18/06/2012
- 23h06 - Rio+20 - Alana Gandra - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro –
Ciência e tecnologia são fundamentais
para a resolução das mudanças
climáticas no mundo, avaliou hoje (18), no
Rio, o reitor emérito da Universidade da
Paz da Organização das Nações
Unidas (ONU), Martin Lees, ao divulgar a primeira
declaração sobre Ação
para Enfrentar Questões Urgentes de Mudança
Climática.
O
documento levou dois anos para ser produzido pela
Força-Tarefa Mudança do Clima (CCTF),
em inglês chamado de Task Force. O grupo foi
constituído no início do século
21, por iniciativa do ex-presidente da União
Soviética, Mikhail Gorbachev, preocupado
com os efeitos das mudanças do clima no mundo.
Gorbachev reuniu nesse grupo economistas, pesquisadores
e cientistas para ampliar a abrangência do
trabalho que, a seu ver, não se limita à
área questões ambientais. Hoje, ele
deseja também o engajamento das populações
em torno do problema.
O
ex-líder soviético manifestou, em
mensagem gravada em vídeo, sua preocupação
no sentido de que o documento final da Conferência
da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável,
a Rio+20, não dê a atenção
devida para a questão do meio ambiente e
das mudanças climáticas. “Sem
considerar as mudanças climáticas,
todos os acordos que forem feitos não serão
realizados, porque vão se tornar sem sustentabilidade”.
Ele disse ainda que a crise econômica mundial
pode trazer consequências muito perigosas.
Gorbachev espera que a Rio+20 traga de volta o multilateralismo,
com ênfase na sustentabilidade. “Espero
que os líderes de governos que participam
da Rio+20 prestem muito atenção para
isso”, ressaltou.
A
declaração incita as lideranças
e governos mundiais a adotarem medidas sérias
e se comprometerem politicamente para reduzir as
ameaças das mudanças climáticas,
cujos efeitos já começam a ser sentidos,
em especial, pelas comunidades mais pobres do planeta.
Para os membros do Task Force, o uso sem controle
dos recursos naturais e a prioridade dada aos combustíveis
fósseis são causas do aquecimento
global.
O
documento lista algumas ações emergenciais
para diminuir os efeitos das mudanças climáticas.
Entre elas, destaque para a implementação
de cortes urgentes e profundos nas emissões
de gases de efeito estufa. Todos os países
envolvidos deverão se comprometer a diminuir
em 20% as emissões de gás carbônico,
“se quisermos impedir a elevação
da temperatura além de 2 graus Celsius (ºC)
”, ressaltou Martins Lees, um dos principais
autores da declaração.
Preservar
o capital natural do planeta e restaurar os ecossistemas;
reorientar as economias para um caminho sustentável,
por meio da mudança do modelo de produção
e consumo; e mobilizar fontes financeiras públicas
e privadas são outras medidas que devem ser
tomadas com urgência pelos governos. Lees
observou que a China já percebeu essa necessidade
e está adotando ações inteligentes
para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
“A
mudança climática é real. E
se continuarmos como estamos, vamos aumentar a temperatura
da Terra em 6 ºC até o fim do século”,
estimou. Ele indicou que as ações
são viáveis para resolver o problema,
a partir do uso da ciência e da tecnologia,
trazendo benefícios para toda a sociedade.
Martin Lees criticou alguns cientistas que estão
subestimando o problema e lembrou que as responsabilidades
são comuns. Destacou que mesmo uma elevação
de 2 ºC na temperatura terá “enormes
e irreversíveis impactos”.
O
diretor adjunto da União Internacional das
Telecomunicações (UIT), mais antiga
agência da ONU, Fabio Leite, destacou a importância
das ferramentas de tecnologia da informação
e comunicação (TIC) para a diminuição
dos efeitos das mudanças climáticas.
“Se estamos buscando a transição
para uma economia de baixo carbono, é fundamental
utilizar tecnologia da informação
e comunicação, sobretudo na área
de rádio comunicação sem fio”.
As chamadas tecnologias limpas reduzem a emissão
de gases poluentes, sustentou.
Nesse
sentido, Leite anunciou que a UIT está trabalhando
para lançar, em breve, uma bateria que seja
universal e possa ser usada em todo o mundo em qualquer
celular, computador e tablet (computador de prancheta).
No rastreamento das mudanças climáticas,
a tecnologia da informação e comunicação
é também fundamental, para prevenir
e combater desastres naturais, como tsunamis, incêndios
em florestas, por exemplo. Ele espera que essas
tecnologias sejam adotadas na Rio+20 para levar
a humanidade ao progresso e à erradicação
da pobreza, ao mesmo tempo que diminuam os efeitos
das mudanças climáticas.
+
Mais
Mulheres
fazem manifestação no centro do Rio
contra modelo de economia verde discutido na Rio+20
18/06/2012
- 18h32 - Rio+20 - Da Agência Brasil - Rio
de Janeiro – A Marcha Mundial das Mulheres
no Brasil promoveu hoje (18) uma manifestação
no Largo da Carioca, no centro da capital fluminense.
O ato começou com uma caminhada pelas principais
vias da região central da cidade, começando
no Sambódromo, passando pela Avenida Presidente
Vargas, provocando um engarrafamento de 8 quilômetros,
segundo a Companhia de Tráfego do Rio (CET-Rio).
Após
a manifestação no Largo da Carioca,
elas seguiram para o Parque do Flamengo, onde está
sendo realizado a Cúpula dos Povos, evento
paralelo à Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
a Rio+20. Com bandeiras e cartazes, as mulheres
criticavam o modelo de economia verde defendido
na conferência.
“Nós
temos que mudar esse modelo, porque o capitalismo
é baseado justamente no lucro, e esse mecanismo
vai explorar cada vez mais a natureza e o trabalho
de homens e mulheres”, disse Nalu Faria, coordenadora
da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil.
No
Largo da Carioca, as mulheres promoverem debates
e atividades culturais referentes aos temas discutidos
na Rio+20. O Batalhão de Choque da Polícia
Militar, a Guarda Municipal e agentes da CET-Rio
acompanharam a caminhada, mas nenhum incidente foi
registrado.
Fonte: Agência Brasil