21/06/2012
- 21h07 - Carolina Gonçalves e Renata Giraldi
- Enviadas Especiais da Agência Brasil - Rio
de Janeiro – O Brasil e a China assinarão,
na próxima semana, um protocolo financeiro
de crédito recíproco em moeda local,
denominado swap agreement, no valor de R$ 60 bilhões
– o equivalente a US$ 30 bilhões e
cerca de 190 bilhões de yuans, a moeda chinesa.
Só o comércio entre os dois países
movimentou US$ 84,5 bilhões, em 2011, com
saldo favorável ao Brasil. O ministro da
Fazenda, Guido Mantega, disse hoje (21) que os últimos
detalhes do acordo estão sendo fechados.
A
decisão foi negociada durante reunião
bilateral entre a presidenta Dilma Rousseff e o
primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, na tarde
desta quinta-feira. As conversas ocorreram no intervalo
das reuniões de chefes de Estado e Governo
da Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.
A
China é o principal parceiro comercial do
Brasil superando os Estados Unidos. Mantega explicou
que a medida é uma garantia de que as relações
comerciais entre as duas economias não serão
afetadas pela crise econômica internacional.
Segundo ele, com o acordo, ambos os governos podem
sacar até o limite do valor para investimentos
recíprocos.
O
ministro disse ainda que, no caso de um agravamento
do cenário econômico mundial, que possa
afetar a disponibilidade de crédito comercial,
a China e o Brasil terão segurança
nas transações, pois contarão
com a reserva em moeda local. Mantega lembrou que
o acordo com os chineses é uma precaução
em relação aos impactos causados pelo
agravamento da crise.
“Em
um outro momento, tivemos congelamento do comércio
internacional. Estamos criando uma modalidade para
contornar movimentos como esse”, disse o ministro.
De acordo com ele, o interesse do governo é
reforçar a situação financeira
com a China em um cenário, no qual a economia
do mundo está “estressada”.
Mantega
lembrou que o governo havia sinalizado com o interesse
de ampliar essa modalidade de crédito recíproco
para todos os países do Brics, bloco formado
pelo Brasil, a Rússia, Índia, China
e África do Sul. “Primeiro, será
a China. Depois que conseguirmos configurar o fundo
de reservas, vamos ampliar para os outros”,
disse Mantega, destacando que o fundo de reserva
do grupo soma US$ 4,5 trilhões.
“Nosso
movimento leva em conta que os países desenvolvidos
estão em crise e que as economias mais dinâmicas
agora são as dos países emergentes
[Brics], que têm que compartilhar seu dinamismo”,
acrescentou. “Os países do Brics são
uma parceria que estão dando certo pelo dinamismo.”
O
ministro da Fazenda disse que o Brasil percebe como
oportunidade para “abrir portas” o fato
de os mercados europeus e norte-americano estarem
retraídos em decorrência dos efeitos
da crise econômica internacional e ampliando
as parcerias com a China.
Lembrando
que as exportações brasileiras para
a China se concentram em commodities (bens primários
com cotação no mercado financeiro),
ele disse que o governo brasileiro quer aproveitar
a ocasião para estimular as vendas externas
também de manufaturados para os chineses.
“Temos um cenário diferente no qual
a situação europeia se agrava e os
mercados estão travados. Isso faz com que
seja mais fácil prosperar um acordo com o
Brasil. Os [países] avançados vão
ficar para trás e os emergentes vão
avançando”, ressaltou.
+
Mais
Documento
síntese da Cúpula dos Povos será
concluído amanhã
21/06/2012
- 20h12 - Nielmar de Oliveira - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro - Os cinco
principais temas em discussão nas plenárias
da Cúpula dos Povos estão sendo compilados
e serão sintetizados em um documento único
que deverá ser encaminhado ao secretário-geral
da Organização das Nações
Unidas (ONU), Ban Ki-moon, em encontro nesta sexta-feira
(22).
A
informação foi dada à Agência
Brasil pela ativista Lúcia Ortiz, uma das
organizadoras da plenária final e que pertence
à organização Amigos da Terra
Internacional.
Durante
a reunião da Cúpula dos Povos, que
ocorreu paralelamente à Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, foram realizadas cinco
plenárias: Direito, Justiça Social
e Ambiental; Defesa dos Bens Comuns contra a Mercantilização;
Soberania Alimentar; Energia e Industrias Extrativas.
“Nestas
plenárias nós procuramos trabalhar
na construção de uma outra economia
e de novos paradigmas para os povos. Discutimos
as causas estruturais e as falsas soluções
apresentadas como salvação para as
crises vividas hoje por alguns dos principais países
do mundo. Discutimos também as soluções
apresentadas e o que elas têm em comum”,
disse Lúcia.
Ao
falar sobre a mobilização da sociedade
civil, traduzida na reunião das diversidades
culturais, étnicas e raciais que ocorre no
Aterro do Flamengo, Lúcia destacou diversas
manifestações, como a marcha de milhares
de pessoas pelo centro do Rio de Janeiro realizada
ontem (20) em protesto contra posições
constantes do documento oficial da Rio+20 e contra
o novo Código Florestal.
“Mais
do que isto: nós estaremos elaborando na
assembleia de amanhã (22) uma declaração
contextualizada das falhas do sistema internacional
das Nações Unidas, que se mostrou
um verdadeiro fracasso tanto em dar conta do reconhecimento
das causas da degradação do meio ambiente
como da apresentação de soluções
concretas para o problema”.
Lúcia
disse que a decisão de entregar o documento
com a síntese das plenárias ao secretário-geral
da ONU, Ban Ki-moon, na reunião de amanhã
ainda não foi tomada. “A gente tem
uma reunião agendada com o secretário-geral
das Nações Unidas, Ban Ki-mon, mas
o nosso processo não tem esta entrega como
objetivo final”.
Na
avaliação da ativista do Amigos da
Terra Internacional, mais importante do que a entrega
a Ban Ki-moon, é o destino que cada governo
dará a este documento. “Esta síntese
é uma consequência do processo de articulação,
mobilização e construção
da luta que estamos travando. Mas, mais importante
para a gente é concluir a leitura desta síntese.
O que os governantes vão fazer com o documento
vai depender de cada governo. Se eles vão
ouvir o povo ou continuar capturados pelos interesses
das grandes corporações é uma
decisão que só a eles compete”,
avalia.
Lúcia
Ortiz também deixou em aberto a possibilidade
de que a Cúpula dos Povos opte por divulgar
o documento através da imprensa, “que
é quem vem de fato dando apoio e divulgando
os nossos eventos”.
Fonte: Agência Brasil