21/06/2012
- 19h14 - Rio+20 - Alana Gandra - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro - O secretário-geral
da Organização das Nações
Unidas (ONU), Ban Ki-moon, chamou a atenção
hoje (21) a importância de os governos locais
e os líderes de todo o mundo caminharem cada
vez mais juntos na busca do desenvolvimento sustentável.
Ele disse que, no mundo globalizado, há pouca
diferença entre governos locais e governos
nacionais e destacou as ações que
vêm sendo empreendidas pelas prefeituras municipais
para encontrar soluções para os problemas
de transporte e de água, por exemplo.
Segundo
Ban Ki-moon, foram feitos progressos em relação
a ações sustentáveis no documento
final da Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
Rio+20, que será firmado amanhã (22)
pelos países-membros da ONU. “Há
avanços para o desenvolvimento sustentável”,
disse.
O
secretário-geral da ONU que o tema cidades
sustentáveis também foi contemplado.
Ele observou que a urbanização crescente
é a raiz dos problemas enfrentados pelas
cidades no que diz respeito às mudanças
climáticas. Por isso, Ban Ki-moon pediu o
comprometimento dos governos locais para superar
esse desafio e garantir às populações
um ambiente de vida mais decente. “O envolvimento
dos prefeitos é importante para evitar a
pobreza, para proteger o meio ambiente e reduzir
os riscos [das emissões de gases poluentes].”
Ban
Ki-moon analisou que o documento conclusivo da Rio+20
não será o final do caminho rumo ao
desenvolvimento sustentável, mas o início
do processo. Ele lamentou que a ONU não possa
dar suporte financeiro aos governos locais para
que efetivem ações de redução
das emissões de gases de efeito estufa.
Ele
informou que a ONU vai criar um fundo de tecnologias
verdes, com recursos no valor de US$ 100 milhões,
para serem aplicados na viabilização
de projetos para garantir o acesso de pessoas sem
eletricidade nos países mais pobres à
energia.
O
presidente da instituição Governos
Locais pela Sustentabilidade (Iclei), David Cadman,
declarou que “há um senso de urgência
que nós [governos locais] não sentimos
nos governos nacionais”. A expectativa, segundo
ele, era que a Rio+20 compensasse o que não
foi feito nos últimos 20 anos, no mundo,
em relação às mudanças
climáticas. “O documento final da Rio+20
inclui as cidades, mas não os governos nacionais
como gostaríamos”, manifestou.
Para
ele, os governos nacionais e internacionais têm
de ajudar os governos locais na promoção
do desenvolvimento sustentável. Cadman frisou
a necessidade de parceria e ajuda dos governos nacionais
e internacionais. “Não temos tempo
a perder”.
Ainda
com relação ao documento, o secretário-geral
da ONU reiterou que o documento da conferência
estabelece orientações concretas em
26 áreas principais, entre as quais cidades
e urbanização. Segundo Ban Ki-moon,
há ainda problemas como falta de água,
de saneamento, de transporte, questões climáticas,
desertificação, desmatamento, para
os quais seria impossível qualquer esforço
sem a participação ativa das cidades.
Ele
anunciou que será criado um painel com pessoas
de alto nível, que vai trabalhar essas questões
também no nível político. Ele
designou o presidente da Libéria e o primeiro-ministro
da Inglaterra para liderar o painel, que discutirá
as ações e objetivos do desenvolvimento
sustentável. Na avaliação do
secretário-geral da ONU, os líderes
mundiais que participam da Rio+20 acabarão
concordando com um fórum político
inclusivo para debater o desenvolvimento sustentável,
capaz de criar condições para um mundo
mais próspero e de maior qualidade para todos,
nos níveis econômico, social e ambiental.
+
Mais
Movimentos
sociais fazem retirada simbólica do pavilhão
onde líderes discutem Rio+20
21/06/2012
- 17h32 - Rio+20 - Flávia Villela e Thais
Leitão - Repórteres da Agência
Brasil - Rio de Janeiro – Enquanto chefes
de Estado e de Governo participam hoje (21) do segundo
dia da Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
Rio+20, grupos inconformados com os rumos das discussões
oficiais e com o documento final que os líderes
vão assinar ao fim do encontro reivindicam,
no Riocentro, maior participação social
nas decisões.
Do
lado de fora do pavilhão onde ocorre o encontro
das lideranças mundiais, integrantes de diversos
movimentos sociais se reuniram e decidiram fazer
uma retirada simbólica da conferência.
Segurando faixas e cartazes, eles deixaram o local
nesta da tarde e, em coro, diziam: “o futuro
que nós queremos não está aqui”.
A
jovem ucraniana Ina Datsiuk, que veio à Rio+20
para participar das discussões com foco na
juventude, lamentou a falta de acesso da sociedade
civil aos espaços de reuniões oficiais.
“Essa decisão de sair foi espontânea,
acabou de acontecer. Estamos indo embora em um protesto
simbólico para a Cúpula dos Povos,
onde as verdadeiras vozes são ouvidas”,
disse, referindo-se ao evento paralelo à
Rio+20 que reúne representantes da sociedade
civil no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio, em
contraponto à conferência da ONU.
A
ativista Gabriela Baesse, representante do Fórum
Brasileiro de Organizações Não
Governamentais e Movimentos Sociais para o Meio
Ambiente (Fbongs), veio de Natal para a Rio+20,
mas também ficou frustrada com a falta de
resultados concretos assumidos pelos chefes de Estado.
“Falaram que neste evento haveria maior participação
da sociedade civil, mas a gente não pode
ver o que eles estão falando nem interferir.
A gente vê muita burocracia, mas nada acontece
de verdade”, lamentou.
Ainda
segundo Gabriela, o documento final da conferência
não dá ênfase à questão
ambiental. “Tem artigos falando de aspectos
sociais e ambientais, mas o foco é sempre
no econômico”, reclamou.
Não
muito longe do local da manifestação,
o coordenador do Conselho Indígena de Roraima,
Mário Nicácio, tentava entrar no espaço
oficial da cúpula. Acompanhado de um grupo
das etnias Macuxi e Wapichama, do território
Raposa Terra do Sol, Nicácio reivindicava
a garantia dos direitos dos povos indígenas,
principalmente a demarcação de suas
terras. “Estamos aqui para reivindicar nossos
direitos e reforçar o documento que nossos
representantes entregaram aos chefes de Estado,
pedindo, principalmente, a demarcação
das terras dos povos indígenas”, disse.
Fonte: Agência Brasil