Ativistas
do Pick-upau avaliam sustentabilidade do SWU
Organização aponta prós e contras no
festival em Itu
O
festival que não aconteceu
Sim, o Rage Against the Machine apresentou toda sua fúria,
o Pixies fez um show extraordinário, o Queens of
Stone Age arrebentou, Joss Stone mostrou toda sua competência
e simpatia, Los Hermanos fizeram uma apresentação
irretocável. Enfim os shows aconteceram, alguns com
problemas técnicos de som, imagem etc., mas rolaram.
Pick-upau/Divulgação |
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A
chegada... |
Mais
um festival prometido de fato não aconteceu. A sustentabilidade
anunciada pelos organizadores, não convenceu nem
mesmo os mais desavisados. O meio ambiente ficou representado
apenas por instalações artísticas,
que criavam mais dúvidas do que esclarecimentos práticos
para o público.
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A
caminhada... |
Segundo
Eduardo Fischer, publicitário que idealizou o evento,
o SWU não era um simples festival de música,
disse que a trilha sonora seria secundária (tente
explicar isso para alguém que pagou R$ 100,00 de
estacionamento) “porque que a maior preocupação
do jovem não é com a música, e sim
com o futuro do planeta”, diz o empresário.
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A
entrada... |
Legal,
finalmente o meio ambiente será tratado com destaque
e seriedade. Para nós ativistas do Pick-upau, será
incrível, uma organização que tem como
trilha sonora as mais variadas vertentes do rock. Mas como
uma frustração de brasileiro nas manhãs
de domingo de Fórmula 1, ainda não foi dessa
vez, diria o famoso locutor.
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A
tenda das ONGs... |
Mas
o que deu errado? O que faltou para o evento ser de fato
uma celebração a sustentabilidade. Havia um
espaço destinado as ONGs (bem no canto, é
claro), havia empresas patrocinadoras envolvidas com produtos
ecologicamente corretos (cof cof cof), havia um fórum
de sustentabilidade com nomes de peso, haviam instalações
artísticas que remetiam a conceitos ecológicos,
reutilização de água no camping, coleta
seletiva do lixo, havia até uma roda gigante movida
a pedaladas de heróicos espectadores. Sem falar na
carona solidária ‘imposta’ pela organização,
pelo custo de até R$ 100,00. Então não
foi tão ruim assim, nós ativistas somos mesmos
uns ecochatos, ranzinzas verdes.
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As
instalações artísticas... |
Mas
quando observamos com um pouco mais de cuidado, vemos a
verdadeira intenção dos organizadores, consumir,
faturar, não necessariamente nessa ordem. Quem optou
por deixar o carro no estacionamento do Anhembi, (R$ 20,00,
achou caro? Em Itu o preço faz jus a fama da cidade,
é enorme), se deparou com ônibus que pareciam
parentes de um veículo do Woodstock, (evento realizado
em 1969, nos EUA), a fumaça preta era o presságio
do que viria pela frente. Preço do ‘Busão’
de Itu, com reality show e tudo, R$ 30,00, só de
ida é claro. Achou caro? Quem optou por ir de carro
até Itu e depois pegar um ônibus (daquele jeito)
até o evento, deixou nos cofres do SWU, no mínimo
R$ 30,00 (estacionamento era de R$ 30,00 para veículos
com mais de 4 pessoas e R$ 50 para o casalzinho anti-ecológico),
sem garantia de transporte na volta, o que ocorreu já
no sábado, com a confusão da saída
do estacionamento.
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Mais
instalações artísticas... |
Enfim
em Itu
Chegamos, vamos então conhecer a prometida praça
de alimentação. Prato principal, churrasquinhos
Mimi, é isso mesmo, carne bovina queimando na grelha
sem parar, será que era carne de boi voador? Não
descobrimos, mas na hora de pagar a conta com cartão
(novidade também prometida pela organização),
seria bom se pelo menos o atendente voasse, porque as maquinetas
simplesmente não funcionavam, não tinham sinal,
(a galera subia no ombro do outro para achar o tal sinal)
e ninguém do evento havia testado isso antes? Mas
o pior ainda estaria por vir, caneca de plástico
para reduzir o impacto ao meio ambiente, nem pensar, tivemos
que jogar fora antes de entrar. Ok, então vamos tomar
uma cerveja para relaxar e curtir um pouco dos shows. Uma
cerveja, por favor, (só havia uma marca, pelo menos
a embalagem era verde), R$ 7,00! Não, eu quero uma
latinha só, não meia caixa. Que ingenuidade
a minha. Pagamos R$ 7,00 por uma lata que foi aberta pelo
próprio vendedor e despejada, sem nenhum pudor, em
um copo de plástico descartável, pasmem, acreditem.
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Público
aguarda mais um show... |
Ok!
Vamos curtir uns shows agora!
Intervalo, vamos dar uma volta e tentar, novamente, comer
algo. Se conseguíssemos enfrentar as filas gigantescas,
teríamos também que encarar os “Mimi”,
hot-dogs (pão e salsicha), pizzas cruas e gordurosas,
salgadinhos, refrigerantes e cheese-burguers a R$ 12, tudo
bem salgado no gosto e no preço. Tá certo
tinha no cardápio um tal de veggie burger, mas resolvi
passar. Desistimos, vamos comer o rango do Tio da Towner
na saída.
Pick-upau/Divulgação |
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Detalhe
dos palcos... |
Ah,
lembra daquele copo descartável da cerveja, pois
é, dando uma volta pelo evento e bebericando o produto
da lata verde, descobrimos que simplesmente não haviam
lixeiras, ou eram infinitamente insuficientes para o tamanho
do público e para o lixo gerado. Ora, o evento não
deveria servir para educar as pessoas a depositar o lixo
nos recipientes corretos, perpetuar a ideia da coleta seletiva,
da reciclagem... Ah tá, tinha uma central de processamento
e reciclagem no local. É verdade, mas os agentes
faziam a limpeza após o show, enquanto isso o público,
sem opção, cantava e pulava feliz sobre latas,
copos, bitucas etc.
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Adeus
ao Sol... |
Quem
x Quem
Agora um teste: Respondam rápido, o que o idealizador
do evento, Eduardo Fisher, o Greenpeace-Brasil (contra transgênicos,
acertadamente, diga-se de passagem), a Nestlé (alguns
transgênicos...) e a Monsanto (todos os transgênicos)
têm em comum? Quem respondeu SWU acertou.
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Mais
um pouco de música... |
A
equação é a seguinte, Eduardo Fisher,
dono da agência de publicidade Fisher+Fala, que tem
como cliente a Monsanto (principal produtora de transgênicos
e subprodutos do mundo), resolveu fazer um festival para
falar de sustentabilidade e chamou para patrocinar a Nestlé,
velha conhecida do Greenpeace, uma das organizações
não governamentais mais importantes do planeta, que
tem como uma das principais bandeiras o combate aos transgênicos,
e podemos dizer que tem a Monsanto como uma das vilãs
nesta matéria. Alguém pode dizer, ora, não
sejam tão austeros, Fisher quis provar que é
possível unirmos forças, mesmo pensando diferente,
por um objetivo comum, a preservação do planeta.
Ok, vamos ver então, que caminhos esses personagens
tomarão quando o show acabar ou “The show must
go on”?
Pick-upau/Divulgação |
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Mais
instalações artísticas... |
E
por falar em caminhar juntos, que história é
essa de pista premium em festival de música, ops,
sustentabilidade. Desculpe Mr. Ficher, esse Apartheid econômico
nada tem a ver com as diretrizes de qualquer estatuto ou
constituição séria. Zack de La Rocha,
vocalista do Rage Against the Machine, pediu para retirarem,
não foi atendido. Pediu aos fãs, pelo site
da banda, para darem um passinho à frente (entendam
invadirem), foi prontamente atendido, na terceira música,
muitos passinhos foram dados a frente. Mas até o
RATM, sabe que com a força as coisas não funcionam,
e temendo uma tragédia, interrompeu o show e pediu
três passinhos para trás.
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A
roda gigante das pedaladas... |
E
de passinho em passinho quem caminhou para trás foi
o SWU (Starts With You, em português, Começa
com você). Fez o caminho inverso do que o planeta
sugere. O festival foi isso, boa música embalada,
muito bem embalada com um marketing eficiente e megalomaníaco
ao consumo e ao desperdício. De fato desperdiçaram
mais que resíduos, desperdiçaram uma grande
oportunidade de mandar uma mensagem positiva e prática.
Pick-upau/Divulgação |
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Mais
instalações artísticas... |
Entre os muitos
refrões de ótimas bandas que passaram pelo
festival, o coro que mais grudou e que todos sabiam de cor
foi o singelo SWU vai tomar no... SWU vai tomar... (seria
no copo de plástico?!) E como diz aquela música
dos Los Hermanos “Fingi na hora rir”.
Da Redação
Fotos: Pick-upau/Divulgação