18/06/2012
- 22h01 - Rio+20 - Renata Giraldi - Enviada Especial
da Agência Brasil - Rio de Janeiro –
Em meio às polêmicas que cercam o documento
final da Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
Rio+20, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome, Tereza Campello, comemora o que considera
uma vitória: a erradicação
da pobreza como destaque no texto.
Em
entrevista à Agência Brasil, a ministra
ressaltou que só há desenvolvimento
sustentável com inclusão social e
que um depende do outro. Para Tereza Campello, a
conferência já apresentou efeitos ao
colocar o assunto em debate, em todas as discussões.
“Felizmente, o homem veio para o centro das
discussões, o que pode ser a chave do sucesso
ou do fracasso”, disse. Segundo ela, as queixas
sobre os impactos causados pela crise econômica
internacional não podem se transformar em
um retrocesso social.
Agência
Brasil (ABr) - Há uma série de polêmicas
no texto, mas a defesa da erradicação
da pobreza é destaque no documento como um
todo, o que significa isso para a senhora?
Tereza Campello – É uma vitória,
pois o combate à pobreza está no centro
da agenda [da conferência] que antes tratava
exclusivamente da preservação da natureza.
O homem [o ser humano] não pode ser excluído
das discussões. Não há como
falar de sustentabilidade e não mencionar
o homem. Felizmente, o homem veio para o centro
das discussões, o que pode ser a chave do
sucesso ou do fracasso da salvação
do planeta, depende dos esforços [feitos
por todos].
ABr
– Nas negociações sobre o documento
final, os países ricos alegam dificuldades
financeiras devido à crise econômica
internacional. Será que pode haver um retrocesso
na agenda social por isso?
Tereza Campello – O retrocesso ocorre quando
há quem acredita que se combate recessão
com recessão, restringindo, por exemplo,
o consumo. Nós, no Brasil, não acreditamos
que se combate com a recessão com o corte
de gasto público e corte de renda. Também
não acreditamos que se use a crise para retroceder
na área ambiental. O combate à pobreza
é uma forma de ajudarmos pobres e ricos a
sair da crise porque mantemos uma demanda firme
e mantemos uma economia e um país aquecidos.
ABr
– Há uma expectativa de que seja incluído
o piso socioambiental no documento final da conferência,
estimulando a preservação em áreas
protegidas por meio de repasses de benefícios
para quem vive na região. É possível
manter essa previsão?
Tereza Campello – É um conceito que
precisa ser bastante desenvolvido, o Brasil já
tem o seu Bolsa Verde, mas nós achamos que
tem outras possibilidades sejam discutidas. É
fundamental ter um piso de preservação
social e ambiental, apoiando as famílias
que estão nessas áreas, para que elas
saiam da pobreza e ajudem a natureza. Queremos que
esse piso esteja explícito no documento e
queremos que saia uma agenda [concreta] no documento.
Isso tudo para começar a construir logo esse
processo que precisa ser efetivado.
ABr
– A senhora consegue ser otimista sobre os
esforços conjuntos como metas no documento
final da Rio+20?
Tereza Campello – A pobreza passou a entrar
no debate. Combate à pobreza e preservação
ambiental, se andarem juntos, isso muita gente está
convencida. Então, eu acho que já
é uma conquista da Rio+20. Isso ninguém
tira. Já está no debate público.
Pelo o que nós temos aqui, em todas as redes
isso está sendo debatido. É um ganho
para o conjunto dos atores que estão envolvidos
no processo. Isso já virou uma preocupação.
ABr
– Os programas de transferência de renda
do Brasil ganham destaque na imprensa internacional,
mas despertam a atenção das autoridades
estrangeiras também?
Tereza Campello – Muito. Em média,
são duas delegações por semana
[interessadas em conhecer os programas de transferência
de renda]. Só no ano passado, mais de 80
delegações estrangeiras nos procuraram
querendo conhecer os programas de transferência
de renda. Há várias experiências
são replicáveis, porque há
algumas questões que são peças-chave.
Essa ideia de que as pessoas devem ter um mínimo
de renda para sobreviver, e que isso é bom
para tirá-las da pobreza e também
para a economia, pode levar a várias versões.
Hoje, a gente pode dizer sem medo que isso não
é um gasto e que não atrapalha, ao
contrário, que isso ajuda as pessoas e ajuda
que a economia funcione.
+
Mais
Partidos
verdes exigem engajamento de líderes mundiais
na agenda sustentável
18/06/2012
- 18h37 - Rio+20 - Vladimir Platonow - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro –
Os líderes mundiais devem se comprometer
com uma agenda ambiental sustentável, sob
pena de verem aumentar nas ruas a mobilização
popular. A advertência é de representantes
de partidos verdes de 36 países, reunidos
na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)
durante a Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
Rio+20.
O
coordenador internacional da Federação
Mundial dos Partidos Verdes, Jean Rossiaud, ressaltou
que é hora dos governantes agirem. “Basta
com esse modelo que vai nos levar à catástrofe
e ao fracasso. Estamos convencidos que o problema
é muito maior do que imaginávamos
em 1992. Agora é o momento da ação”,
enfatizou Rossiaud.
A
senadora do Partido Verde da Austrália Larissa
Waters lamentou as ausências de importantes
líderes mundiais na Rio+20. “Eu estou
muito desapontada que vários líderes
não levaram a Rio+20 mais a sério,
pois é uma conferência crucial. É
uma vergonha que esses líderes não
tenham vindo. Eu entendo que eles pudessem ter outros
compromissos, mas nada é mais importante
que o futuro deste planeta”, disse Larissa.
A
ambientalista Pilar Barraqueta, integrante do partido
espanhol Equo, que reúne cerca de 50 grupos
verdes, criticou os avanços obtidos até
o momento na Rio+20. “Estou vendo as negociações
com desesperança. Viemos com muitas ilusões,
porque pensamos que estávamos mais avançados
e vimos que os governos e a indústria continuam
com o poder de decidir.”
O
presidente nacional do PV, deputado federal José
Luiz Penna (PV-SP), disse que o sucesso da Rio+20
não deverá ser medido pelo documento
final, mas pelo significado da mobilização
popular. “Não vejo possibilidade de
fracasso. O fato de estarmos juntos pensando no
futuro é importante sempre. Aqui está
fervilhando ideias e, certamente, sairão
diretrizes importantes”, avaliou Penna.
Para
a deputada estadual do PV do Rio de Janeiro Aspásia
Camargo, seria importante a inclusão do conceito
do Produto Interno Bruto (PIB) verde, no documento
final da conferência. “Nós queremos
a contabilidade ambiental, o PIB verde. Atualmente,
o PIB mede a produção de um país,
que pode ser a mais destrutiva possível.
Se derrubarem uma floresta, isso conta como positivo.
O que nós queremos é que o PIB inclua
a preservação dos recursos naturais
como um fator de riqueza. Porque se destruirmos
uma floresta hoje, pode ser que o PIB aumente. Mas
daqui a dez anos, vamos estar com esse terreno desertificado
e o PIB vai cair”, disse Aspásia.
Os
representantes dos partidos verdes pretendem entregar
aos líderes mundiais, que estarão
reunidos a partir da próxima quarta-feira
(20) no Riocentro, um documento intitulado Resolução
a Respeito da Cúpula Rio+20. Entre outras
recomendações, os verdes sugerem a
transformação do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em uma Organização
Mundial de Meio Ambiente, com orçamento próprio
e maior poder de decisão.
Fonte: Agência Brasil