22/06/2012
- 16h15 - Rio+20 - Alana Gandra - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro –
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira,
lamentou hoje (22), em entrevista no Espaço
Humanidade 2012, que questões como a dos
direitos reprodutivos das mulheres, “em que
o Brasil já avançou tremendamente”,
e de oceanos, “embora aprovado o tratado”,
não tenham avançado na Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, Rio+20, que se encerra nesta
sexta-feira, no Riocentro.
“Creio
que, na questão da produção
e do consumo, além da adoção
do plano [para que os países atinjam a sustentabilidade
nessas duas áreas], nós poderíamos
ter deixado claro o que significa isso. O plano
é excepcional, mas como é que nós
vamos transformar com as obrigações
dos países desenvolvidos?”, questionou
Izabella.
Para
a ministra, o Brasil lutou pelo que deveria ser
incluído na Rio+20. Um dos destaques, segundo
ela, foi o piso social, que assegura renda para
as populações pobres com critérios
ambientais, econômicos e sociais. “Nós
temos ambições realizadas e vamos
fazer mais”, prometeu.
No
cômputo geral, o balanço é positivo,
disse Izabella Teixeira. Ela avaliou a Rio+20 como
um evento “extremamente importante”
no conjunto de conferências da ONU e destacou
o engajamento da sociedade civil, “como nunca
se tem visto no mundo. Foram mais de 3 mil eventos
acontecendo no Rio de Janeiro, no Brasil”.
Ela
acrescentou ainda que os resultados da conferência
são fruto da coletividade. “Porque
é um resultado da ambição coletiva.
Reunir 193 países para discutir suas prioridades
e ambições e traduzir isso em um documento
que possa sinalizar um novo caminho em relação
a consumo sustentável, à mensuração
de riqueza.”
A
ministra também chamou a atenção
para a decisão dos países de não
limitar ao indicador do Produto Interno Bruto (PIB)
a medição do desenvolvimento. “Nós
vamos avançar com novos indicadores”.
Em relação aos novos padrões
de produção e consumo acordados, com
a adoção de um plano de dez anos para
mudar o comportamento das populações,
Izabella enfatizou a necessidade de trabalhar o
comportamento das crianças sobre consumo,
para se alcançar um planeta sustentável.
Outros
pontos abordados na avaliação da ministra
como positivos foram o estabelecimento de objetivos
do desenvolvimento sustentável, a criação
de um fórum formado por pessoas de alto nível
da ONU para avaliar e acompanhar a implementação
desses objetivos, além da retirada progressiva
dos subsídios do petróleo.
“São
decisões e mais decisões que estão
colocadas ali, mas muitas pessoas não sabem
ler os documentos das Nações Unidas.
Eu sinto isso. As pessoas não entendem as
decisões. Tem mandatos, tem processos estabelecidos.
Eu tenho a firme convicção que nós,
governo brasileiro, estamos orgulhosos não
só da conferência, mas do povo brasileiro
que acolheu todos os povos”.
Presente
em um dos momentos mais tensos da Rio+20, quando
representantes da sociedade civil e ambientalistas
protestaram durante apresentação sua
sobre os avanços do combate ao desmatamento
no Brasil, Izabella enfatizou que não houve
nenhum problema durante os dias da conferência.
“Todo mundo que quis ficar indignado se manifestou,
todo mundo que ficou a favor se manifestou. Vamos
juntos. Temos mais trabalho pela frente”,
declarou. O momento de embate ocorreu ontem (21)
quando a ministra mostrava os números do
desmatamento, e a plateia protestou contra o Código
Florestal e a construção da Usina
de Belo Monte.
Também
no Espaço Humanidade 2012, promovido pelas
federações das indústrias dos
estados do Rio de Janeiro (Firjan) e de São
Paulo (Fiesp), no Forte de Copacabana, a ministra
do Meio Ambiente recebeu a Carta das Crianças
para a Terra. O documento é o resultado final
do projeto +Criança na Rio+20, organizado
pela Fundação Xuxa Meneghel, com apoio
da HRT, empresa de exploração e produção
de petróleo e gás natural do Brasil.
+
Mais
Após
reunião, organizações sociais
se dizem frustradas com falta de posicionamento
de Ban Ki-moon
22/06/2012
- 12h27 - Rio+20 - Flávia Villela e Thais
Leitão - Repórteres da Agência
Brasil - Rio de Janeiro – A sensação
era de frustração entre os integrantes
de movimentos sociais na saída do encontro,
com acesso restrito à imprensa, que reuniu
representantes da Cúpula dos Povos e o secretário-geral
das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon,
nesta manhã (22), no Riocentro, zona oeste
da capital fluminense.
Os
cerca de 20 ativistas entregaram a Ban Ki-moon um
documento preliminar com demandas das organizações
da sociedade civil no evento paralelo à Conferência
das Nações Unidas, Rio+20.
Para
o Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace Internacional,
o representante da ONU não deu nenhuma garantia
de que os governos vão realmente implementar
as decisões acordadas na conferência.
“A
resposta dele [Ban Ki-moon] não foi muito
reconfortante. O problema maior é o fato
de que não há especificações,
prazos, dinheiro na mesa para fazer as coisas acontecerem.
E a sociedade civil seria idiota ou qualquer um
se acreditasse que agora vão fazer o que
a sociedade pede”, comentou Naidoo.
A
ativista Cindy Wiesner, do movimento da Aliança
Grassroots Global Justice, criticou a falta de posicionamento
do secretário-geral da ONU em várias
questões levantadas pelo grupo. “Quando
perguntamos sobre a posição dele a
respeito dos direitos reprodutivos das mulheres,
ele desconversou e falou da igualdade de gênero
por meio do voto. Não respondeu”, lamentou
a ativista norte-americana.
Segundo
os ativistas, Ban Ki-moon disse que essa foi uma
das reuniões mais importantes do evento e
reconheceu a importância do papel exercido
pela Cúpula dos Povos. “Basicamente,
falamos que não queremos que as discussões
da Rio+20 sejam dominadas pelas corporações,
soberania alimentar, que a natureza não tem
preço e não está à venda
e do direito à terra dos povos indígenas”,
contou Cindy. “Mas foi frustrante, as respostas
foram muito genéricas, assim como o documento
final que deve sair daqui”.
Nem
todos os representantes da sociedade civil acharam
que o encontro foi em vão. De acordo com
Graziela Rodrigues, da Articulação
de Mulheres Brasileiras do Comitê Organizador
da Cúpula dos Povos, a reunião representou
um avanço em termos de diálogo com
as Nações Unidas.
“O
fato de termos nos encontrado e entregado o documento
da Cúpula dos Povos é importante,
sobretudo, é importante que eles tenham visto
pela televisão e pelas notícias uma
enorme manifestação, uma cúpula
extremamente diversa, plural e cheia de propostas,
e que os movimentos estão mais mobilizados
e isso é a garantia de que mudanças
vão acontecer.”
Graziela
defendeu, entretanto, que os movimentos devem manter
suas reivindicações para que os encontros
oficiais sobre desenvolvimento sustentável
saiam da retórica.
Na
opinião do representante da organização
Religiões por Direitos e da Rede Internacional
Act Aliança, Rafael Soares de Oliveira, as
demandas das organizações sociais
não têm nada de utópicas e são
todas possíveis de serem alcançadas
se houver vontade política. “Os governos
veem essas ideias como utópicas, mas são
na verdade muito concretas e já estamos levando-as
adiante, de proteção e manutenção
da natureza e precisamos ser escutados”
Fonte: Agência Brasil