18/06/2012
- 16h30 - Rio+20 - Paulo Virgilio - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro –
Em seis anos, houve uma redução de
cerca de 77% no desflorestamento bruto da Amazônia.
Em 2004, a área desflorestada anualmente
foi 25 mil quilômetros quadrados (km²)
e, em 2012, diminuiu para menos de 10 mil km².
De um ano para o outro, as queimadas e incêndios
florestais também diminuíram expressivamente,
da ordem de 50% em 2010, quando foram detectados
pelos satélites 133,1 mil focos, para 61.687
focos em 2011.
Esses
dados são dois dos aspectos positivos apontados
no documento lançado hoje (18), pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
no contexto da realização da Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20.
Os
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável
(IDS) 2012 mostram, em sua quinta edição
(a primeira foi lançada em 2002), os ganhos
e as fragilidades do país no novo paradigma
de crescimento. São 62 indicadores que traçam
um panorama do país em quatro dimensões:
ambiental, social, econômica e institucional.
Vinte
desses indicadores tratam da dimensão ambiental
e avaliam diretamente a qualidade do ar, da terra
e das águas. Ainda de acordo com os IDS 2012,
houve uma redução de 90%, no período
1992-2010, do consumo das substâncias destruidoras
da camada de ozônio da atmosfera. A queda
mais acentuada foi na concentração
de poluentes do ar em áreas urbanas, embora
os valores ainda ultrapassem os estabelecidos pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). No
entanto, a destruição de florestas
e outras formas de vegetação nativa
ainda respondem por mais de 75% da emissões
líquidas de gás carbônico na
atmosfera.
Com
relação à terra, o estudo mostra
como dado negativo, do ponto de vista ambiental,
o aumento crescente do uso de fertilizantes e agrotóxicos,
fruto do modelo de desenvolvimento da agricultura
brasileira, centrado em ganhos de produtividade.
Em 2010, a quantidade comercializada de fertilizantes
foi 155 quilos por hectare, e o consumo de agrotóxicos
foi 3,6 quilos por hectare. A área plantada
em 2010 ficou em 65,3 milhões hectares, o
que corresponde a 7,7% da superfície total
do país.
De
acordo com a técnica de Coordenação
de Recursos Naturais e Estudos Ambientais do IBGE,
Denise Kronemberger, o estudo tem como objetivo
mostrar a relação entre as quatro
dimensões, em função da complexidade
do tema do desenvolvimento sustentável. “Não
se pode tratar de forma isolada apenas um tema ou
uma dimensão. É preciso ter uma visão
conjunta, sistêmica, de avaliação
integrada desses indicadores”, observou.
No
que se refere à dimensão econômica,
os 12 indicadores da IDS 2012 revelam que houve
um aumento na reciclagem, mas também subiu
a participação de fontes não
renováveis na produção de energia,
como o gás natural (de 8,7% em 2009 para
10,8% em 2010) e carvão mineral e derivados
(de 4,7% para 5,2%). Já a participação
de petróleo e derivados permaneceu estável,
de 37,9% em 2009 para 37,6% em 2010.
A
energia utilizada no país oriunda de fontes
renováveis, consideradas ideais se adotadas
estratégias de gestão sustentável,
foi 45,5% do total em 2010, com ligeira queda em
relação a 2009: de 18,2% para 17,8%
nos derivados da cana-de-açúcar e
de 15,2% para 14% na energia hidráulica.
Já
na reciclagem, o dado mais positivo foi o do alumínio,
que atingiu, em 2009, o percentual de 98,2% –
o mais alto da série histórica iniciada
em 1993. Segundo o IBGE, esse índice elevado
reflete o alto valor de mercado da sucata de alumínio
e resulta do fato de que, no Brasil, a reciclagem
é uma alternativa econômica para a
população de baixa renda.
Os
21 indicadores da dimensão social da IDS
avaliam a satisfação das necessidades
humanas, a melhoria da qualidade de vida e a justiça
social. Os dados apontam avanços na maior
parte desses indicadores, com destaque para a queda
de 47,5% da mortalidade infantil, de 2000 para 2010,
e do percentual da população adulta
com ensino fundamental incompleto. Entre 1992 e
2009, houve aumento de 59,7% para 85,2% na taxa
de frequência bruta à escola dos estudantes
de 15 a 17 anos.
E,
embora a taxa de desocupação venha
caindo desde 2003, conforme atestam os números
da Pesquisa Mensal de Emprego realizada pelo IBGE,
nas seis principais regiões metropolitanas
do país, as desigualdades permanecem no mercado
de trabalho. Um exemplo apontado na IDS 2012 são
as disparidades entre os salários médios
dos homens e das mulheres (R$ 865 contra R$ 1.292),
e de cor e raça: pretos (R$ 802) e pardos
(R$ 789) recebem menos de 60% do rendimento médio
dos brancos (R$ 1.378).
+
Mais
Rio
quer reduzir emissão de gases de efeito estufa
em 20% até 2020
18/06/2012
- 14h15 - Meio Ambiente - Rio+20 - Flávia
Villela - Repórter da Agência Brasil
- Rio de Janeiro - O prefeito do Rio, Eduardo Paes,
anunciou hoje (18) que até 2020 a capital
fluminense vai reduzir em 2,3 milhões de
toneladas as emissões de gases de efeito
estufa, o equivalente a 20% das emissões
do município em 2005. A meta faz parte do
Plano de Baixo Carbono do Rio de Janeiro, em uma
parceria com o Banco Mundial. Paes aconselhou os
municípios de todo o mundo a serem mais ousados
e não esperar decisões dos governos
nacionais para promoverem o desenvolvimento sustentável.
“Nossa
meta é reduzir os gases de efeito estufa
em 20% até 2020. Ainda temos uma redução
de 12% a cumprir e é importante que essas
iniciativas locais comecem a acontecer. Não
podemos usar sempre a desculpa de que os chefes
de Estado não chegaram a um consenso para
não fazer nada.”
Paes
criticou o fato de a cidade do Rio ter mantido,
20 anos depois de abrigar a Rio92, o Lixão
de Gramacho – fechado no início do
mês – e metade de seu território
sem saneamento básico. “Não
adianta ficar apontando o dedo para o presidente
e culpá-lo pelo que não foi feito.
Precisamos ser referência de sustentabilidade”,
declarou o prefeito.
O
investimento será de cerca de US$ 1 milhão
e irá promover projetos de baixo carbono,
além do monitoramento e da quantificação
das reduções propostas. Dentre as
ações, o programa prevê os monitoramentos
do programa de reflorestamento de 1.300 hectares
de áreas degradadas até 2016 e a expansão
de ciclovias e do programas de aluguel de bicicletas
como forma alternativa de meio de transporte. Com
aproximadamente 6 milhões de habitantes,
a maior fonte de poluição do Rio vem
das emissões de veículos motorizados
que respondem por cerca de 45% das emissões
totais da cidade.
Paes
anunciou ainda que, por meio de um programa implementado
em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), a cidade, que
hoje recicla apenas 1% de todo o lixo que produz,
deve alcançar o percentual de 25% de reciclagem
de resíduos com a ajuda de separadores de
lixo. O investimentos será de aproximadamente
R$ 50 milhões.
O
vice-presidente do Banco Mundial para a América
Latina e o Caribe, Hasan Tuluy, informou que pretende
expandir o programa para outras cidades da América
Latina. “A urbanização e as
mudanças climáticas são as
maiores urgências no mundo hoje. Em 2030,
mais de 5 bilhões de pessoas vão viver
em cidades. O momento de agir é agora e temos,
com esse programa, uma grande chance de tornar as
cidades mais limpas, mais eficientes e inclusivas
socialmente”, comentou Tuluy, que lembrou
que as cidades são responsáveis por
70% das emissões de gases de efeito estufa.
Fonte: Agência Brasil