21/06/2012
- 19h59 - Vitor Abdala - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro – O presidente do
Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse hoje (21)
que o Brasil pode desempenhar um papel muito importante
na construção de uma nova ordem mundial.
Em entrevista concedida na tarde desta quinta-feira,
no Rio de Janeiro, o líder iraniano fez várias
críticas à atual ordem mundial que,
segundo ele, é controlada pelos Estados Unidos
e outras potências ocidentais e marcada pela
“injustiça”.
“Certamente,
esta conferência Rio+20 é um esforço
da parte do Brasil. É claro que não
é só com esta conferência que
chegaremos a esse objetivo, mas esse é um
dos passos que temos que dar. A sociedade brasileira
é dinâmica e cultural, a população
procura justiça. Tem muitas personalidades
corajosas que estão à procura da justiça”,
disse Ahmadinejad.
Segundo
o presidente iraniano, o Brasil é uma liderança
da América Latina que também exerce
um papel mundial. Ele disse que, diante disso, pretende
ampliar as relações econômicas
com o Brasil. “Um ponto importante é
que nossas relações estão fora
da dominação dos países poderosos”,
observou.
O
presidente do Irã também comentou
sobre a situação da Síria,
que vive um conflito civil há mais de um
ano. Segundo Ahmadinejad, a situação
do país deve ser resolvida pelas partes envolvidas
(o governo do presidente Bashar Al Assad e os rebeldes),
por meio do consenso e do diálogo. Para ele,
os países não deveriam intervir enviando
armas para o confronto.
“Acreditamos
que a justiça e a liberdade são direitos
de todos os povos. E os povos, com consenso e cooperação,
têm que estabelecer a paz e a liberdade. Também
queremos isso, falando com as duas partes para criar
uma lógica de diálogo. Nosso problema
na região é a intervenção
de poderes ocidentais. Para fazer essa intervenção,
estão, constantemente, fazendo as divisões
dos povos, apoiando uns governos e colocando-os
contra outros”, disse.
Ele
também citou o diálogo como forma
de mostrar ao mundo que o Irã quer cooperar
com as negociações em torno de seu
programa nuclear. Ahmadinejad, no entanto, acusou
os Estados Unidos e outros países que participam
das negociações de ter uma posição
contra o uso da energia nuclear pelo Irã
porque, segundo ele, “não querem o
progresso” de seu país.
O
presidente iraniano voltou a dizer que o programa
nuclear tem fins pacíficos e que o Irã
não quer construir uma bomba atômica.
“Nós acreditamos que a energia nuclear,
como outros meios energéticos, devem ser
acessíveis para todas as nações,
um direito de todas as nações. Mas,
infelizmente, essa energia nuclear também
está monopolizada por alguns”, avaliou.
Ele
destacou, ainda, o fato de os países que
querem impedir o desenvolvimento do programa nuclear
iraniano serem os mesmos que têm bombas atômicas:
os Estados Unidos, que assume seu arsenal nuclear,
e Israel, que não nega ter armas nucleares.
Segundo
Ahmadinejad, quando o Irã era um regime monárquico,
países ocidentais tinham acordos nucleares
com seu país. No entanto, depois da revolução
islâmica, em 1979, essas nações
romperam seus contratos com os iranianos, sem ressarci-los
financeiramente.
+
Mais
Construção
de hidrelétrica é criticada em debate
na Cúpula dos Povos
21/06/2012
- 20h24 - Da Agência Brasil - Rio de Janeiro
– Com objetivo de alertar a sociedade sobre
os problemas socioambientais e econômicos
envolvendo a construção da Usina Hidrelétrica
de Belo Monte (PA), ativistas e membros da organização
não governamental (ONG) Movimento Xingu Vivo
Para Sempre se reuniram hoje (21) na Cúpula
dos Povos, no Parque do Flamengo, na zona sul da
capital fluminense.
A
coordenadora da ONG, Antônia Melo, disse que
construção das usinas representa uma
tragédia em todos os sentidos possíveis,
em relação à violação
dos direitos humanos, culturais e ambientais. E
que o governo defende a construção
da hidrelétrica com base em motivos que considera
falsos.
“O
judiciário faz uso de um argumento utilizado
durante a ditadura militar chamado de Suspensão
de Segurança, que é quando o governo
entende que o país está entrando em
um caos energético, gerando um grande apagão.
Portanto, é necessária a construção
dessas hidrelétricas a qualquer custo. Isso
é uma mentira, pois o Brasil não vai
entrar em desordem por causa de energia”,
disse.
O
presidente da ONG ambiental Doga Dernegi, da Turquia,
Guven Eken, também criticou a construção
de usinas hidrelétricas sob o argumento de
fonte de energia limpa. Segundo ele, com as mudanças
climáticas, muitas instituições
estão promovendo as hidrelétricas
como fonte de energia verde e renovável,
e os governos estão seguindo essa agendas.
“Nós esperamos que seja feito o oposto,
porque vemos como o povo vem sofrendo com a construção
das usinas. Essa ideia representa o benefício
das corporações, não das pessoas”,
declarou.
A
índia da etnia Kaiapó, de Mato Grosso,
Nayalu, ressaltou que a Cúpula dos Povos
não é um evento festivo, destinado
à venda de artesanato, mas um fórum
de debates para discussões de problemas imediatos
e que atingem as populações marginalizadas.
Ela destacou a questão das terras indígenas
prejudicadas pela construções de hidrelétricas.
“Os
governantes deveriam estar resolvendo os problemas
locais, em vez de estarem pensando nos problemas
globais. Nós, manifestantes, somos julgados
criminosos, e estamos aqui para lutar pelos nossos
direitos e pelas coisas que nos foram tomadas. Queria
deixar bem claro que somos contra a construção
da Usina de Belo Monte e de quaisquer outras hidrelétricas
que venham a atingir nossas terras”, disse
Nayalu.
Fonte: Agência Brasil