21/06/2012
- 18h25 - Rio+20 - Renata Giraldi e Carolina Gonçalves
- Enviadas Especiais da Agência Brasil - Rio
de Janeiro – O chefe da delegação
do Brasil na Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
Rio+20, embaixador André Corrêa do
Lago, um dos principais negociadores do documento
final da conferência, condenou hoje (21) a
cobrança de líderes políticos
por um texto mais amplo e completo. Para ele, os
líderes não podem fazer cobranças
porque seus negociadores participaram de todas as
reuniões e concordaram com a redação
do texto finalizada há dois dias.
“Líder
[referindo-se a chefes de Estado e Governo] reclamar
não faz sentido, pois todos participaram
das negociações [sobre o texto final
da conferência]. O que deve haver é
uma dimensão de entendimento de que há
uma decisão global e outra que diz respeito
a como cada país vai fazer individualmente”,
disse o embaixador.
Publicamente,
vários presidentes reclamaram do texto final,
como François Hollande (França), Rafael
Correa (Equador), José Pepe Mujica (Uruguai),
Evo Morales (Bolívia) e Raúl Castro
(Cuba), além de autoridades europeias. Nos
últimos dias das negociações
em torno do documento, houve divergências
entre os negociadores dos países desenvolvidos
e os de países em desenvolvimento.
Diferentemente
do que ocorreu a portas fechadas no Riocentro, principal
local das negociações da conferência,
Lago elogiou os norte-americanos. Segundo ele, há
uma compreensão do governo dos Estados Unidos
sobre a necessidade de promover o desenvolvimento
sustentável como oportunidade para gerar
avanços sociais e ambientais.
O
embaixador reiterou que a conclusão geral
é que o saldo da Rio+20 é positivo.
“O principal saldo da conferência foi
fazer com que o desenvolvimento sustentável
se transforme em paradigma em todos seus aspectos,
o social, o ambiental e o econômico”,
disse Lago.
A
ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que entregou
o documento com críticas ao texto final da
Rio+20 às autoridades, rebateu a afirmação.
Segundo ela, a sociedade civil não se vê
representada nos 283 pontos contidos na redação
acordada e que, por isso, não há razão
para manter, no texto, a informação
que os movimentos sociais apoiam o documento.
“É
engraçado que, neste momento, há um
consenso, né? Os chefes de Estado [e Governo]
todos dizem que estão insatisfeitos com o
texto. Não sei para quem estão falando,
talvez para eles mesmos”, disse a ex-ministra.
Marina
Silva completou dizendo que “se não
estão satisfeitos com o texto que eles decidiram,
por que a sociedade vai chancelar? Neste momento,
a sociedade está cumprindo seu papel. O que
está sendo feito é adiar mais uma
vez o inadiável”. O embaixador disse
que é natural a cobrança da sociedade
civil. “É função da sociedade
civil cobrar”, ressaltou Lago.
+
Mais
Dilma
tem agenda intensa na Rio+20, com reuniões
bilaterais
21/06/2012
- 6h07 - Renata Giraldi e Carolina Gonçalves
- Enviadas Especiais - Rio de Janeiro – A
presidenta Dilma Rousseff tem hoje (21) agenda intensa
de compromissos paralelos à Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, além da terceira
reunião plenária de chefes de Estado
e Governo. Dilma toma café da manhã
com o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip
Erdogan, e tem reuniões ao longo do dia com
o presidente do Congo, Denis Sassou-Nguesso, e os
primeiros-ministros Julia Gillard (Austrália)
e Wen Jiabao (China).
A
equipe da presidenta recebeu 57 pedidos para audiências
bilaterais. Mas, em decorrência das dificuldades
de tempo, Dilma deverá se reunir apenas com
sete autoridades. Além das audiências
de hoje, ela se reuniu ontem (20) com os presidentes
François Hollande (França), Macky
Sall (Senegal) e Goodluck Jonathan (Nigéria).
Os
encontros foram marcados por um tom de cobrança
por parte da presidenta que, no caso da França,
esperava mais empenho em relação aos
pontos do texto da conferência que esbarravam
em compromissos financeiros. Dilma lembrou que países
africanos contribuíram com os europeus para
a superação da crise. De outro lado,
ouviu críticas ao documento concluído
pelos negociadores. Eles estiveram, nos últimos
dias, sob o comando da delegação brasileira
que empenhou-se em concluir um documento conciso
antes que os líderes dos países chegassem
à conferência.
Anteriormente,
estavam previstos encontro com o presidente de El
Salvador, Mauricio Funes, que é casado com
a brasileira Vanda Pignato, ligada ao Partido dos
Trabalhadores, e uma reunião com cerca de
50 representantes da União Africana. Mas
esses compromissos não foram incluídos
na primeira agenda da presidenta que, no entanto,
pode ser alterada.
Dilma
quer assegurar aos africanos que, assim como o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, quer manter uma
relação privilegiada com a África,
que está entre as prioridades da política
externa brasileira. Desde que assumiu o governo,
ela visitou Angola e Moçambique, mas pretende
ampliar as viagens para outros países da
região.
Os
líderes africanos reiteram que pretendem
fortalecer as relações com o Brasil
e a América Latina, pois acreditam que os
continentes têm semelhanças. Para os
africanos, a globalização aproxima
os países de tal maneira que há uma
tendência também à ampliação
da classe média na África, como ocorre
no Brasil.
Uma
das preocupações dos africanos é
com o crescimento populacional, pois a estimativa
é que em breve a África tenha 2 bilhões
de habitantes. Eles querem desenvolver parcerias
para implementar a agricultura tropical, aproveitando
a geologia da região que é semelhante
à do Brasil, e trocar experiências
para a transferência de tecnologias.
Fonte: Agência Brasil