19/06/2012
21:15 - Diálogos - CNO Rio+20 - A promoção
do uso de dejetos como fonte de energia renovável
e o planejamento antecipado da sustentabilidade
e da qualidade de vida são as recomendações
da sociedade para os Chefes de Estado
O desafio de aplicar conceitos sustentáveis
a cidades com um ritmo cada vez mais acelerado de
crescimento populacional pautou as discussões
dos dez palestrantes do painel "Cidades sustentáveis
e inovação", nesta terça
à noite. O tema marcou o encerramento do
terceiro dia dos Diálogos para o Desenvolvimento
Sustentável, série de encontros com
representantes da sociedade civil, comunidade acadêmica
e científica e setor privado.
O
arquiteto chileno Alejandro Aravena defendeu a necessidade
de simplificar o processo de ações
de medidas sustentáveis. Aravena defendeu
que, mais do que tecer estrategemas complexos, é
preciso usar modelos exitosos como ponto de partida.
"A complexidade é paralisante",
argumentou o arquiteto. Entre esse modelos, está
o de Masdar, uma pequena cidade em Abu-Dhabi, cujo
modelo foi apresentado pela diretora de sustentabilidade
Nawal Al-Hosany. Graças a um planejamento
eficiente, a cidade conta com espaços comunitários
e bom transporte público. Desde a implantação
de inovações sustentáveis,
como telhados de prédios que geram até
um megawatt de energia, Masdar viu a demanda energética
cair em mais de 50%. A temperatura também
é dez graus abaixo do observado em cidades
vizinhas.
O
arquiteto japonês Shigeru Ban e o americano
Barry Bergdoll, curador-chefe de arquitetura e design
do MOMA, falaram sobre o conceito de sustentabilidade
aplicado a regiões que sofreram recentemente
catástrofes naturais, como as que atingiram
o Japão há um ano. Convocado pelo
governo do país para construir estruturas
temporárias para os desabrigados, Ban falou
sobre o dilema entre o uso dessas estruturas e de
instalações permanentes. Sugeriu que
houvesse cidades que se deslocassem pelo país.
"Deveríamos fazer uma nova cidade, que
fosse a capital do Japão, e muda-la a cada
quatro anos. Talvez essa seja a chave para a sustentabilidade:
parar de construir", disse o arquiteto.
O
canadense David Cadman, presidente do Conselho Internacional
para Iniciativas Ambientais Locais, lembrou que
desastres naturais serão mais prováveis
caso não haja mudanças drásticas
nas grandes cidades: "Dois terços da
população vivem hoje em áreas
costeiras. Se não reduzirmos o ritmo das
mudanças climáticas, teremos grandes
inundações em menos de 20 anos e,
aí então, será muito difícil
arranjar qualquer tipo de solução
para as cidades".
Ligada
a todas as questões de sustentabilidade nas
grandes cidades, a mobilidade urbana também
foi discutida na mesa-redonda. O ex-governador do
Paraná Jaime Lerner lembrou que 75% das emissões
de carbono se originam na cidade e que metade delas
vem do carro. "O carro é o cigarro da
cidade", comparou. "O que já se
investiu em bancos e na indústria automobilística
daria para salvar todas as cidades do mundo, com
qualidade de vida. Não é difícil
ser sustentável se você usa pouco o
carro, separa o lixo e mora perto do trabalho",
afirmou Lerner.
As
grandes distâncias entre favelas e regiões
centrais e os desgastantes deslocamentos de trabalhadores
também receberam críticas do mexicano
Enrique Ortiz, ex-presidente da Coalizão
Internacional de Habitação. "As
cidades viraram um paraíso de especulação
imobiliária. Os pobres estão sendo
enviados para muito longe. Teve cidade no México
que cresceu até 30 vezes. Não podemos
pensar numa cidade sustentável com esses
parâmetros", afirmou Ortiz.
A
preocupação é compartilhada
pelo senegalês Khalifa Sall, prefeito de Dakar,
que destacou o intenso êxodo rural observado
em algumas regiões africanas, e pela americana
Janice Perlman, presidente do Projeto Megacidades,
que há 40 anos trabalha com favelas ao redor
do mundo.
Presidente emérito do Instituto Ethos, o
brasileiro Oded Grejew lembrou que não bastam
apontar problemas e ter ideias, é preciso
estabelecer metas, prazos e sanções
para governos que descumpram compromissos estabelecidos.
"Sem uma cobrança forte, nada será
feito", afirmou Grejew. "Será muito
frustrante se isso não der em nada".
No
fim do encontro, foram apresentadas as recomendações
mais votadas pelo público online e pelos
presentes da plenária. As escolhidas foram
“A promoção do uso de dejetos
como fonte de energia renovável em ambientes
urbanos” e “O planejamento antecipado
da sustentabilidade e da qualidade de vida nas cidades”.
Insatisfeitos com a pouca abrangência da lista
de sugestões disponíveis, os palestrantes
se dispuseram a fazer a redação de
uma nova recomendação, que consolide
os temas discutidos nesse diálogo.
Sobre
os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável
Os
Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável
iniciaram-se no sábado, 16 de junho, e se
encerraram hoje na plenária do Pavilhão
5 do Riocentro. Foram dez rodadas de discussão,
com dez participantes em cada uma, que abordaram
temas prioritários da agenda internacional
de sustentabilidade. A cada rodada, três propostas
foram escolhidas, uma pelos palestrantes, uma pelos
participantes da sessão e uma pelos internautas.
As trinta sugestões mais votadas serão
levadas aos Chefes de Estado e de Governo durante
o Segmento de Alto Nível na Conferência.
Foram
dez os temas dos Diálogos: (i) Desemprego,
trabalho decente e migrações; (ii)
Desenvolvimento Sustentável como resposta
às crises econômicas e financeiras;
(iii) Desenvolvimento Sustentável para o
combate à pobreza; (iv) Economia do Desenvolvimento
Sustentável, incluindo padrões sustentáveis
de produção e consumo; (v) Florestas;
(vi) Segurança alimentar e nutricional; (vii)
Energia sustentável para todos; (viii) Água;
(ix) Cidades sustentáveis e inovação;
e (x) Oceanos.
+
Mais
Secretária
de Mudanças Climáticas da ONU compensa
emissões de carbono da equipe na Rio+20
19/06/2012
17:15 - CNO Rio+20 - Nesta quarta-feira, dia 20,
a Miss Universo 2011 também fará a
compensação - Nesta segunda-feira,
dia 18 de junho, a Secretária Executiva da
Convenção sobre Mudança do
Clima da ONU (UNFCCC), Christiana Figueres, compensou,
por meio do programa de compensação
de emissões de carbono da Rio+20, as emissões
correspondentes à viagem da delegação
de seis pessoas da UNFCCC, de Frankfurt ao Rio de
Janeiro - equivalentes a 24 toneladas.
"É
uma ideia fantástica", disse Figueres.
"Já era hora para que nós todos
que trabalhamos com as mudanças climáticas
compensássemos as nossas próprias
emissões de carbono. Isso não deveria
ser voluntário e sim obrigatório".
A
compensação foi possível graças
a uma ferramenta online, que possibilita calcular
individualmente as emissões de carbono das
viagens aéreas ao Rio de Janeiro. Por meio
de uma máquina de cartão de crédito,
cada participante pode compensar o seu próprio
gasto - uma tonelada custa R$ 10.
A
cerimônia contou com a participação
de José Miguez, membro do Comitê Executivo
do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), Arnaud
Peral, representante residente-adjunto do PNUD no
Brasil, Rogério Tavares, diretor-executivo
de saneamento da Caixa Econômica Federal,
e Adaílton Trindade, superintendente nacional
de saneamento e infraestrutura da Caixa Econômica
Federal.
A
ferramenta foi desenvolvida pelo Governo Brasileiro
em parceria com o PNUD-Brasil e a Caixa Econômica
Federal e integra a Estratégia Nacional de
Compensação de Emissões de
Gases de Efeito Estufa na Rio+20. A Estratégia
compreende, ainda, esforços de redução
de emissões causadas pelos trabalhos da Conferência
e pela compensação de emissões
mediante projetos brasileiros de Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo - MDL.
Leila Lopes, Miss Universo 2011 e Embaixadora das
Nações Unidas para desertificação
(UNCCD) fará a compensação
das emissões de CO2 referentes à sua
viagem aérea para participação
na Rio+20, usando a ferramenta desenvolvida pelo
Comitê Nacional de Organização
da Rio+20 em parceria com o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Caixa Econômica
Federal.
Fonte: CNO Rio+20