19/06/2012
21:05 - CNO Rio+20 - Última rodada de debates
definiu três propostas sobre o tema, que serão
apresentadas aos líderes mundiais
O tema Oceanos reuniu dez debatedores, brasileiros
e estrangeiros, entre acadêmicos, empresários
e representantes de Organizações Não-Governamentais
na última sessão dos Diálogos
para o Desenvolvimento Sustentável nesta
terça-feira, 19 de junho. Do encontro, saíram
três recomendações que serão
apresentadas aos Chefes de Estado e de Governo durante
o Segmento de Alto Nível da Rio+20, que se
inicia no próximo dia 20. Lançar um
acordo global para salvar a biodiversidade marina
em alto-mar. Esta foi a proposta eleita pelos cerca
de 2 mil membros da sociedade civil presentes no
Riocentro. Evitar poluição dos oceanos
pelo plástico por meio da educação
e da colaboração comunitária
foi a recomendação eleita pelas votações
realizadas pela Internet, encerradas no dia 15 de
junho. Os debatedores, por sua vez, decidiram unir
duas recomendações das que vieram
da plataforma online: Desenvolver uma rede global
de áreas marinhas protegidas internacionais;
e a criação de mecanismos de governança
global dos oceanos para preservar a biodiversidade
e os recursos genéticos em um cenário
de crescente nacionalização do ambiente
marinho. A redação final será
feita pelos organizadores.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência
da República do Brasil, Gilberto Carvalho,
encerrou os Diálogos para o Desenvolvimento
Sustentável. "Nós podemos dizer,
hoje, que a Rio+20 é a maior conferência
da história das Nações Unidas
em termos de envolvimento popular. Este método
de participação veio para ficar",
afirmou Carvalho. Ele informou que, em média,
cada sessão contou 1,3 mil votos do público.
O moderador Philippe Cousteau abriu a sessão
com uma declaração que seu avô,
Jacques Cousteau, fez há 20 anos, na Rio
92. "Destaco a importância das delegações
redigirem decisões originais." Segundo
Philippe, a participação da sociedade
civil por meio dos Diálogos da Rio+20 é
a essência desta inovação. A
falta de um entendimento internacional sobre a proteção
dos oceanos foi o ponto mais destacado pelos debatedores
convidados. Jean-Michel Cousteau ressaltou que 70%
do planeta é agua e 65% dos oceanos são
uma terra de ninguém, onde todos fazem o
que querem. Costeau ainda acrescentou que esta é
a grande oportunidade da comunidade internacional
criar uma regulamentação para os oceanos.
"Na Eco 92, acreditava-se que os oceanos eram
infinitos. Hoje, sabe-se muito bem que isso não
é verdade, e ainda não fizemos nada.
Essa pode ser a nossa última chance.",
enfatizou Sylvia Earle, fundadora da Fundação
Mission Blue. A bióloga marinha da Western
Austrália University, Asha de Vos, disse
que a agenda dos oceanos é urgente. "Isso
é imediato! Para amanhã, porque não
temos mais 20 anos". Ela defende que a comunidade
mundial se organize para atingir o objetivo que
dissemina o conhecimento por meio das novas mídias
disponíveis.
Grande
defensor de que a reversão dos impactos ambientais
reside na ciência e tecnologia, Segen Farid
Estefen, professor da COPPE-UFRJ, ressaltou que
os oceanos são uma enorme fonte de energia
renovável. "A energia criada pelas ondas,
marés e mudanças de temperatura da
água excede a necessidade do mundo."
Arthur Bogason, presidente da Associação
Nacional de Proprietários de Pequenas Embarcações
da Islândia, concorda e acrescenta que é
preciso unir tecnologia com o conhecimento tradicional.
"As pesqueiras costais são as mais sustentáveis.
Criam três vezes mais empregos, sem perda
de lucro, e seus pequenos barcos consomem até
10 vezes menos combustível. Até a
fabricação dessas embarcações
é local.".
A pesca predatória e sem controle foi apontado
pelos participantes como um dos grandes desafios
para salvar o ecossistema dos oceanos. Margareth
Nakato, representante do World Fishermen Forum,
defendeu as pequenas comunidades pesqueiras que,
segundo ela, são as mais vulneráveis
às mudanças climáticas. "Para
saber se os oceanos estão bem, precisamos
ver se os peixes estão bem. Os peixes não
vão bem.", disse Ussif Rashid Sumaila,
diretor da Fisheries Centre e Fisheries Economics
Research Unit da British Columbia University. Ele
acrescentou que é uma ilusão o homem
acreditar que pode produzir peixes em fazendas marítimas
tão bem quanto a natureza.
A poluição dos mares com os resíduos
deixados pelos navios e os plásticos também
é vista pelos especialistas como algo que
precisa envolver governos e sociedade. "A total
falta de governança sobre os oceanos impede
que essas questões sejam tratadas com clareza.
Precisamos investir na pesquisa sobre os reais impactos
causados nos mares por essa poluição",
disse o representante do Global Ocean Forum, Richard
Delaney. ShajThayil, vice-presidente da Technical
Services and Ship Management, apresentou números
relevantes para discussão: 80% do lixo do
mundo vai para o mar, uma garrafa plástica
demora 450 anos para se decompor e os oceanos absorvem
um terço das emissões de gás
carbônico do mundo, ressaltando que isso leva
a acidificação dos mares. "A
acidificação tornará os oceanos
irreconhecíveis.", reforçou Robin
Mahon, professor da University of West Indies.
"Nós não herdamos a Terra dos
nossos antepassados. Nós só a pegamos
emprestada das gerações futuras",
encerrou Shaj Thayil, fazendo uso de provérbio
indiano.
Estrutura dos Diálogos
Os
Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável
iniciaram-se no dia 16 e terminaram nesta terça-feira,
19 de junho, na plenária do Pavilhão
5 do Riocentro. Foram dez rodadas de discussão,
com dez participantes cada uma, que abordaram temas
prioritários da agenda internacional de sustentabilidade.
A cada rodada, três propostas foram escolhidas,
uma pelos palestrantes, uma pelos participantes
da sessão e uma pelos internautas. As trintas
sugestões mais votadas serão levadas
aos Chefes de Estado e de Governo durante o Segmento
de Alto Nível da Conferência.
Os temas dos Diálogos foram: (i) Desemprego,
trabalho decente e migrações; (ii)
Desenvolvimento Sustentável como resposta
às crises econômicas e financeiras;
(iii) Desenvolvimento Sustentável para o
combate à pobreza; (iv) Economia do Desenvolvimento
Sustentável, incluindo padrões sustentáveis
de produção e consumo; (v) Florestas;
(vi) Segurança alimentar e nutricional; (vii)
Energia sustentável para todos; (viii) Água;
(ix) Cidades sustentáveis e inovação;
e (x) Oceanos.
+
Mais
Michelle
Bachelet abre debates sobre Igualdade de Gêneros
19/06/2012
16:30 - CNO Rio+20 - Organizado pela ONU e pelo
Governo brasileiro, Fórum reúne Presidentas
e Primeiras-Ministras
A Subsecretária-Geral e Diretora-Executiva
da ONU Mulheres e ex presidenta do Chile, Michelle
Bachelet, dá as boas vindas nos debates sobre
Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres
para o Desenvolvimento Sustentável, no Fórum
de Mulheres Líderes, que começa nesta
terça-feira, 19 de junho, na sala T2 do Riocentro.
A Dra. Gro Harlem Brundtland, enviada especial da
Secretaria Geral sobre Mudança Climática
do Reino da Noruega, é uma das oradoras principais.
Organizado
pela ONU Mulheres e pelo Governo do Brasil, o Fórum
vai reunir mulheres chefes de Estado e de Governo,
assim como líderes e defensoras da igualdade
de gênero. Pela primeira vez, Presidentas
e Primeiras-Ministras estarão reunidas para
clamar por ações concretas para a
integração plena das mulheres aos
debates sobre o desenvolvimento sustentável.
O
objetivo é discutir a igualdade entre os
gêneros nos três pilares do desenvolvimento:
social, ambiental e econômico. O Fórum
terá sua conclusão na Cúpula
de Mulheres Chefes de Estado pelo Futuro que as
Mulheres Querem, que será realizada dia 21
de junho.
Fonte: CNO Rio+20