20/06/2012
- 12h35 - Rio+20 - Thais Leitão e Flávia
Villela - Repórteres da Agência Brasil
- Rio de Janeiro - O secretário-geral da
Organização das Nações
Unidas, Ban Ki-moon, disse hoje (20) que esperava
que a Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
Rio+20, tivesse um rascunho de documento final mais
ambicioso. Ele acredita, no entanto, que ainda é
possível que os chefes de Estado e de Governo
que participam do evento, no Rio de Janeiro, “desempenhem
seu papel de cidadãos globais e analisem
as questões de maneira mais integrada e abrangente”.
“As
negociações foram muito difíceis
e lentas devido às ideias conflitantes, aos
anseios e interesses próprios de cada país.
Mas esse não é um fim, é apenas
o início de muitos processos que estão
por vir. São os líderes mundiais que
podem decidir, eles que têm vontade política
e precisam ir além dos interesses nacionais
e de grupos específicos”, afirmou,
durante entrevista coletiva, no Riocentro, zona
oeste do Rio de Janeiro.
Ainda
segundo o secretário-geral da ONU, um dos
legados mais duradouros da Rio+20 será seu
potencial catalisador de mudanças globais.
Ele fez um alerta aos líderes globais sobre
a necessidade de agirem com urgência para
mudar os rumos do planeta.
“Minha
mensagem para os líderes globais é
clara: o desenvolvimento sustentável chegou
para ficar. Nossos recursos são escassos
e o tempo está acabando. A natureza não
negocia com seres humanos”, enfatizou.
+
Mais
ONGs
e especialistas não acreditam em avanços
na Rio+20
20/06/2012
- 7h04 - Isabela Vieira - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro- O documento final da Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, que chega hoje (20)
às mãos de chefes de Estado e de Governo
é “aguado”, não apresenta
metas claras, formas de financiamento de ações
e está aquém do texto elaborado há
20 anos, na Rio92, conferência que vinculou
o desenvolvimento ao meio ambiente.
As
avaliações foram apresentadas por
representantes de organizações não
governamentais (ONGs) que acompanharam as discussões
do texto final por meio do Major Group ONGs e por
especialistas da área ambiental. A apresentação
foi feita ontem (19) à noite na Cúpula
dos Povos - evento paralelo à conferência
oficial da Organização das Nações
Unidas (ONU) -, no Aterro do Flamengo.
Ao
lado de representantes de organizações
como Greenpeace, WWF e Oxfam, o coordenador do Vitae
Civilis, Aron Belinky, disse que para conseguir
o consenso uma série de questões polêmicas
foi varrida "para debaixo do tapete”,
sem resolvê-las. “Achamos que essa é
uma estratégia arriscada, que coloca o resultado
à frente do que deveria ser encarado”.
Para
Belinky, o melhor era ter deixado claro que certo
pontos não tinham o apoio dos negociadores.
“Se não tem consenso, que fique claro
que não tem consenso. Que não se faça
um documento aguado, que todo mundo concorda porque
não faz diferença nenhuma”,
criticou o diretor, sem pontuar os itens que poderiam
ter obtido maior avanço.
O
professor da Universidade de São Paulo (USP)
Wagner Costa Ribeiro, que teve acesso a versão
do texto final e participou da avaliação
apresentada pelo Fórum Brasileiro de ONGs
e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
(Fboms) na cúpula, disse que a consolidação
do documento, acordado por 193 delegações,
foi forçada e reflete a insatisfação
de várias partes.
“É
uma festa onde todo mundo sai descontente”,
comentou Ribeiro. Elaborar o consenso a partir da
insatisfação não me parece
algo importante. O que vi realmente não é
estimulante porque não cria metas ou vínculos
ou quem vai pagar a conta”, acrescentou.
Ao
comparar o documento da Rio92 com o texto da Rio+20,
o professor culpou o cenário internacional,
de crise financeira, pela falta de grandes avanços.
Ele também citou a reunião do G20
(que ocorre no México, paralelamente à
Rio+20), as eleições na Grécia
e até a Eurocopa (campeonato de seleções
europeias de futebol). “Não diria que
foi pior, mas que não teve o mesmo nível
de ousadia”, avaliou.
Os
especialistas também criticaram a ONU pela
pequena abertura para participação
da sociedade nas negociações da conferência.
“É um espaço limitado, de dois
ou três minutos de fala, nos Major Groups.
Ou seja, pequenas intervenções em
meio a uma burocracia que não permite o avanço
de uma proposta democrática”, destacou
o representante da Vitae Civilis.
Fonte: Agência Brasil