insustentáveis de produção
e de consumo de recursos naturais, os governos deverão
lidar com níveis de danos e degradação
sem precedentes.
Cidades
e governos locais, que já se ressentem de
muitas tensões ambientais, terão que
enfrentar novos desafios, principalmente frente
ao crescimento das populações e da
urbanização, identificadas pelo GEO-5
como as principais impulsionadoras da mudança
ambiental.
A
segurança energética, o acesso à
água e ao saneamento, e a biodiversidade
podem ser afetados de forma negativa pelo crescimento
das cidades, a menos que os governos locais os inclua
no plano diretor de expansão urbana.
Apesar
dos desafios, cidades e governos locais têm
estado no centro dos esforços para responder
às mudanças ambientais mesmo quando
a resposta global e nacional continua fraca.
“O
mundo é rico em políticas, iniciativas
e projetos locais e, na ausência de uma ação
internacional forte, suas respostas representam
sinais de esperança”, disse o Subsecretário-Geral
da ONU e Diretor Executivo do PNUMA, Achim Steiner.
“Por exemplo, a mudança climática
foi um ponto focal para uma ação local
antes mesmo da introdução de mecanismos
internacionais sobre o clima.”
O
GEO-5 afirma que é possível alcançar
um ambicioso conjunto de metas de sustentabilidade
até meados do século se as políticas
e estratégias atuais forem modificadas e
reforçadas. Muitos dos exemplos de sucesso
no relatório foram realizações
de âmbito local de cidades e metrópoles
onde reside mais da metade da população
mundial.
O
levantamento desses estudos de casos são
feitos para os governos locais e incluídos
no relatório do ICLEI como destaques das
melhores políticas e como incentivo às
cidades e governos locais para que continuem a agir.
Para acelerar a realização do desenvolvimento
sustentável e das metas acordadas internacionalmente,
o governo local deve ser apoiado por uma liderança
global e nacional sobre o meio ambiente.
“As
cidades e os governos locais desempenham um papel
importante no fornecimento de exemplos que podem
ser replicados, e portanto contribuição
deles para atingir objetivos e metas deve ser reconhecida
como fundamental”, declarou Konrad Otto-Zimmermann,
secretário-geral do ICLEI – Governos
Locais pela Sustentabilidade. “Eles já
estão mostrando que mudanças radicais
são possíveis, e que os líderes
mundiais podem aproveitar essas conquistas na Rio+20.”
Seguem
alguns exemplos de políticas e ações
bem-sucedidas por cidades e governos locais destacados
no relatório:
?Uma
parceria público-privada em Pangkalpinang,
Indonésia, transformou uma antiga área
de mineração de estanho em um jardim
botânico com novos serviços ecológicos,
incluindo abastecimento de água para as comunidades
locais
?Tóquio desenvolveu um sistema verde de “estabelecer
um teto e negociar” para o programa Green
Buildings (Edifícios Verdes) para reduzir
as emissões de carbono em 25% até
2020, comparado com os níveis de 2000
?Bonn, na Alemanha, está promovendo a aquisição
de bens e serviços sustentáveis, atuando
como catalizadora nos esforços de adoção
do verde pelas cadeias de abastecimento às
margens do perímetro urbano.
?Bogotá, na Colômbia, foi pioneira
no ordenamento criativo e integrado do uso do solo
e é conhecida pelo seu sistema de ônibus
expresso
?Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, aplicou
a administração costeira integrada,
estabelecendo limites para o desenvolvimento urbano
– isolando as áreas críticas
e definindo as áreas preservadas.
?San José, nos Estados Unidos, introduziu
uma política de construção
verde para reduzir o consumo de energia e água
em novos projetos de construção residencial,
comercial e industrial
?A câmara municipal de Windhoek, na Namíbia,
introduziu um plano de gestão ambiental para
proteger o abastecimento de água na barragem
de Goreangab da contaminação por um
assentamento informal em expansão.
Conclusões e recomendações
O relatório mostra que as autoridades locais
desempenham um papel crucial na implementação
de acordos ambientais multilaterais, facilitando
a transição das economias das cidades
para economias urbanas verdes e também para
definir objetivos e metas mais ambiciosos de desenvolvimento
sustentável.
O
relatório faz as seguintes recomendações
específicas:
?Metas
globais, que devem ser mensuráveis, precisam
ser complementadas com metas nacionais, regionais
e locais
?Os governos nacionais precisam ser mais receptivos
às demandas locais, modificando dispositivos
institucionais, de procedimentos e outras disposições,
além de fornecer suporte jurídico,
técnico ou financeiro necessário localmente
?Na ausência de objetivos, metas e diretivas
nacionais, os governos locais ainda assim devem
tomar medidas para apoiar o desenvolvimento de objetivos
de âmbito nacional
?Capacidade local e a criação de condições
são necessárias para promover um desenvolvimento
urbano sustentável, particularmente onde
houver/se estiver ocorrendo rápida urbanização
?Estruturas e processos organizacionais, institucionais,
jurídicos e políticos que promovam
o planejamento e a implementação são
necessários para evitar a degradação
ambiental e gerar flexibilidade urbana e comunitária.
Fonte: ONU