18/06/2012
18:45 - CNO Rio+20 - Sétima rodada de debates
definiu três propostas sobre o tema - O tema
Energia Sustentável para Todos reuniu dez
debatedores, brasileiros e estrangeiros, entre acadêmicos,
empresários e representantes de Organizações
Não-Governamentais na primeira sessão
dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável,
nesta segunda-feira, dia 18 de junho. Do encontro,
saíram três recomendações
que serão apresentadas aos Chefes de Estado
e de Governo durante o Segmento de Alto Nível
da Rio+20, que se inicia no próximo dia 20.
Estabelecer
metas ambiciosas para avançar o uso de energias
renováveis. Esta foi a proposta eleita pelos
cerca de dois mil membros da sociedade civil presentes
no Riocentro. Tomar medidas concretas para eliminar
subsídios a combustíveis fósseis
foi a recomendação eleita pelas votações
realizadas pela Internet, encerradas no dia 15 de
junho. Os debatedores, por sua vez, estabeleceram
uma nova recomendação: incrementar
investimentos e vontade política para garantir
acesso universal, igualitário e barato a
serviços de energia sustentável para
todos até 2030.
O
acesso universal à energia foi considerado
o maior desafio no mundo de hoje. Além da
acessibilidade, os participantes destacaram a importância
de investimentos em eficiência energética,
assim como em energia renovável. “A
indústria da energia renovável movimenta
anualmente US$ 257 bilhões e gera cinco milhões
de empregos. Hoje, 17% da energia consumida no mundo
é renovável”, destacou a secretária-executiva
da empresa austríaca REN21, Christine Lins.
Defensor
da energia eficiente, o fundador do Ecofys Group,
Kornelis Blok, diz que o mundo pode depender somente
de energia sustentável até 2050. “Há
uma lacuna no futuro onde irá faltar óleo
fácil e barato.” O presidente da Raízen,
Vasco Dias, concorda. “Hoje são consumidos
80 milhões de barris de petróleo/dia.
Até 2050, seremos nove bilhões de
pessoas no planeta, consumindo 180 milhões
barris/dia. Combustíveis fósseis não
darão conta, o CO2 não seria absorvido
e o custo seria inviável”.
A
representante do Comitê-Diretor da Plataforma
Européia de Tecnologias da Biocombustíveis,
Sandrine Dixson-Declève, lembrou que já
existe tecnologia para a eficiência energética
e que o Brasil, por exemplo, já avançou
muito nesta área.
“O
que precisamos agora é de longevidade das
políticas, mapas e diretrizes sobre como
vamos nos afastar dos combustíveis fósseis.
Precisamos de mecanismos claros para o mercado e
metas para os investimentos”.
Um
exemplo de tecnologia existente é a utilização
de resíduos agrícolas. “O acesso
a combustíveis fósseis está
restrito a alguns países. Já a agricultura
é muito mais ampla”, complementou Thomas
Nagy, vice-presidente executivo da Novozymes.
O
diretor da COPPE-UFRJ e secretário-executivo
do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas,
Luiz Pinguelli Rosa, lembrou que o debate sobre
os subsídios para os combustíveis
fósseis deve considerar o objetivo do consumo.
“Se
é para colocar gasolina em carro particular,
eu sou contra. Mas, se é para gás
de cozinha – mais eficiente que lenha do desmatamento
– sou a favor.”
Nesta
mesma linha, o colombiano José Antonio Vargas
Lleras, vice-presidente do Conselho Mundial de Energia
(WEC) para América Latina e Caribe, destacou
o investimento anual entre US$ 400 bilhões
e US$ 600 bilhões em combustíveis
fósseis. “Apenas 5% ou 6% desses recursos
seriam suficientes para universalizar o acesso à
energia”.
Os
representantes do continente africano destacaram
essa importância. A secretária-executiva
do International Network on Gender and Sustainable
Energy, Sheila Oparaocha, sinalizou a existência
de 1,4 bilhão de pessoas no mundo que não
têm acesso a energia. Com a mesma preocupação
o CEO da Eskom, Brian Dames, destacou a meta de
acesso universal à energia até 2030.
“Precisamos de soluções integradas,
reunindo governo, setor privado e a população.”
A
diretora do The Climate Group para a região
da Grande China, Changhua Wu, mostrou-se otimista
com os avanços alcançados nos últimos
20 anos no setor energético. Segundo ela,
a Rio+20 é uma oportunidade importante para
que a comunidade mundial troque informações
na busca de inovações para a eficiência
energética.
Estrutura
dos Diálogos
Os
Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável
iniciaram-se no dia 16 e se estendem até
o dia 19 de junho na plenária do Pavilhão
5 do Riocentro. São dez rodadas de discussão,
com dez debatedores cada uma, que abordarão
temas prioritários da agenda internacional
de sustentabilidade. A cada rodada, três propostas
serão escolhidas, uma pelos palestrantes,
uma pelos participantes da sessão e uma pelos
internautas. As trinta sugestões mais votadas
serão levadas diretamente aos Chefes de Estado
e de Governo presentes na Rio+20.
São
dez os temas dos Diálogos:
(i)
Desemprego, trabalho decente e migrações;
(ii) Desenvolvimento Sustentável como resposta
às crises econômicas e financeiras;
(iii) Desenvolvimento Sustentável para o
combate à pobreza;
(iv) Economia do Desenvolvimento Sustentável,
incluindo padrões sustentáveis de
produção e consumo;
(v) Florestas;
(vi) Segurança alimentar e nutricional;
(vii) Energia sustentável para todos;
(viii) Água;
(ix) Cidades sustentáveis e inovação;
(x) Oceanos.
Fonte: CNO Rio+20