21/06/2012
- 12h58 - Flávia Villela - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro - O presidente
do Equador, Rafael Correa, sugeriu hoje (21) na
Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentáveis (Rio+20)
que os países mais ricos compensem as nações
mais pobres pela dívida ecológica
que têm com o planeta.
Em
sua apresentação, ele mostrou que
os 20% mais ricos geram 60% das emissões
de gases de efeito estufa do planeta e os 20% mais
pobres emitem pouco mais de 1%. “São
os países mais pobres os maiores produtores
de bens ambientais e os países ricos estão
consumindo bens que sequer produzem. Essa é
uma das maiores injustiças planetárias”,
disse Correa, que comentou que os que mais sofrem
com o aquecimento global causado, sobretudo, pelas
nações mais ricas são as populações
mais pobres.
Correa
falou por mais de 20 minutos, embora o limite da
plenária seja de apenas cinco, e sugeriu
novas regras e incentivos para compensar os países
que preservam seus recursos naturais e não
apenas os que recuperam o que foi destruído.
Ele comentou o fato de o Equador ter uma enorme
quantidade de petróleo dentro de uma região
de floresta rica em biodiversidade e com povos indígenas
vivendo na região e ter decidido não
explorá-lo.
“Não
se trata de caridade, mas de corresponsabilidades
diferenciadas que temos para evitar o aquecimento
global e a emissão de gás carbônico.
Ao deixar esse petróleo debaixo da terra
[a maior reserva do Equador, 846 milhões
de barril de petróleo], evitamos a emissão
de aproximadamente 407 milhões de toneladas
de dióxido de carbono no mundo”, disse
Correa.
Ele
criticou os presidentes dos países mais ricos
que não vieram à conferência.
“Ontem a jovem neozelandesa pediu que [chefes
das nações] não viessem para
cá para manter as aparências, mas para
salvar o planeta. Mas alguns em sua prepotência,
arrogância, seguros de seu poder, sequer vieram
para manter as aparências. Para eles, talvez
essa cúpula não seja importantes e
continuará sendo assim enquanto não
mudarmos essas relações de poder.”
Ele
lembrou a crise econômica mundial, quando
bancos falidos receberam milhões de dólares
de ajuda de governos nacionais, e defendeu que o
problema ambiental não é técnico,
mas político.
“A
esperança é que os próprios
cidadãos do Norte, que também são
vítimas do sistema, do grande capital, se
rebelem e mudem essa relação de poder.
São indignados do mundo, sobretudo do primeiro
mundo, que nos dão a esperança de
uma lógica de justiça não apenas
mercantilista. E assim deixar aos nossos filhos
e filhos de nossos filhos um planeta tão
belo como o que recebemos”, completou.
+
Mais
CNPq
lança edital para pesquisas e parcerias com
África francófona
21/06/2012
- 6h40 - Isabela Vieira - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - Para estimular pesquisas
de combate à desertificação
na África, precisamente em regiões
áridas e semiáridas, um edital será
lançado hoje (21) pelo Brasil em parceria
com a França e a Agência Pan-Africana
da Grande Muralha Verde. O anúncio foi feito
ontem (20), em evento paralelo à Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20.
O
investimento será 1 milhão de euros
em pesquisas e projetos, visitas exploratórias
à África e ao Brasil, além
de eventos para a transferência de tecnologia.
A exigência é que os interessados integrem
instituições ou sejam pesquisadores
dos três países, explicou o presidente
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva.
Segundo
ele, instituições brasileiras como
as universidades federais da Bahia, do Ceará
e de Pernambuco, por exemplo, já desenvolvem
pesquisas ou têm experiências no sertão
brasileiro que podem ser replicadas na África.
Entre elas estão a instalação
de poços, o tratamento de água salobra,
a gestão de produção animal
e o aproveitamento da vegetação típica.
Oliva
acrescentou que a parceria quer ir além,
incentivando a vinda de estudantes africanos para
cursos de mestrado e doutorado em diversas áreas.
"As soluções buscadas para o
semiárido não são simplesmente
de irrigação, de levar água
para a região seca. Isso passa pelo aproveitamento
das características econômicas da região
e não só o uso agriculturável
da terra", disse.
O
edital é voltado para países africanos
francófonos (de fala francesa), mobilizados
desde 2010 pelo Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento
(IRD). O representante do órgão no
Brasil, Jean-Loup Guyot, explica que desde o seminário
sobre desertificação organizado pelo
Brasil em 2010, pesquisadores de instituições
africanas, brasileiras e francesas demonstraram
interesse na parceria.
"Estamos
facilitando este primeiro momento Sabemos que o
montante é pequeno e que as metas são
ousadas. Mas é um início, um começo,
que queremos fortalecer", disse o francês.
Na
avaliação do presidente do CNPQ, a
despeito das semelhanças culturais entre
o Brasil e a África, as diferenças
linguísticas não devem atrapalhar.
"É uma questão de dois ou três
meses. Somos todos falantes de línguas latinas.
É preciso prática".
Fonte: Agência Brasil