20/06/2012
- 18h10 - Rio+20 - Carolina Gonçalves e Renata
Giraldi - Enviadas Especiais da Agência Brasil
- Rio de Janeiro – No primeiro encontro com
o presidente da França, François Hollande,
a presidenta Dilma Rousseff empenhou-se em estreitar
e ampliar parcerias e acordos bilaterais já
existentes entre os dois países. Os líderes,
acompanhados por ministros de Meio Ambiente e chanceleres,
trataram de cooperações consolidadas,
como na área de ciência, tecnologia
e inovação, e sinalizaram para a importância
da ampliação desse tipo de cooperação
nos setores agrícola e energético.
A
França apoia programas brasileiros como o
Ciência sem Fronteiras, que promove o intercâmbio
de pesquisadores brasileiros que vão se especializar
em outros países. Como o Brasil busca novas
parcerias, a presidenta falou do interesse brasileiro
no programa nuclear francês. Os dois líderes,
que participaram da reunião do G20, também
repassaram pontos do encontro que ocorreu em Los
Cabos, no México. Segundo o ministro das
Relações Exteriores, Antonio Patriota,
o encontro de Dilma e Hollande, durante almoço
que durou mais de uma hora, reforçou o tom
estratégico da parceria bilateral.
Os
diálogos bilaterais em desenvolvimento sustentável
também nortearam as conversas entre Dilma
e Hollande. Durante as negociações
do documento da Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
Rio+20, vários pontos separaram os posicionamentos
de países em desenvolvimento e países
ricos. A resistência das economias desenvolvidas
em assumir compromissos financeiros, alegando problemas
internos decorrentes da crise internacional, comprometeu
o detalhamento de propostas que foram defendidas
pelo Brasil, como a que criava um fundo de financiamento
das metas de meio ambiente.
Patriota
disse que negociadores brasileiros e franceses conseguiram
acordar muitas questões polêmicas já
durante a pré-conferência. “Foi
uma satisfação chegar ao entendimento
suficiente para que a França se associasse
ao documento”, disse.
+
Mais
François
Hollande anuncia fundo para garantir ações
de desenvolvimento sustentável
20/06/2012
- 20h16 - Rio+20 - Renata Giraldi e Vitor Abdala
- Repórteres da Agência Brasil - Rio
de Janeiro – Em posição contrária
à adotada pela maioria dos negociadores da
União Europeia (UE) na Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, Rio+20, o presidente da França,
François Hollande, defendeu hoje (20) mais
financiamentos para as propostas que estão
no documento final. Hollande se disse decepcionado
com o resultado das negociações e
prometeu que o governo francês tentará
um fundo próprio para garantir as ações
de desenvolvimento sustentável.
“Sempre
há um pouco de decepção. Mas
se eu vim aqui é porque quero falar da minha
esperança”, disse Hollande em entrevista
coletiva. Depois, ao discursar para os chefes de
Estado e Governo, ele suavizou o tom da crítica.
“Os resultados significativos ainda estão
aquém das responsabilidades e expectativas.”
Ao
ser perguntado como avalia o resultado das negociações
que levaram ao texto do documento final, o presidente
francês disse que “o copo pode ser considerado
metade cheio e metade vazio. A ideia é progredir.
Não podemos ocultar o que não está
no texto”.
Para
Hollande, é fundamental não só
apontar, de forma clara e objetiva, os meios de
financiamentos para as ações, como
também criar um organismo independente e
autônomo, integrando o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Um dos discursos
mais esperados do dia, o presidente francês
indicou que pretende ser exemplo na proteção
ambiental e desenvolvimento sustentável.
“A
França deve mostrar o exemplo. Gostaria de
adotar compromissos em nome da França, favorecendo
os debates da declaração final, gostaria
também de contar com a boa vontade de todos
os países”, disse Hollande, lembrando
que houve avanços nas propostas de fortalecimento
do Pnuma, da preservação dos oceanos
e nos debates sobre economia verde, além
da erradicação da pobreza e da fome.
Hollande
apelou para que todos contribuam nos esforços
para o desenvolvimento sustentável com inclusão
social e combate à pobreza. “Temos
que lutar conjuntamente. Do contrário, perderemos
todos. Não podemos fomentar a divisão
Norte-Sul [ricos e pobres]. O desenvolvimento sustentável
é causa planetária. É uma questão
vital para todo o mundo. Não pode ser Norte
contra Sul ou Ocidente contra Oriente”, disse.
O
presidente da França ressaltou ainda que
os impactos da crise econômica internacional
não podem afetar as propostas e os compromissos
para o desenvolvimento sustentável. Segundo
ele, seu esforço será para taxar os
impostos de transações internacionais
para financiar um fundo que será destinado
a manter os projetos relativos ao desenvolvimento
sustentável.
“Evidentemente,
existe crise na Europa. Se não dermos os
financiamentos, não atingiremos os objetivos”,
observou. “A França quer instituir,
com os que desejarem, um imposto sobre transações
financeiras. Uma parte dessas receitas será
dedicada ao desenvolvimento sustentável”,
acrescentou. “O desenvolvimento sustentável
não é entrave, é oportunidade.”
+
Mais
Rio+20,
crise econômica internacional e venda de caças
dominam almoço de Dilma com Hollande
20/06/2012
- 14h45 - Rio+20 - Carolina Gonçalves e Renata
Giraldi - Enviadas Especiais - Rio de Janeiro –
O presidente da França, François Hollande,
foi o primeiro líder estrangeiro recebido
hoje (20) pela presidenta Dilma Rousseff, em um
encontro reservado, no hotel onde ela está
hospedada, no Rio de Janeiro. Assessores franceses
e brasileiros dizem que os assuntos que predominarão
no almoço de Hollande com Dilma são
o documento final da Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
a Rio+20, e a compra de 36 caças pelo governo
brasileiro para a renovação da frota
da Força Aérea Brasileira (FAB).
Os
franceses se empenham para serem os escolhidos para
a venda dos 36 caças Rafale. Mas para representantes
do governo brasileiro, ainda não haverá
acordo para a negociação durante a
visita de Hollande. Para o ministro do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior, Fernando
Pimentel, a decisão sobre esse tema pode
demorar.
“[A
decisão sobre o tema] não está
em um horizonte próximo. As perspectivas
[das relações entre os dois países]
são grandes, mas em áreas como a de
cooperação tecnológica e programas
na área de defesa”, disse Pimentel.
Também disputam a venda dos caças
uma empresa norte-americana e outra sueca. Ainda
não há definição sobre
o assunto.
Os
impactos da crise econômica internacional
sobre a zona do euro também serão
discutidos durante o almoço de Dilma e Hollande.
A União Europeia é destino de um quarto
das exportações brasileiras. Pimentel
disse que o volume comercializado com o bloco “caiu
bastante em relação ao volume registrado
no ano passado”, mas o ministro se mantém
otimista.
“Estamos
recuperando. Acredito que vamos terminar o ano com
saldo positivo. Em relação às
exportações estamos mantendo nossa
meta de crescimento de mais ou menos 3% em relação
ao volume de exportações do ano passado”,
disse. Com a perspectiva de uma meta conservadora,
o ministro acrescentou que se trata de um número
“compatível com o cenário de
crise”.
Logo
após o almoço, o ministro das Relações
Exteriores, Antonio Patriota, concederá uma
entrevista coletiva.
No
poder desde maio, o presidente francês mantém
uma agenda paralela à sua participação
na Rio+20. O primeiro compromisso dele no Rio foi
um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, em um hotel da zona sul da cidade.
De
acordo com assessores que acompanharam a reunião
de Lula e Hollande, ambos se concentraram em analisar
os efeitos da crise econômica internacional.
“[Hollande e Lula] compartilham o diagnóstico
sobre a crise financeira internacional e têm
opiniões semelhantes sobre os caminhos para
superação das dificuldades econômicas
e financeiras enfrentadas pelos países do
mundo”, resumiu o Instituto Lula.
Fonte: Agência Brasil