19/06/2012
- Nós, representantes da sociedade civil
dos nove Major Groups,[1] pedimos aos Chefes de
Estado e Governo para garantir o sucesso da Rio+20
na adoção de uma visão ambiciosa
e inclusive para toda a humanidade e o Planeta.
A
ONU foi formada para avançar a cooperação
e a paz entre os países e as pessoas. Assolados
com novos desafios e preocupações,
mais do que nunca, o século XXI urge a solidariedade
dos povos. Nunca geramos a nível global tanta
riqueza, entretanto a desigualdade entre os ricos
e pobres continua a crescer. Estamos consumindo
recursos mais rápido do que a Terra possa
regenerá-los e produzindo mais desperdício
e poluição do que o Planeta pode absorver.
Há consenso científico de que o Planeta
esteja rapidamente chegando ao limite de um meio
ambiente saudável e conduzente à vida
digna.
Falta
muito para que a Rio+20 produza um acordo com verdadeiro
significado e com resultados concretos. Nossos líderes
devem abraçar a chance única apresentada
nesta geração para re-imaginar nossos
sistemas sócio-econômicos e a maneira
com os quais devem trabalhar em harmonia com a natureza,
resultando no bem-estar geral, agora e no futuro.
Mas devemos agir decisivamente.
É
essencial a participação geral dos
Major Groups e grupos de interesse tanto no processo
geral da conferência, quanto nas delegações
governamentais resultará na tomada de decisões
bem informada e legítima. A participação
inclui o melhor acesso a informação
e a justiça. Rio+20 deveria apoiar modelos
de parceria renovados, que facilitem aos cidadãos
apropriar-se de processos e resultados, levando
ainda governos e outros atores a assumir a responsabilidade
pela sua atuação. Estamos convencidos
de que os seguintes ítens são essenciais
para transformer o desenvolvimento auto-sustentável
em realidade:
1.
Garantir a participação da sociedade
civil em todos os estágios do processo politico.
Damos ênfase à importância do
engajamento dos Major Groups em todos os níveis
do processo, conforme decisão da ECOSOC quanto
à estrutura dos Major Groups e a partir da
Agenda 21, o Plano de Implementação
de Johanesburgo (JPOI – sigla em inglês),
assim como outras cúpulas e decisões
relevantes das Nações Unidas. Pedimos
também que quaisquer reformas resultem de
experiências já adquiridas de forma
a resultar na melhoria efetiva dos modêlos
de governance e engajamento da Estrutura Institucional
do Desenvolvimento Auto-Sustentável (IFSD
– sigla em inglês). A reforma do IFSD
deve sempre incorporar os conselhos dos atores da
sociedade civil, de forma a garantir a plena participação
da mesma nos processos e resultados. Nesse sentido
é imprescindível dar voz às
gerações futures. Pedimos que a Cúpula
retenha a proposta feita para a criação
de um representante de alto nível para as
futures gerações.
2.
Tomada de Decisão Democrática –
Ressaltamos que a liderança e a democracia
são necessárias em todos os estágios.
Mas as posições de liderança
vêm com responsabilidade: os governos devem
representar as pessoas e ouvir nossas vozes. Precisamos
de cidadãos instruídos, que possam
engajar-se e contribuir para os processos inerentes
ao desenvolvimento sustentável em sistemas
verdadeiramente democráticos. Nesse sentido
pedimos o estabelecimento de novas estruturas que
saiam da Rio+20, que criem instituições
inclusivas, baseadas no poder decisório democrático
e que fortaleça a participação
pública.
3.
Garantir o acesso a Informação –
Ressaltamos o acesso à informação,
a participação no processo decisório
transparente, o acesso à justiça e
processos administrativos, como elementos direitos
fundamentais, a ser atingidos em todos os níveis
do processo de tomada de decisões, incluindo
os níveis locais, subnacionais, nacionais
e internacionais. Pedimos que esses direitos sejam
inteiramente incorporados aos processos correntes
e futuros da ONU no que concerne o desenvolvimento
auto-sustentável. No mínimo, todos
os processos devem garantir que os Major Groups
e os grupos de interesse recebam o mesmo nível
de informação e os mesmos documentos
ao mesmo tempo, incluindo documentos preparatórios
e de resumo, assim como de decisões tomadas.
Os governos devem também facilitar a informação
pública e a participação da
sociedade, ao tornar acessível a informação,
providenciando o acesso a processos jurídicos
e administrativos, incluindo o acesso à justice
e as compensações.
4.
Capacitação dos atores – O engajamento
dos atores não depende só da oportunidade
de participar, mas na sua habilidade de participar.
Pedimos a capacitação e o treinamento
dos agentes da sociedade civil como elemento fundamental
no seu engajamento com relação ao
desenvolvimento auto-sustentável. Para isso,
é preciso estabelecer fundos fiduciaries
e outros mecanismos de financiamento, de forma a
remover as barreiras à participação.
Enquanto
cada Major Group tem mais opiniões com relação
à política substantiva e os temas
da Conferência, esta Declaração
pede melhores condições para que estas
sejam ouvidas, consideradas e incorporadas às
decisões. É imperativo que nosso ponto
de vista seja adotado de forma a garantir o sucesso
da Rio+20. Esse ponto de vista precisar ser registrado
em todo o documento final da Rio+20 e não
só no parágrafo 76(h).
Pedimos
aos governos que considerem nossos pontos e os utilizem
como base para o diálogo inclusive a níveis
nacionais, regionais e intergovernamentais. Que
sirvam como elemento para a construção
de parcerias mais abrangentes e um espírito
de cooperação global, necessaries
a garantir a transição e o caminho
à sustentabilidade.
[1]
Major Groups são: Negócios e Indústria,
Infância e Juventude, Fazendeiros; Povos Indígenas,
Governos Locais; ONGs; Comunidade Científica
e Tecnologia; Mulheres; e Trabalho e sindicatos.
Saiba mais em http://www.uncsd2012.org/majorgroups.html
+
Mais
Combate
à pobreza e proteção ao meio
ambiente não podem ser desvinculados, afirma
diretora do PNUD
19/06/2012
- A redução da pobreza e a proteção
ao meio ambiente devem caminhar juntas, afirmou
Helen Clark, Administradora do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), durante entrevista
da Rio+Social. O evento, que ocorre paralelamente
à Rio+20, é organizado pela Fundação
das Nações Unidas e outros parceiros.
“Não
é sustentável produzir pobreza”,
disse Helen Clark, ao ressaltar a necessidade de
políticas públicas para permitir o
acesso das pessoas mais pobres a serviços
essenciais como educação, transporte
e saúde. “Os governos devem priorizar
os menos favorecidos, especialmente crianças
e jovens. Se esse acesso não é fornecido,
não há sustentabilidade”, completou.
A
administradora do PNUD também citou a Nova
Zelândia como uma referência para o
desenvolvimento sustentável, embora não
seja um país que hoje tenha graves problemas
sociais. “Apesar do isolamento geográfico
do país e seus limitados recursos naturais,
há soluções muito interessantes,
por exemplo, no sistema de transporte e na matriz
energética, que é 70% renovável”.
Helen
Clark disse ainda que todos esses eventos que acontecem
durante a Rio+20, oficiais e paralelos, estão
absolutamente conectados e devem servir para o mesmo
propósito de contribuir para o avanço
das resoluções e ações.
Fonte: ONU