São
Paulo realiza encontro sobre Biodiversidade
Especialistas debatem rumos para a preservação
da Biodiversidade
Apesar
de ser este o “Ano Internacional da Biodiversidade”
o conceito ainda é confundido com a preservação
de espécies emblemáticas como o mico-leão
dourado. As diferentes escalas que podem configurar este
termo, tais como diferentes biomas, comunidades, populações,
espécies, variabilidade genética dentro de
uma espécie, dificultam a adoção de
parâmetros para a tomada de decisão.
Com
diferentes setores apresentando palestras, o encontro mostrou
os desafios em avaliar e valorar a biodiversidade sem, no
entanto, precificar a vida. Expoentes no assunto discutiram
os as ferramentas mais aceitas e as conquistas da última
Conferência das Nações Unidas sobre
Biodiversidade (COP-10) em Nagoya, que definiu metas de
17% de áreas terrestres protegidas (no estado de
São Paulo já existe cerca de 15%) e 10% para
áreas marinhas (São Paulo, novamente na vanguarda
apresenta três APAs marinhas cobrindo a maior parte
do litoral do estado sob sua jurisdição).
Segundo José Amaral Wagner Neto, da Fundação
Florestal, um estudo da WWF mostra que as UC são
importantes no combate às mudanças climáticas
e que sua criação custa cerca de 10% do valor
de outras políticas para combater o aquecimento global.
Algumas
conferências apresentaram os resultados de um estudo
internacional mostrando o enorme valor econômico das
florestas, água doce, solos e recifes de coral, assim
como os custos sociais e econômicos de suas perdas
(A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade - TEEB),
capitaneado por Pavan Sukhdev. De acordo com Bráulio
Dias, Secretário de Biodiversidade e Florestas do
Ministério do Meio Ambiente do Brasil, o estudo TEEB
deve suscitar a discussão para redefinir os padrões
econômicos e que o governo brasileiro está
elaborando um TEEB nacional.
Apesar
de tudo indicar que natureza seja crucial para a prosperidade
e o desenvolvimento, diferentemente do caso das mudanças
climáticas onde a emissão de GEE pode ser
quantificada, ainda não existem índices diretos
para avaliar a biodiversidade e a conseqüência
de sua perda. Ficou claro a todos os presentes a necessidade
de articular academia, primeiro, segundo e terceiro setores
para melhorar os modelos de avaliação da biodiversidade
de um determinado local e fomentar políticas públicas
de pagamentos de serviços ambientais de áreas
protegidas.
O
II Encontro Paulista de Biodiversidade aconteceu nos dias
09 e 10 de novembro, na Secretaria Estadual do Meio Ambiente
de São Paulo.
Heloisa Candia
Hollnagel/Pick-upau
Direto do II Encontro Paulista de Biodiversidade
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II
Encontro Paulista de Biodiversidade debate os impactos na
diversidade biológica
Em todo o mundo, a perda da biodiversidade
custa de R$ 3,6 a R$ 8,2 trilhões por ano
Em
todo o planeta há 13 milhões de espécies
vivas diferentes, entre elas, plantas, animais e bactérias,
das quais somente 1,75 milhões possuem um nome e
estão classificadas. A maior parte ainda é
desconhecida. O recente estudo A Economia dos Ecossistemas
e Biodiversidade – TEEB na sigla em inglês,
produzido pelo Programadas das Nações Unidas
para o Meio Ambiente – PNUMA e lançado na Conferência
das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica
– COP10 em Nagoya, no Japão, aponta o valor
econômico de plantas, animais, florestas e ecossistemas.
O estudo também avalia os custos da perda da biodiversidade,
que fica entre R$ 3,6 e R$ 8,2 trilhões por ano.
Os
principais resultados do TEEB, bem como os efeitos das mudanças
climáticas na biodiversidade, as invasões
biológicas, a economia e conservação
dessa riqueza natural e a situação atual e
perspectivas futuras da Convenção sobre Diversidade
Biológica – CDB foram debatidos durante o II
Encontro Paulista de Biodiversidade, que reuniu especialistas,
pesquisadores e estudantes nos dias 09 e 10.11 na sede da
Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SMA.
Helena
Pavese, coordenadora do PNUMA no Brasil, apresentou dados
alarmantes apontados no TEEB. Nas últimas décadas,
35% dos mangues do planeta desapareceram, florestas sumiram
por completo em 25 países e os refugiados ambientais
já somam 25 milhões de pessoas. “Esse
estudo é global, ele avalia a contribuição
da biodiversidade para a economia, mas com foco global.
A idéia é fazer um estudo TEEB para o Brasil
e estamos pensando em fazer um para o Estado de São
Paulo”, afirmou Helena. De acordo com a especialista,
o Brasil é o primeiro país a mostrar interesse
em elaborar um TEEB nacional e São Paulo é
o primeiro estado do mundo a querer fazer o mesmo estudo.
O
secretário de biodiversidade e florestas do Ministério
do Meio Ambiente – MMA, Bráulio Ferreira de
Souza Dias, comentou a aprovação do Protocolo
sobre o Acesso e Repartição dos Benefícios
– ABS (na sigla em inglês) provenientes da exploração
da biodiversidade. “Alguns países como a Venezuela
e o Equador acharam que o protocolo deixou a desejar, mas
ele vai dar as linhas gerais, os detalhes têm que
ser definidos em legislação nacional. Poderíamos
continuar a discussão e perder o momento político,
mas conseguimos aprovar o protocolo, o que é um avanço”,
declarou.
O
Protocolo de ABS, aprovado na COP10, define que os benefícios
financeiros obtidos pelas empresas farmacêuticas e
do setor de cosméticos com o uso de animais, plantas
e micro-organismos sejam compartilhados com os países
e as comunidades de onde os recursos naturais foram extraídos.
As nações interessadas em explorar tal matéria-prima
devem ter o consentimento prévio do país de
origem, que, por sua vez, remeterá às comunidades
locais. O objetivo do protocolo é combater a biopirataria.
De acordo com Bráulio, 50 países precisam
ratificar o protocolo, o que deve levar de dois a três
anos.
O
secretário estadual do Meio Ambiente, Pedro Ubiratan
Escorel de Azevedo, falou sobre a participação
paulista na COP10. A conclusão do secretário
é de que São Paulo tem uma posição
atualizada nas questões relativas à conservação
da biodiversidade. “Em muitos dos temas tratados durante
o encontro, pude concluir que o nosso Estado já tinha
avançado”, disse. Como exemplo citou a aproximação
das agendas das mudanças climáticas e da biodiversidade,
que foi um dos temas chaves do evento. “Nós
já promovemos essa integração por meio
de normas de caráter estadual”, ressaltou o
secretário.
Para
Pedro Ubiratan, a participação na COP10 foi
positiva permitindo apresentar um painel tratando de questões
como o pagamento aos produtores de água, que promove
maior participação da comunidade no processo
de gestão da biodiversidade. A questão da
compensação financeira foi um ponto discutido
principalmente com os membros da Rede de Governos Regionais,
enfatizando a necessidade de fortalecer a participação
das autoridades locais.
Economia e Conservação
da Biodiversidade
A
mesa sobre economia e conservação da biodiversidade
também contou com a palestra da coordenadora de biodiversidade
e recursos naturais da SMA, Helena Carrascosa, que abordou,
entre outros pontos, as diferenças entre pagamento
por serviços ambientais – PSA e serviços
ecossistêmicos. “Os serviços ambientais
são os serviços ecossistêmicos que fornecem
externalidades”, explicou. Para Helena, ambos serviços
se complementam. “O PSA não é um instrumento
isolado que vai resolver todos os problemas do mundo. Ele
é um dos instrumentos para situações
específicas”, afirmou.
Invasões
Biológicas
Mário
Orsi, da Universidade Estadual de Londrina e Sérgio
Zalba da Universidad del Sur, na Argentina, participaram
da mesa sobre invasões biológicas ao lado
de Cristina Azevedo do Departamento de Proteção
da Biodiversidade da SMA, com moderação de
João Batista Campos da Secretaria do Meio Ambiente
do Paraná.
Mário
e Sério abordaram os problemas das invasões
biológicas em ambientes aquáticos e terrestres,
respectivamente. Para Mário, é essencial que
se aprimore, com urgência, o conhecimento na área,
principalmente em meio aquático e que espécies
exóticas com potencial invasor sejam totalmente proibidas.
Sérgio destacou a importância de se detectar
espécies dormentes, aquelas que foram introduzidas
mas ainda não conseguiram invadir, como um componente
chave das ações de prevenção
e controle de espécies invasoras.
Cristina
Azevedo apresentou a estratégia paulista para combater
as invasões biológicas e concordou com a posição
de Sérgio. “Não é porque a espécie
ainda não é invasora que a gente não
deve agir. O não agir é possibilitar a bioinvasão”,
completou. De acordo com Cristina, a proposta de estratégia,
elaborada pelo Grupo de Trabalho composto por técnicos
das secretarias estaduais do Meio Ambiente, da Saúde
e de Agricultura e Abastecimento, está em análise
pelos membros da comissão especial de biodiversidade
do Conselho Estadual do Meio Ambiente – Consema. “Prevenir
e controlar é o que devemos fazer, pois remediar
é caro e nem sempre é possível”,
argumentou.
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A
Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade –
TEEB na sigla em inglês, produzido pelo Programadas
das Nações Unidas para o Meio Ambiente
– PNUMA e lançado na Conferência
das Nações Unidas sobre a Diversidade
Biológica – COP10 em Nagoya, no Japão,
aponta o valor econômico de plantas, animais,
florestas e ecossistemas. O estudo também avalia
os custos da perda da biodiversidade, que fica entre
R$ 3,6 e R$ 8,2 trilhões por ano. |
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Mudanças
Climáticas
A
mesa que debateu os potenciais impactos da mudança
climática na biodiversidade em São Paulo contou
com as apresentações de Humberto Ribeiro da
Rocha, do Departamento de Ciências Atmosféricas
da Universidade de São Paulo – USP, Casemiro
Tércio Carvalho, secretário adjunto da SMA
e José Amaral Wagner Neto, diretor executivo da Fundação
Florestal – FF.
Veja a programação
do evento.
Saiba mais sobre
Conferência das Nações Unidas sobre
a Diversidade Biológica – COP10 - http://www.cbd.int/
Da SMA-SP
Texto: Valéria Duarte Fotos: José Jorge/Lauro
Toledo