20/06/2012
- 17h13 - Rio+20 - Renata Giraldi e Carolina Gonçalves
- Enviadas Especiais da Agência Brasil - Rio
de Janeiro – Em nome de cerca de 1.000 organizações
não governamentais (ONGs), o representante
da Rede de Ação Climática,
Wael Hmaidan, pediu hoje (20) para que a referência
de apoio atribuída às entidades civis
organizadas seja retirada do texto final da Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, Rio+20. O apelo, em tom de cobrança,
ocorreu na primeira sessão plenária
da conferência, no final desta manhã.
Hmaidan
discursou por menos de cinco minutos, ressaltando
o apoio das organizações, mas houve
tempo suficiente para enviar sua mensagem aos cerca
de 100 chefes de Estado e Governo presentes na Rio+20.
As organizações protestam contra o
conteúdo do texto, alegando que ele não
atende às demandas básicas envolvendo
questões sociais e ambientais, apresentadas
pelas ONGs que participaram das negociações
como observadoras.
No
seu breve discurso, Hmaidan reclamou da exclusão
de quatro aspectos no documento final da conferência.
Segundo ele, não há menção
ao direito reprodutivo das mulheres, limitações
sobre o uso e a produção de energia
nuclear, regulação detalhada das águas
oceânicas, além de metas e prazos.
Para
Hmaidan, seria essencial mencionar as preocupações
sobre a questão nuclear principalmente depois
dos vazamentos e explosões na Usina Nuclear
de Fukushima Daiichi, no Nordeste do Japão,
em março de 2011. Em decorrência dos
acidentes nucleares no Japão, o mundo passou
a prestar mais atenção ao assunto
e houve um alerta, como admitiram várias
autoridades.
O
documento final da Rio+20 foi intensamente negociado
nos últimos dias da conferência. Mas,
segundo negociadores, as propostas encaminhadas
pelas ONGs serão consideradas ainda pelos
chefes de Estado e Governo. Do total de dez painéis,
serão enviadas 30 recomendações
para os líderes para futura apreciação.
A
Rede de Ação Climática (cuja
sigla em inglês é CAN) é uma
entidade internacional, que engloba mais de 700
organizações não governamentais
que defendem as questões relativas à
sustentabilidade. No fim de semana, a rede fez críticas
ao penúltimo rascunho do texto final da Rio+20.
O
ministro das Relações Exteriores,
Antonio Patriota, reagiu às críticas
das ONGs. Segundo ele, o texto acordado pelos negociadores
é resultado de uma nova ordem mais inclusiva
e ressaltou que as organizações não
governamentais ganharam mais voz na Rio+20. De acordo
com o chanceler, as cobranças são
naturais e as organizações estão
no seu direito.
“O
governo brasileiro criou a conferência mais
inclusiva da história da ONU [Organização
das Nações Unidas]. Aqui, no Rio de
Janeiro, estamos dando vozes a ONGs e ao setor privado
para que se expressem”, disse Patriota. “É
natural que queiram mais e sejam mais ambiciosas.”
O
ministro brasileiro completou que “se juntarmos
193 ONGs, de diferentes países, elas também
terão dificuldades em encontrar um denominador
comum. É preciso entender que o processo
intergovernamental é diferente do processo
da sociedade civil. Mas eles se complementam”.
+
Mais
Fazer
turismo sustentável "não é
fácil", diz autor do primeiro código
de conduta ambiental da hotelaria global
20/06/2012
- 18h42 - Rio+20 - Alana Gandra - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro - O presidente
da Associação de Hotéis Roteiros
de Charme, Helenio Waddington, foi o único
hoteleiro do Brasil convidado a participar do congresso
Green Innovation in Tourism, promovido pelo Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Pnuma) dentro da Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
a Rio+20. Ele disse à Agência Brasil
que fazer turismo sustentável “não
é fácil”, e que funciona, na
prática, com muito esforço.
Autor
do primeiro código de ética e conduta
ambiental da hotelaria mundial, aprovado pela Organização
das Nações Unidas (ONU) como referência
internacional, Waddington declarou que a primeira
tarefa a ser desenvolvida no caminho do turismo
sustentável é convencer os empresários.
“É fazer eles entenderem que vale a
pena, que é rentável, que ele é
mais eficaz como empresa tentando ser sustentável.
Porque as práticas que ele adota representam
redução de custos. E isso é
bom para as empresas”, disse.
Segundo
ele, não há como desvincular, no caso
da hotelaria, o viés econômico do ambiental.
Após o trabalho de convencimento do empresariado,
tem início a fase de implementação
do conceito sustentável dentro de cada hotel,
a partir de um modelo que identifica onde estão
as causas do impacto ambiental, passando pela conscientização
dos funcionários, até chegar aos gestores
e proprietários dos empreendimentos.
A
mobilização dos hóspedes também
é uma meta a ser alcançada. Hoje,
na avaliação de Waddington, esse processo
é mais fácil. Ele deve ser buscado
por meio de informação completa, sem
prejudicar a expectativa de qualidade e conforto
dos hóspedes. “Se ele [hóspede]
não for bem informado, não adere”,
ressaltou.
Segundo
o presidente da Associação de Hotéis
Roteiros de Charme, o turismo sustentável
está se expandindo lentamente no mundo e
abrange, em especial, os hotéis de pequeno
e médio porte que, no Brasil, representam
cerca de 90% dos meios de hospedagem. No mundo,
os pequenos empreendimentos correspondem a 80% da
hotelaria, enquanto 20% são as grandes cadeias.
Considerando que os cinco mil municípios
brasileiros têm até dez hotéis
de pequeno e médio porte cada, ele estimou
que o segmento reúne em torno de 50 mil hotéis
no país. Desses, entretanto, apenas 1% adota
a sustentabilidade.
A
Associação Roteiros de Charme abriga
55 hotéis que irradiam as normas de sustentabilidade
para 250 empreendimentos, sem nenhuma subvenção
governamental. Pioneiro na luta pelas causas ambientais
na hotelaria nacional, há 20 anos, Waddington
defendeu uma ação inteligente dos
governos federal, estaduais e municipais para que
as ações e verbas direcionadas ao
turismo sustentável cheguem às pequenas
cidades.
A
criação de reservas legais para manter
preservadas as matas também é um caminho
que deve ser incentivado no setor. Ele destacou
ainda a importância e prioridade que devem
ser dadas à educação. “Todo
processo é mudança de postura. Eu
diria que em todo código ambiental nosso,
80% são educação e 20% são
mudança para equipamentos mais eficientes”.
Fonte: Agência Brasil