19/06/2012
09:45 - CNO Rio+20 - O Direito à Água
foi a proposta vencedora da oitava rodada de debates
- Cerca de 2 mil membros da sociedade civil presentes
à sessão que discutiu os recursos
hídricos do planeta escolheram o direito
à água como a mais relevante entre
as dez propostas levadas à discussão
na tarde desta segunda-feira, dia 18 de junho. As
demais recomendações a serem levadas
aos Chefes de Estado e de Governo são: (i)
Assegurar o suprimento de água por meio de
proteção da biodiversidade, dos ecossistemas
e das fontes de água (a mais votada pelos
internautas) e ( ii) Reforçar a importância
do planejamento e do gerenciamento integrado de
água e energia e uso da terra em todas as
escalas, escolhida pelos dez palestrantes convidados.
A
esta última proposta, os especialistas convidados
acrescentarão itens de outras duas recomendações:
(i) a adoção de políticas mais
ambiciosas para lidar com as necessidades de água
e saneamento de uma forma segura e (ii) a inclusão
do elemento cultural como fator crucial na definição
de políticas hídricas.
A
moderadora Lucia Newman, da Al Jazeera, abriu os
trabalhos lembrando que o oxigênio é
"a única coisa mais importante que a
água para os seres vivos" e que esta
em pouco tempo poderá se transformar numa
commodity mais valiosa que o petróleo.
A
diretora do Fórum Permanente das Nações
Unidas de Assuntos Indígenas, a nicaraguense
Myrna Cunningham Kaim, disse que a Assembleia Geral
da ONU já reconheceu que a água é
um direito humano. Porém, ressaltou que apesar
desse reconhecimento ainda há lacunas, como
alguns casos de políticas discriminatórias
e racistas em relação aos recursos
hídricos, que restringem o acesso à
água à grande maioria da população
no mundo.
O
presidente da Associação Nacional
do Malawi de Pequenos Produtores Rurais, o malawiano
Dyborn Chibonga, ressaltou que apenas 10% da população
de seu país tem acesso à água.
Destacou ainda que a maior parte dos rios não
é perene, dependem da estação
das chuvas e estão secando cada vez mais
rápido. "É necessário
adotar uma política de recursos hídricos,
de gestão da terra, além de políticas
e leis voltadas para esses recursos", afirmou
Chibonga.
O
americano Jeff Seabright, vice-presidente de Recursos
Hídricos e Ambientais da Coca-Cola, ressaltou
que como a água é um recurso finito,
o desafio é entender como resolver o problema
coletivamente. "As mudanças climáticas
já se refletem através dos recursos
hídricos. Precisamos de soluções
inteligentes e de elevar a água a um padrão
mais alto pelo impacto que representa. Se não
cuidarmos disso, minará o nosso futuro, pois
é um tema que impacta a energia, a agricultura
e outras áreas", acrescentou.
A
sueca Ania Grobicki, secretária executiva
da Parceria Global da Água (GWP), falou sobre
a importância da água e lembrou que
hoje já existem cerca de 2600 organizações
no mundo todo que se dedicam ao assunto água.
Grobicki disse ainda que há três valores
importantes que devem ser levados em consideração:
oportunidade, integridade e solidariedade. Sobre
solidariedade, ressaltou a importância de
as pessoas aprenderem a trabalhar juntas. E citou
um provérbio sul-africano que diz: "se
quer andar rápido, ande sozinho. Se quer
chegar longe, ande junto".
O
presidente do Grupo Serviços de Energia da
África, o ruandês Albert Butare, levantou
uma questão crucial em seu país, a
da gestão dos recursos hídricos. "Existem
dois mundos, um em que existe água e no qual
se pode falar de gerenciamento de água, e
outro, de onde venho, onde não posso administrar
recursos que não tenho. Temos que ter outro
objetivo, além do acesso à água:
levar a água para dentro das casas. Para
isso, é necessário otimizar as locações
de recursos para a infraestrutura", defendeu
Butare.
O
fundador da Grameen Bank, Muhammed Yunus, do Bangladesh,
ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2006 pelos
esforços na promoção de desenvolvimento
econômico e social através de projetos
de microcrédito, falou sobre a importância
da criação de um novo tipo de negócio
para fornecer água potável aos locais
mais necessitados. Ele destacou que o tratamento
de água e seu processo de purificação
não são ciências muito complicadas,
e que, portanto, é importante tornar essas
tecnologias disponíveis para sociedades pobres.
O
canadense David Boys, representante dos Prestadores
de Serviços de Água, assinalou que
os países ricos negam o direito à
água aos países pobres. Criticou também
os governos, que, segundo ele, não podem
afirmar que cuidam de sua população
quando não garantem o seu direito à
água. "O governo quer criar apenas um
ambiente propício para o mercado resolver
o problema. São os cidadãos e os trabalhadores
que vão impor ao governo o que precisam",
afirmou.
Santha
Sheela Nair, do Ministério do Desenvolvimento
Agrário da Índia, destacou a diferença
entre oferta e demanda de água hoje, e nos
próximas 20 ou 30 anos. Segundo Santha, "a
água não deve ser transformada em
mercadoria, mas sim ser bem alocada", apesar
de entender que a precificação da
água é uma ação importante
para gerenciar essa demanda. Santha falou ainda
que "o cuidado com recursos hídricos
não deve ser apenas uma meta nacional, mas
uma responsabilidade internacional".
O
brasileiro Benedito Braga, presidente da Associação
Internacional de Recursos Hídricos (IWRA),
lamentou que a ciência e a tecnologia não
tenham sido consideradas na sessão, lembrando
que foi graças aos avanços nessas
áreas que as sombrias previsões malthusianas,
relativas à incapacidade de o homem produzir
alimentos suficientes para a população,
não se concretizaram. "O uso mais eficiente
da água no setor agrícola (que consome
70% da água) depende da tecnologia",
disse. Braga defendeu também o uso de reservatórios
de grande porte para obter-se o uso múltiplo
da água e propôs uma ação
para defender a governança da água
no âmbito das Nações Unidas.
O
último palestrante na tarde foi o francês
Loïc Fauchon, presidente do Conselho Mundial
de Água. "Queremos mais que recomendações,
queremos compromisso", disse, ressaltando que
"o tempo de conversar já acabou".
Fauchon disse ainda que é preciso fazer com
que os governos nacionais e locais se comprometam,
e que não há como haver políticas
sobre recursos hídricos enquanto não
houver o direito à água.
Estrutura
dos Diálogos
Os
Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável
iniciaram-se no dia 16 e se estendem até
o dia 19 de junho na plenária do Pavilhão
5 do Riocentro. São dez rodadas de discussão,
com dez debatedores cada uma, que abordarão
temas prioritários da agenda internacional
de sustentabilidade. A cada rodada, três propostas
serão escolhidas, uma pelos debatedores,
uma pelos participantes da sessão e uma pelos
internautas. As trinta sugestões mais votadas
serão levadas diretamente aos Chefes de Estado
e de Governo presentes na Rio+20.
São
dez os temas dos Diálogos:
(i)
Desemprego, trabalho decente e migrações;
(ii) Desenvolvimento Sustentável como resposta
às crises econômicas e financeiras;
(iii) Desenvolvimento Sustentável para o
combate à pobreza;
(iv) Economia do Desenvolvimento Sustentável,
incluindo padrões sustentáveis de
produção e consumo;
(v) Florestas;
(vi) Segurança alimentar e nutricional;
(vii) Energia sustentável para todos;
(viii) Água;
(ix) Cidades sustentáveis e inovação;
(x) Oceanos.
+
Mais
Sustentabilidade
desperta interesse de empresários
19/06/2012
20:00 - Empresas, Economia Verde, Seb - CNO Rio+20
- Mais de oito mil pessoas já passaram pelo
Espaço Sebrae de Educação,
no Parque do Flamengo - O terceiro dia das oficinas
ministradas pelo Sebrae na Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, mostrou que o empresariado
brasileiro quer ser incluído na agenda da
sustentabilidade. Mais de oito mil pessoas já
passaram pelo Espaço Sebrae de Educação,
montado no Parque do Flamengo, desde o dia 15 de
junho.
Interessado
no assunto e de olho na rentabilidade que a economia
verde traz para os negócios, o empresário
carioca Gian Paulo Bonaccorsi saiu satisfeito da
capacitação. “Oficinas como
essas são muito importantes para os empresários,
pois é uma oportunidade para trocar experiências,
aprofundar o tema, aprender e entrar no rumo certo”,
elogiou.
Dono
de uma farmácia homeopática, ele disse
que vai aplicar as ações verdes no
cotidiano do negócio. “Além
de mais lucro, vou poder exercer minha cidadania
porque sustentabilidade é responsabilidade
de todos nós”.
Os treinamentos, com duas horas de duração,
têm temas relacionados à sustentabilidade,
como eficiência energética, redução
de desperdício, política de resíduos
sólidos, práticas de negócios
sustentáveis, entre outros.
A
responsável pelo Espaço Sebrae de
Educação, Flávia Azevedo, explicou
que as ações verdes são responsáveis
pela rentabilidade das empresas.“A procura
pelas oficinas correspondem a nossa expectativa.
Ao apostar em sustentabilidade, os empresários
contribuem com o meio ambiente e conquistam outros
mercados”.
O
Espaço Sebrae de Educação contempla
palestras, oficinas e clínicas tecnológicas
sobre resíduos sólidos, eficiência
energética, certificação ambiental,
redução de desperdício e negócios
verdes. O jornalista Ricardo Voltolini, o iluminador
Peter Gasper e o economista Sérgio Besserman
estão entre os convidados.
As
inscrições são gratuitas e
devem ser feitas no hotsite do Sebrae na Rio+20.
São 100 vagas para cada palestra e 30 vagas
para as oficinas. É importante chegar com
15 minutos de antecedência para confirmar
a presença na atividade, caso contrário
a vaga será cedida a outro empresário.
Fonte: CNO Rio+20