18/06/2012
- 23h32 - Rio+20 - Carolina Gonçalves e Renata
Giraldi - Enviadas especiais - Rio de Janeiro –
Mais de 12 horas de negociações hoje
(18) na Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
a Rio+20, e a crise financeira internacional é
tida como uma das principais ameaças ao avanço
pela busca por consenso para concluir o documento
final da conferência. Os negociadores esperam
fechar o texto até o final desta noite ou,
no mais tardar, na madrugada de amanhã (19).
A ideia é concluir o texto para ser entregue
aos chefes de Estado e Governo, que se reúnem
de 20 a 22 de junho.
Para
alguns observadores do processo, o resultado final
das negociações deverá ser
um texto com uma linguagem clara, mas sem muitos
detalhes, trazendo projeções para
o futuro em áreas específicas. Segundo
eles, ocorrerão poucos avanços em
relação aos compromissos firmados
há duas décadas, durante a Rio92.
No
entanto, em decorrência das dificuldades internas
alegadas por países desenvolvidos, negociadores
dão como certo o adiamento dos itens referentes
às responsabilidades comuns e diferenciadas
das nações. Neles, a previsão
era definir metas de desenvolvimento sustentável.
A expectativa, no começo das negociações,
era reafirmar os compromissos.
As
responsabilidades das economias sobre os novos padrões
de desenvolvimento esbarra, por exemplo, no formato
em que se dará o fortalecimento do Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Pnuma). Por falta de consenso em torno da criação
de um organismo autônomo da ONU para cuidar
das questões ambientais, os negociadores
acordaram em redesenhar o programa já existente.
Até
o acordado fortalecimento do Pnuma sofre impactos
da crise econômica mundial. Em lados opostos,
o G77 (formado pelo Brasil e os demais países
em desenvolvimento) pedem recursos adicionais para
garantir maior fôlego ao programa.
Do
outro lado, representantes das nações
mais ricas ratificam que não dispõem
de condições para o comprometimento
na definição e planejamento mencionando
cifras precisas. Os negociadores disseram que a
disposição dos delegados de países
desenvolvidos tem se limitado à prontificação
de identificar possíveis fontes para esse
financiamento.
No
começo das negociações, a Comissão
de Meio Ambiente da União Europeia indicou
que pretendia reforçar a mensagem sobre o
momento financeiro pessimista.“Se tiver que
colocar dinheiro, vamos colocar”, disse o
comissário de Meio Ambiente do bloco, Janez
Potocnik, condicionando a disposição
apenas a situações consideradas concretas
e acertadas pelos europeus.
Segundo
negociadores, entre as quatro paredes das salas
do Pavilhão 3, do Riocentro, onde concentram-se
os debates em torno do texto final da Rio+20, representantes
europeus também resistem a tratar de cifras,
assim como norte-americanos, canadenses, australianos
e japoneses. Mas, ao menos, europeus sinalizam com
a predisposição em definir prazos.
+
Mais
ONGs
e movimentos sociais que participam da Cúpula
dos Povos cobram transparência do BNDES
18/06/2012
- 18h05 - Rio+20 - Isabela Vieira - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro –
Organizações da sociedade civil esperam
ter mais informações, por meio da
nova Lei de Acesso à Informação,
sobre empresas e projetos que recebem financiamento
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES). A lei vigora desde o mês
passado e obriga órgãos públicos
a divulgar dados sobre sua atuação
e gastos.
Uma
manifestação com centenas de pessoas
segue em direção ao BNDES, no centro
do Rio. Elas protestam contra empréstimos
a projetos que afetam o meio ambiente, como as usinas
hidrelétricas na Amazônia e frigoríficos
“que usam bois criados em áreas de
desmatamento”, segundo o Movimento Brasil
pelas Florestas, um dos organizadores.
Em
entrevista à Agência Brasil, o representante
da Associação Brasileira de Organizações
Não Governamentais (Abong), Ivo Lesbaupin,
criticou a dificuldade de acesso aos dados do BNDES.
“Temos muito esperança com a Lei de
Acesso à Informação. Até
hoje, a gente não sabia e o BNDES não
fornecia [o nome das] as empresas financiadas, o
montante e as condições do empréstimo”,
disse.
O
representante do Fórum Brasileiro de ONGS
e movimentos sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
(FBOMs), Marcelo Cardoso, acrescentou que o BNDES
precisa adotar indicadores claros e eficientes de
sustentabilidade. “Não é desenvolvimento
pelo desenvolvimento”, declarou o ativista.
Para ele, é preciso assegurar o retorno socioaambiental
da obra.
“A
grande questão são os indicadores.
Os financiamentos carecem dessa garantia. A gente
tem que saber se essas obras terão efetivo
retorno para pequenas populações,
para as populações mais atingidas
pelo projeto, e colocá-los [os indicadores]
em prática no financiamento das corporações”,
completou Cardoso, durante entrevista na Cúpula
dos Povos, no Aterro do Flamengo.
Amanhã
(19), o FBOMs vai apresentar uma avaliação
sobre as negociações do documento
que deve sair das discussões da Conferência
das Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento
Sustentável, Rio+20, no Riocentro, com uma
série de compromissos dos governos. Dois
representantes que participam das negociações
farão o balanço na Cúpula dos
Povos, logo no início da manhã desta
terça-feira.
Fonte: Agência Brasil