22/06/2012
- 14h42 - Thais Leitão e Flávia Villela
- Repórteres da Agência Brasil - Rio
de Janeiro - Com um público quase três
vezes maior do que a Rio92, a Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, Rio+20, já é o
maior evento da história da organização
multilateral. Durante os dez dias do encontro, que
termina hoje (22) no Riocentro, zona oeste da capital
fluminense, cerca de 45,4 mil pessoas foram credenciadas,
segundo informou a porta-voz da conferência,
Pragati Pascale.
Ela
destacou que, desse total, quase 11 mil foram emitidos
para delegações de diversos países,
aproximadamente 10 mil para organizações
não governamentais e representantes da sociedade
civil, mais de 4 mil para profissionais da imprensa
e 4,3 mil para contingente de segurança.
Ainda
segundo Pragati Pascale, mais de 50 milhões
de pessoas acessaram o site da conferência.
Somente no twitter em inglês, a hashtag Rio+20
apareceu mais de 1 bilhão de vezes e a plataforma
brasileira sobre o evento teve mais de 1 milhão
de acessos.
“Isso
indica a mobilização positiva que
o evento gerou, que já produziu uma enorme
quantidade de ações para o desenvolvimento
sustentável", disse.
A
porta-voz da ONU adiantou que, ao longo do evento,
foram feitos quase 700 compromissos voluntários
“incluindo o assumido por várias entidades
de investir US$ 175 bilhões em transporte
sustentável e mais de US$ 50 bilhões
no Programa Energia para Todos”.
O chefe de comunicação da divisão
de desenvolvimento sustentável da ONU, Nikhil
Chandavarkar, acrescentou que os números
de participação do evento indicam
uma maior conscientização popular
sobre o desenvolvimento sustentável.
“A
maioria dos participantes foi da sociedade civil
e essa abertura foi reforçada pelos Diálogos
Sustentáveis, que atraíram aproximadamente
2 mil pessoas que não estavam credenciadas
e também foram admitidas. Nem Rio92, nem
Copenhagen foi desse tamanho”, avaliou.
Os
Diálogos Sustentáveis, propostos pelo
governo brasileiro, foram encontros, durante a Rio+20,
entre representantes de organizações
não governamentais (ONGs), movimentos sociais
e integrantes da sociedade civil que serviram para
definir 30 sugestões ao documento final da
conferência. Todas as recomendações
foram encaminhadas aos líderes políticos.
+
Mais
Crianças
de várias regiões do país entregam
ao governo brasileiro propostas sobre a sustentabilidade
22/06/2012
- 18h00 - Alana Gandra - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - Igor Mateus Broc tem 12
anos, mora no município gaúcho de
Pontão e está no Rio de Janeiro pela
primeira vez. Ele faz parte do grupo de 100 crianças
de aldeias indígenas, ribeirinhas, de comunidades
quilombolas, pantaneiras, do Semiárido, de
centros urbanos, de zonas rurais e com deficiências.
Elas participaram de oficinas e fóruns ambientais
na Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20,
e elaboraram um documento com propostas sustentáveis
para o governo brasileiro.
A
Carta das Crianças para a Terra foi entregue
hoje (22) à ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, pelas crianças e pela apresentadora
Xuxa Meneghel, no espaço Humanidade 2012,
no Forte de Copacabana. A carta é resultado
do projeto +Criança na Rio+20, promovido
pela fundação Xuxa Meneghel.
“Eu
entendo que a participação das crianças
na Rio+20 é muito importante para melhorar
o futuro do nosso planeta. Porque ele está
acabando aos poucos pela poluição
e pelo desmatamento”, disse Igor Broc. Para
ele, as crianças podem contribuir em muito
para melhorar a situação ambiental
do planeta. “Já que os adultos não
estão fazendo muita coisa, a gente pode tentar
melhorar, fazer uma conscientização
para melhorar o planeta”, completou.
Por
meio de desenhos e frases, as crianças expressaram
as suas prioridades e anseios rumo ao desenvolvimento
sustentável. Cleiton Vieira Santos, da Aldeia
Xandó, no município de Porto Seguro,
na Bahia, cobrou melhores condições
de habitação. “Tem que melhorar
também a moradia das pessoas. Elas moram
em beira de praia e qualquer vento pode levar [as
casas]. Várias coisas precisamos. Tem que
mudar o modo de vida das pessoas”.
Elizangela
Souza dos Santos, da comunidade Vila Moura, em Tefé,
no Amazonas, destacou a importância da participação
das crianças na contribuição
para melhorar o meio ambiente. “A gente tem
que fazer o impossível para ajudar o planeta
Terra”, disse. “Não jogando lixo
nos rios, não desmatando a floresta, não
poluindo o ar”, acrescentou.
A
carta entregue à ministra contém,
segundo Kemia Rodrigues Souza, de Corumbá,
em Mato Grosso do Sul, um resumo de todas as propostas.
“A gente resumiu nessa carta [as propostas]
para que as pessoas leiam e se conscientizem para
mudar o mundo”, disse. Já a gaucha
Ana Claudia da Silva pediu à ministra a adoção
de medidas que diminuam a aplicação
de agrotóxicos nas lavouras. “Isso
faz muito mal à saúde”, alertou.
Xuxa
lamentou que as pessoas não ouçam
mais o que as crianças têm a dizer.
“Está todo mundo preocupado com o agora,
com o presente. Só que as mudanças
só vão ser feitas no futuro. E eles
[crianças] são o futuro. Eles deixaram
claro na carta que precisam de informação,
saber o que têm de fazer. As crianças
querem ser informadas, porque elas é que
vão fazer a mudança”, declarou.
A apresentadora da TV Globo pediu à ministra
que dê solução para os problemas
relatados no documento pelas crianças. “É
diferente de nós, que precisamos de uma solução
para agora. Eles precisam de uma solução
para sempre”, ressaltou.
A
ministra do Meio Ambiente destacou a importância
de as crianças e os jovens que representam
hoje um quarto da população do Brasil
se preocuparem com as questões ambientais.
As queixas formuladas pelas crianças “são
parte da minha luta”, disse Izabella Teixeira.
“Eles
vão transformar os padrões de consumo,
eles vão pedir: eu quero comer melhor. O
mundo espera que o Brasil produza 20 % de todo o
alimento necessário ao aumento populacional
até 2050. Estou falando de 9 bilhões
de pessoas no planeta. Vinte por cento desses alimentos
sairão do Brasil”.
A
ministra assegurou que o Brasil pode fazer isso,
“sem destruir floresta, sem contaminar a água,
sem usar agrotóxico, colocando agroecologia
e ensinando eles [crianças]”. São
elas, destacou Izabella Teixeira, que têm
que dizer: “Nós queremos desse jeito.
São eles que vão fazer a transformação,
a partir de agora”.
A
ministra disse que a Carta das Crianças para
a Terra será divulgada no site do ministério.
Elas declarou ainda que as crianças e os
jovens têm um espaço no ministério
para debater as políticas públicas.
“Vão para lá fazer conferências,
debates, e vão me cobrar isso”. E prometeu
que será feita uma reunião anual com
as crianças para saber o que “andou
ou não andou, como andou, porque é
assim que a gente transforma. É isso que
movimenta”.
Fonte: Agência Brasil