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Mercado de orgânicos cresce, mas ainda enfrenta barreiras, dizem produtores
 

21/06/2012 - 13h25 - Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro – O mercado para produtos orgânicos – sem uso de agrotóxicos, adubação química ou hormônios – está se expandindo rapidamente no Brasil, mas os produtores ainda enfrentam barreiras para chegar aos consumidores. A avaliação é de produtores orgânicos reunidos na conferência Green Rio, evento de agricultura orgânica paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.

A produtora rural Romina Lindemann, da empresa Preserva Mundi, que fabrica produtos de uso medicinal e veterinário a partir do neem, uma erva indiana cultivada na fazenda da família, no município de São João de Pirabas, no nordeste do Pará, reclama da falta de assistência técnica e da logística de entrega.

“O neem é uma planta indiana usada há mais de 4 mil anos na medicina na Índia. Lá ele é usado como repelente de insetos e como creme dental, pois os indianos mascam os galhos do neem como se fosse a escova de dentes”, disse.

“A dificuldade para os produtores orgânicos é o acesso à assistência técnica. Hoje o produtor fica carente. A indústria química tem pessoal para colocar equipes viajando de carro pelas estradas do país. Os produtos naturais custam até mais barato, mas não tem a assistência que a indústria química dá. O governo tenta fazer algumas ações, mas ainda é muito limitado”, disse Romina, que cultiva 160 mil pés de neem em sua fazenda.

O produto tem apresentações em pó, sabonete ou líquida e pode ser usado no combate a piolhos, bernes, vermes e mosca de chifre em bovinos, na forma de chá.

Para a produtora orgânica Rosangela Cabral, dona da empresa Secale Pães Orgânicos, o maior problema não foi a aceitação de sua linha de pães, mas a dificuldade para encontrar uma logística de distribuição que atenda tanto aos grandes mercados como às pequenas lojas de produtos naturais, muitas a centenas de quilômetros de distância de sua padaria, em Porto Alegre.

“O negócio está crescendo, mas têm mil dificuldades. A empresa está indo bem, mas eu preciso ter mais fôlego. O problema é a logística de entrega, pois o volume é pequeno e o frete é caro. Para o orgânico deslanchar de vez no Brasil é preciso resolver a questão da distribuição”, avaliou Rosangela que há seis anos fabricava 500 pães por mês e, hoje, produz 15 mil.

O produtor rural Dick Thompson, da região de Itaipava, em Petrópolis (RJ), começou há cerca de 22 anos entregando verduras orgânicas para cinco amigos que moravam no Rio de Janeiro. Depois de trabalhar por anos no mercado financeiro, ele resolveu investir em um sítio de 50 hectares na serra e optou pela produção sem venenos ou adubo químico, quando criou a empresa Sítio do Moinho.

“Na época era uma novidade completa. Comecei pensando em alimentar minha família de uma forma saudável e correta. Aí entendi que o processo era benéfico não só para a saúde do indivíduo, como para o meio ambiente e o mundo. Comecei entregando verduras em domicílio para cinco amigos. A coisa foi crescendo e hoje fazemos 300 entregas por semana, disse Dick, que também vende seus produtos em uma loja própria na zona sul e deve inaugurar outra na Barra da Tijuca. Além das hortaliças, ele também comercializa massas, granolas, pães e outros artigos orgânicos.

Para ele, o preço dos orgânicos jamais será o mesmo que o da produção convencional, pelo simples fato de que a produção orgânica leva mais tempo para chegar ao ponto de colheita ou de abate, justamente por não utilizar de adubação química nem de hormônios. “Uma alface orgânico leva três meses para estar pronta. Uma de agricultura convencional pode ser colhida em dois meses. Ou seja, com orgânico eu tenho quatro safras por ano, enquanto com adubação química consigo seis. Os orgânicos serão sempre de 20% a 30% mais caros”, comparou Dick.

O secretário nacional de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Laudemir Müller, acredita que estratégias de governo possam equilibrar os preços. “O nosso objetivo é que os orgânicos tenham os mesmos preços de mercado que os não orgânicos. Nossa estratégia é promover a produção orgânica e a agricultura familiar, gerando desenvolvimento no meio rural, e dar acesso a um alimento de maior qualidade nutritiva e socioambiental. A produção orgânica já não é cara. Temos uma política de crédito específica para os orgânicos e uma assistência técnica e de extensão rural”, disse Müller. Atualmente, segundo o MDA, o país tem registrado cerca de 90 mil famílias dedicadas à agricultura orgânica.

A responsável pela conferência Green Rio, Maria Beatriz Martins Costa, da empresa Planeta Orgânico, reforça a tese de que a produção orgânica está ficando cada vez mais barata e acessível a um segmento maior de consumidores, por meio dos ganhos de escala. “Um grande impulso que o mercado está tendo são as políticas públicas, na medida em que os agricultores familiares têm incentivo a entrar no setor orgânico. Um dos maiores grupos de supermercado do Brasil registrou crescimento de 35% na venda de orgânicos em 2011, comparado com o ano anterior, que já vinha de um crescimento de 70% desde 2003, quando começaram a trabalhar com produtos orgânicos”, destacou Maria Beatriz.

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Falta de qualidade técnica de estudos compromete criação de áreas de conservação marinha no Brasil

21/06/2012 - 6h24 - Carolina Gonçalves e Renata Giraldi - Enviadas Especiais - Rio de Janeiro - A inclusão do compromisso com a proteção dos oceanos no documento da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, é celebrada pelo governo como uma das grandes vitórias nas negociações que precederam a reunião de cúpula do evento. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ressaltou o esforço feito pela delegação brasileira para garantir que o tema fosse contemplado no texto.

"[Durante as negociações da Rio+20] o Brasil se dedicou à questão dos oceanos para ter uma referência no documento. Foi uma das nossas prioridades", disse ela.

Em suas últimas entrevistas, Izabella Teixeira tem reiterado a importância que o governo atribui a essa área. Nos últimos dias, negociadores brasileiros e estrangeiros buscaram consenso em torno de questões divergentes.

No caso dos oceanos, o debate seguia entremeado de rumores sobre as resistências norte-americana e japonesa de aderir ao compromisso de proteção em alto-mar. Depois que o texto foi concluído, na madrugada de anteontem (19), o chefe da delegação norte-americana na Rio+20 negou que os Estados Unidos tenham tentado bloquear o acordo.

Apesar da posição brasileira pela inclusão do tema, o governo tem sofrido críticas de movimentos ambientalistas que consideram lento o processo de criação de áreas de conservação marinha. Ao ser perguntada sobre a estratégia brasileira para assegurar a proteção dessas áreas, Izabella Teixeira assegurou que as áreas de proteção marinha e costeira serão ampliadas.

Segundo a ministra, para ampliar as regiões protegidas "é preciso se basear em estudos e na legislação". Sobre expectativas recentes em relação a áreas em Abrolhos, no sul da Bahia, ela disse que as análises que precedem a criação dessas unidades ainda não têm a qualidade técnica desejada.

"Não temos nenhuma restrição [à identificação de áreas de proteção]. Mas, os estudos não são sérios, é preciso se dedicar mais a isso", acrescentou Izabella Teixeira.
Fonte: Agência Brasil

 
 
 
 

 

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