Fukushima
já é mais um episódio sombrio da energia
nuclear
Terremoto, tsunami e a irresponsabilidade do homem
A
central de Fukushima Daiichi 1, localizada no nordeste do
Japão, sofreu uma explosão devido ao terremoto
de magnitude 8,9 que destruiu várias cidades japonesas.
O reator nuclear apresentou vazamento depois de a explosão
ter destruído a cobertura da instalação.
Três trabalhadores foram expostos a radiação,
segundo a agência de notícias japonesa Jiji.
O
acidente foi enquadrado no nível 4 em uma escala
que vai até 7, como foi anunciado pela Agência
de Segurança Nuclear e Industrial do Japão.
De acordo com a escala, o nível zero corresponde
à ausência de anomalias e o nível sete
corresponde a um acidente grave. O nível quatro já
é considerado um acidente.
A
explosão causou um derretimento em parte do prédio
que comporta o reator número 1. O governo afirmou
que externamente o reator não foi danificado e pediu
calma a população, porém autoridades
orientaram que 45 mil habitantes que vivem em um raio de
20 quilômetros da usina, se retirassem.
O
governo japonês tranquilizou a população
com relação à possibilidade de contaminação
com material nuclear, porém a preocupação
ainda existe na população que teme as consequências
do acidente.
Yukio
Edano, porta-voz do estado disse que a radiação
no local diminuiu bastante após a explosão.
Mas, no portão a radiação ficou oito
vezes acima do normal para o local
Desastre
Natural
O
forte terremoto que atingiu a costa do país também
gerou um tsunami que devastou o lugar e mais de cem fortes
réplicas. Iwate, província oriental do Japão,
teve algumas cidades varridas do mapa.
Segundo
um policial local, entre 200 e 300 pessoas se afogaram no
tsunami em Sendai, capital da província de Miyagi,
e seus corpos já estão sendo recuperados.
Na cidade portuária de Minamisanriku, da mesma província,
cerca de 10 mil pessoas estão desaparecidas, número
informado por autoridades ao canal NHK de televisão.
O
número de desaparecidos é mais da metade da
população da cidade atingida, os sobreviventes
estão em abrigos. Após as ondas gigantes atingirem
a cidade, ela ficou totalmente coberta por lama. Oficialmente
o número de mortos chega a 637, mas teme-se que esse
número possa se elevar.
Cerca
de 3.400 edifícios foram destruídos e 200
incêndios aconteceram no Japão após
o terremoto, de acordo com a agência de notícias
“Kyodo”.
Cinquenta
mil militares se dedicarão aos trabalhos de resgate
nas províncias devastadas pelo tsunami e cerca de
190 aviões e 25 navios estão fazendo as tarefas
de busca, como foi dito pelo primeiro-ministro japonês
Naoto Kan. O Japão ainda conta com a colaboração
de navios americanos para o transporte do Exército
Japonês.
Rússia
se previne
A
agência de notícias Ria-Novosti informou que
Vladimir Putin, premiê russo, exigiu que fosse feita
uma averiguação nos planos de emergência
na zona oriental do país, logo após o acidente.
Foi
feita uma reunião sobre o assunto com o titular da
energia, Igor Setchine, com o responsável pela agência
russa de energia nuclear Rosatom, Serguei Kirienko e com
o vice-ministro das Situações de Emergência,
Rouslan Tsalikov. No entanto, as autoridades russas estão
mostrando tranquilidade quanto à possibilidade de
poluição radioativa
Iodo
As
autoridades japonesas vão distribuir iodo às
pessoas que moram perto das usinas nucleares afetadas pelo
terremoto, de acordo com o que foi falado pela agência
da ONU em Viena.
O
iodo pode ajudar na proteção do câncer
de tireóide. No ano de 1986, após o desastre
de Chernobyl, milhares de crianças e adolescentes
expostas no momento do acidente apresentaram câncer
de tireóide, por isso o Japão quer adotar
essa medida.
Como
funciona a usina nuclear perante a um tremor
Os
reatores são desligados automaticamente pelo sistema
de segurança, logo após os tremores e para
que não permaneçam aquecidos, é acionado
um sistema de refrigeração. Porém,
com o tsunami, faltou eletricidade necessária para
que o sistema de refrigeração pudesse ser
acionado.
Os
elementos compostos de urânio enriquecido são
resfriados e permanecem dentro de uma ‘piscina’,
evitando o acúmulo de vapor radioativo no vaso de
contenção externo de concreto. Caso a água
não seja resfriada, válvulas liberam esse
vapor, a fim de impedir que haja uma pressão insuportável
dentro da proteção externa e o superaquecimento
dos elementos combustíveis.
O
governo japonês autorizou a liberação
controlada de vapor radioativo, evitando o risco de um acidente
maior, já que a explosão do reator causaria
uma verdadeira catástrofe nuclear.
Em
entrevista ao Jornal Hoje, o professor e físico José
Goldemberg disse que “Depois de Chernobyl, não
houve nenhum acidente importante. Isso deu aos engenheiros
nucleares a certeza de que a tecnologia estava dominada.
O acidente japonês vai destruir as esperanças
de que a energia nuclear é uma energia limpa".
Goldemberg
disse ao G1, que está cedo para se saber com precisão
a verdadeira dimensão do perigo que o vazamento pode
representar. A preocupação do especialista
é o fato de que nos últimos anos o governo
tem aplicado a distância mínima de isolamento
considerada segura, sinalizando que o risco é maior
do que o projetado inicialmente.
O
especialista disse que "A única indicação
que me inquieta é que há dois anos esta área
era de 3 km. Aumentaram para 10 km, e agora para 20 km.
É uma indicação de que havia mais radiação
do que eles esperavam".
Informações
Oficiais
Em
uma hora, os moradores de área de Fukushima, receberam
radiação tolerável para um ano e na
sala de controle o nível de energia radioativa ultrapassou
mil vezes o ‘aceitável’.
O
governo japonês orientou a população
que está fora da área atingida a ficar em
casa com portas e janelas fechadas e pediu para que as pessoas
não bebessem água da torneira.
A
agência de notícias Kyodo, informou que está
descartada a hipótese de que o contêiner do
reator tenha sofrido danos sérios, de acordo com
o que foi passado pela Agência Japonesa de Segurança
Nuclear e Industrial.
Não
houve vazamento radioativo considerável e o nível
de radioatividade está diminuindo, de acordo com
o governo japonês e a empresa que opera a usina, a
Tokyo Electric Power (Tepco).
Da
Redação
Com informações de Agências Internacionais
Reprodução