18/06/2012
16:00 - Diálogos, Florestas, Desenvolvimento
Sustentável - CNO Rio+20 - Quinta rodada
de debates definiu três propostas sobre o
tema, que serão apresentadas aos Chefes de
Estado e de Governo - Promover ciência, tecnologia,
inovação e conhecimento tradicional
como forma de enfrentar o principal desafio das
florestas: torná-las produtivas sem destruí-las.
Esta foi a proposta eleita pelos cerca de dois mil
membros da sociedade civil que participaram da reunião
dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável
que discutiu as florestas.
A
proposta deve ser apresentada aos Chefes de Estado
e de Governo durante o Segmento de Alto Nível
da Rio+20, que se inicia no próximo dia 20.
“Esta é uma participação
inédita da sociedade civil em conferências
da ONU. Milhões de pessoas em todo o mundo
fizeram mais de 850 recomendações
sobre o tema das florestas.” Foi com esta
declaração que, na tarde deste domingo,
dia 17 de junho, o moderador James Chau, da televisão
chinesa CCTV, abriu a sessão dos Diálogos
para o Desenvolvimento Sustentável sobre
Florestas.
O
encontro abordou a importância de valorizar
as florestas sem destruí-las e contou com
a participação de outros dez palestrantes
brasileiros e estrangeiros, entre acadêmicos,
empresários e representantes de Organizações
Não-Governamentais.
O cerne dos debates foi a discussão entre
zerar o desmatamento e promover o reflorestamento.
Yolanda Kakabadse, Presidente da World Wide Fund
for Nature (WWF), chamou a atenção
para a destruição florestal em compasso
alarmante e lançou a segunda recomendação,
aprovada pelos debatedores, que irá ao plenário
dos líderes mundiais: desmatamento zero até
2020.
“Governo,
sociedade e empresas devem assumir um compromisso
muito claro para eliminar o desmatamento do mundo.
Precisamos, como sociedade, reafirmar a decisão
de manter a floresta em pé”, defende
André Giacini de Freitas, Diretor Executivo
do Conselho de Manejo Florestal.
A professora da UFRJ, Bertha Becker, destacou que
70% da população amazônica vive
nos núcleos urbanos e que é preciso
fortalecer estes pequenos centros como prestadores
de serviços para produção e
organização das cadeias produtivas
sustentáveis. “É preciso alargar
os horizontes e perspectivas da população
local”, reforçou.
Estebancio
Castro Diaz, Secretário Executivo da Aliança
dos Povos Indígenas e Tribais das Florestas
Tropicais, reiterou a importância de incluir
os povos indígenas na definição
dessas políticas.
“Deve
haver uma interligação entre a proteção
das florestas e o interesse das populações,
seja por valor social, econômico ou espiritual”,
completou Lu Zhi, Diretora do Centro para Natureza
e Sociedade da Universidade de Beijing.
Christian Del Valle, Fundador do Althelia Ecosphere
e Climate Fund, defendeu a inclusão da devastação
no cálculo do PIB. “O capital humano
e o capital natural devem ser tão importantes
quanto o capital financeiro”, explicou.
O setor privado também foi apontado como
parte da solução. O empresário
Anders Hildeman, Diretor para Floresta da IKEA,
reforçou a importância de as empresas
seguirem normas sustentáveis e que a sustentabilidade
precisa estar ao alcance da população.
“As grandes empresas é que têm
o peso necessário para influenciar a forma
como a madeira é extraída.”,
afirmou.
O
Co-Presidente do Conselho de Administração
da Natura Cosméticos, Guilherme Leal, falou
da importância de promover a cultura da responsabilidade
social nas empresas. “Reconhecer esse valor
é aproveitar a oportunidade de empreender”,
acrescentou.
Além da proposta eleita pela sociedade civil
e a que foi elaborada pelos debatedores, uma teve
especial repercussão: restaurar, até
2020, 150 milhões de hectares de terras desmatadas
ou degradadas.
Esta
foi a recomendação eleita pelas votações
realizadas pela Internet, encerradas no dia 15 de
junho. “Fiquei exultante com a votação
dos internautas, pois é fundamental termos
soluções práticas e metas passíveis
de mensuração”, registrou Julia
Marton-Lefevre, Diretora-Geral da International
Union for Conservation of Nature (IUCN).
Defensor
do reflorestamento, sem desconsiderar a ameaça
do desmatamento, Klaus Töpfer, Diretor Executivo
do Instituto para Estudos de Sustentabilidade (IASS),
fechou o debate sinalizando a importância
de criar empregos nas regiões das florestas,
relacionados aos produtos florestais, para motivar
o desenvolvimento local. “Plantar árvores
é fazer a paz”, finalizou.
Estrutura dos Diálogos
Os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável
iniciaram-se no dia 16 de junho e estendem-se até
o dia 19 de junho na plenária do Pavilhão
5 do Riocentro. São dez rodadas de discussão,
com dez participantes cada uma, que abordarão
temas prioritários da agenda internacional
de sustentabilidade.
A
cada rodada, três propostas serão escolhidas,
uma pelos palestrantes, uma pelos participantes
da sessão e uma pelos internautas. As trinta
sugestões mais votadas serão levadas
diretamente aos Chefes de Estado e de Governo presentes
na Rio+20.
São
dez os temas dos Diálogos:
• Desemprego, trabalho decente e migrações;
• (ii) Desenvolvimento Sustentável
como resposta às crises econômicas
e financeiras;
• (iii) Desenvolvimento Sustentável
para o combate à pobreza;
• (iv) Economia do Desenvolvimento Sustentável,
incluindo padrões sustentáveis de
produção e consumo;
• (v) Florestas;
• (vi) Segurança alimentar e nutricional;
• (vii) Energia sustentável para todos;
• (viii) Água;
• (ix) Cidades sustentáveis e inovação;
• (x) Oceanos.
+
Mais
Fábrica
produz até 100 vassouras de PET por dia
18/06/2012
13:15 - CNO Rio+20 - Produtos feitos com PET preservam
o meio ambiente e, muitas vezes, o seu bolso
Quem acredita que o lixo é o fim de vida
de um produto vive no passado. Hoje, a partir dele
é possível criar novos artigos, atendendo
à demanda de um mercado consumidor consciente.
Essa
foi a ideia de Roberta Alves, 37 anos, mais conhecida
como Docinho. Há cinco meses, ela trocou
os 15 anos vividos como catadora de lixo pelo empreendedorismo.
“Percebi
uma oportunidade de negócio no lixão,
uma esperança em melhorar de vida. O material
coletado pode ser usado para a produção
de diversos produtos. Tive a ideia de fazer vassouras”,
explica Docinho.
Atualmente,
10 catadores de lixo fazem parte da equipe da empresária,
que produz até 100 peças por dia.
A ação desses profissionais é
uma prática cada vez mais frequente no Brasil.
Segundo levantamento realizado pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) , em abril
de 2012, há hoje entre 400 mil e 600 mil
catadores de materiais recicláveis em atividade
no país e pelo menos 1,1 mil organizações
coletivas.
Entre
alguns produtos que podem ser fabricados estão:
cabides, réguas, tubos, torneiras, telhas,
relógios, mármores sintéticos,
tintas, vernizes, roupas, edredons, mantas e tapetes.
São muitas vezes de melhor qualidade, custo
mais baixo e maior durabilidade.
Na
Rio+20
Durante
a Conferência, 69 catadores estarão
nos locais oficiais dos eventos atuando como educadores
ambientais, para orientar, sensibilizar e conscientizar
quanto à importância da coleta seletiva.
Fonte: CNO Rio+20