22/06/2012
- 13h28 - Carolina Gonçalves - Enviada Especial
- Rio de Janeiro – Ao antecipar o balanço
sobre os resultados da Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
a Rio+20, a ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, disse hoje (22) que a criação
de um fórum de alto nível sobre desenvolvimento
sustentável na Organização
das Nações Unidas (ONU) gera a expectativa
de que o tema será tratado com maior relevância
e comprometimento.
Atualmente,
o tema é discutido na Comissão de
Desenvolvimento Sustentável da ONU, criada
a partir de uma demanda da Rio92. Nos últimos
dias, representantes de vários países
questionaram os legados do encontro, que ocorreu
há vinte anos, apontando inclusive os baixos
resultados alcançados por esse órgão.
A decisão da Rio+20 é a de que o debate
sobre desenvolvimento sustentável seja empoderado,
passando a ser discutido por esferas mais altas
dos governos.
“A
comissão [de Desenvolvimento Sustentável
da ONU] se revelou insuficiente para a coordenação
do desenvolvimento sustentável. Esperamos
que o fórum de alto nível seja responsável
pela avaliação e implementação
dessas metas, mas também traga o debate para
a centralidade da geopolítica internacional
e do multilateralismo”, disse a ministra.
Izabella
Teixeira lembrou que a Rio+20 foi realizada em um
cenário de multilateralismo, no qual os países
assumiram compromissos novos e comuns. “É
difícil construir consensos. O processo é
complexo, porque precisamos falar e aprender a ouvir.
O consenso alcançado na Rio+20 é global,
mas não quer dizer que cada país não
possa fazer mais do que o colocado aqui. Todos temos
responsabilidade de avançar”.
A
despeito de críticas ao documento final,
que será assinado pelos chefes de Estado
e Governo na tarde de hoje (22), no encerramento
da conferência, o governo brasileiro tem argumentando
que houve avanços nas negociações.
A ministra Izabella Teixeira ainda ressaltou que
a Rio+20 avançou em pontos estratégicos
para o debate sobre um novo modelo de desenvolvimento,
apesar da resistência dos representantes de
países desenvolvidos em se comprometer com
recursos financeiros e metas.
“É
fácil falar que [o documento da conferência]
é pouco ambicioso, mas ninguém se
sentou à mesa para colocar dinheiro adicional.
O que vi foram todos os países em desenvolvimento
assumindo compromissos em relação
à sustentabilidade e muitos países
ricos não adicionando qualquer recurso para
esse processo”, disse.
Retomando
a relação de avanços obtidos
com a Rio+20, a ministra destacou o compromisso
assumido pelos líderes dos países
participantes com novos padrões de produção
e consumo. O tema é apontado como um dos
pontos estratégicos da agenda mundial discutida
durante a conferência.
Izabella
Teixeira ainda ressaltou que os negociadores conseguiram
alcançar consenso em relação
às métricas comuns em torno dos objetivos
e metas do desenvolvimento sustentável e
sobre a criação de um novo índice
de avaliação do desenvolvimento dos
países. “A Rio+20 determina que a ONU
inicie o processo de consolidar, avaliar e sugerir
novos indicadores para avaliação de
desenvolvimento, para além do PIB [Produto
Interno Bruto]”, lembrou.
+
Mais
Ban
Ki-moon apoia aliança para produção
de alimentos em áreas desérticas
22/06/2012
- 17h53 - Rio+20 - Guilherme Jeronymo - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro –
O secretário-geral da Organização
das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon,
participou hoje (22), no pavilhão do Catar,
no Parque dos Atletas, do lançamento da Global
Dry Land Alliance, um programa de intercâmbio
de tecnologias para preservação e
produção de alimentos em regiões
desérticas.
Ban
Ki-moon apoiou a iniciativa, avaliando que esse
é um importante caminho para superar a fome
no mundo. Segundo ele, entre as metas que se pode
almejar após a conferência, a mais
essencial é que 100% das pessoas tenham acesso
à comida e que se consiga acabar com o desperdício
de alimentos.
A
diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos
(PMA) das Nações Unidas, Ertharin
Cousin, chamou a atenção para os números
da fome nas áreas secas, onde há cerca
de 2 bilhões de pessoas, demandando combate
urgente a essa situação.
“O
Brasil tem um papel importante nesta discussão.
Embora vocês tenham boas condições
de agricultura há, aqui, técnicas
de ponta e experiência em espaços como
a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuárias,
que podem ser repassados a outros países
do mundo, em especial à África lusófona,
pela aproximação promovida pela língua”,
declarou o representante da Organização
das Nações Unidas para a Agricultura
e Alimentação (FAO), Parviz Koohafkan.
O
ex-primeiro ministro da Espanha, José Luis
Zapatero, chamou a atenção para o
papel das tecnologias de ponta na geração
de riqueza, mesmo em um mundo em crise. Segundo
ele, graças a investimentos na área,
a Espanha tornou-se líder, na Europa, em
produção de energia limpa e em processos
de reutilização de água, como
a dessalinização. Zapatero disse que
os espanhóis conseguiram, com isso, tornar
suas áreas desérticas e semidesérticas
em detentoras da agricultura mais competitiva do
país.
Fonte: Agência Brasil