Crise
nuclear no Japão chegou ao nível máximo
mundial
Só os ‘especialistas’ diziam que não
se chegaria e a esse estágio
O
governo japonês elevou de 5 para 7 o nível
na escala INES a gravidade do desastre ocorrido na usina
de Fukushima. Um mês após sofrer um terremoto
seguido por um tsunami que devastou completamente a região
nordeste gerando a crise nuclear japonesa, o acidente se
iguala ao de Chernobyl, na Ucrânia, que era considerado
o maior desastre do mundo nessa categoria.
Em
entrevista coletiva a Agência de Segurança
Nuclear Japonesa afirmou que as medidas da radioatividade
que escapou da central de Fukushima é equivalente
ao grau 7, grau máximo que um acidente deste tipo
pode alcançar.
"Em
termos de volume de emissões radioativas, estimamos
que equivalem a cerca de 10% do registrado em Chernobyl".
O
nível de radiação em Fukushima, apesar
de alto, permite que os trabalhadores estabilizem as quatro
unidades danificadas, afirmou Hidehiko Nishiyama, porta-voz
da agência de Segurança Nuclear.
A
Agência destacou que o nível definitivo do
acidente será estipulado por um comitê internacional
especializado, “Vamos continuar observando a situação.
Este é um nível provisório".
De
acordo com o que uma fonte de dentro da Tokyo Eletric Power
Company (TEPCO), operadora da usina, disse a agência
Kyodo, há rumores de que a empresa teme que futuramente
os vazamentos de material radioativo se igualem ou até
ultrapassem os vazamentos de Chernobyl em 1986.
"O
vazamento de radiação não foi completamente
controlado e nossa preocupação é que
a quantidade possa em longo prazo alcançar ou superar
a de Chernobyl".
Junto
com a decisão do governo, chegaram também
ao país novos tremores, um deles de magnitude 6,3,
que foi sentido também em Tóquio. O reator
4 da usina pegou fogo mas logo foi apagado, não gerando
maiores danos.
O governo japonês vinha dando sinais de que estava
mudando de opinião quanto à gravidade do acidente,
aumentando a zona de exclusão ao redor da usina para
além de 20 quilômetros.
Yukio Edano, secretário- chefe do gabinete disse
que crianças, grávidas e pacientes hospitalizados
devem permanecer numa distância de 20 ou 30 quilômetros
do complexo nuclear.
Entenda
Segundo
o governo japonês, a decisão de mudança
do grau do acidente foi fundamentada na quantidade de radiação
que escapou dos reatores na hora do acidente.
No
pico do acidente, calcula-se que por hora cerca de 10 mil
terabecquerels de radiação foram liberados
para o meio ambiente. Alguns dias depois este nível
baixou para 1 terabecquerels por hora. Um terabecquerel
equivale a um trilhão de becquerels, a medida usada
no setor.
O
desastre de nível 7 corresponde a acidentes "com
grande contaminação e muitas mortes, e uma
contaminação prolongada durante muitos anos
na região da catástrofe", de acordo com
a escala INES estabelecida pela Agência Internacional
de Energia Atômica (AIEA), ligada às Nações
Unidas.
O
acidente do Japão foi classificado inicialmente como
nível 5, semelhante ao acidente de 1979 em Three
Mile Island, nos EUA. Os engenheiros da Tokyo Electric Power
Company (TEPCO), empresa operadora da usina, tentam ainda
estabilizar a usina.
Chernobyl
O
pior acidente nuclear registrado na história aconteceu
na usina de Chernobyl, na Ucrânia em 1986, onde a
explosão foi de nível 7, ápice da classificação
da Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radiológicos.
A usina tinha sido construída pela extinta União
Soviética na década de 1970.
O
acidente aconteceu durante os testes de segurança,
quando um reator explodiu e lançou uma enorme quantidade
de material radioativo no solo e na atmosfera. Cerca de
50 pessoas morreram na hora e houve ao menos 4 mil casos
de câncer provados pelo contato com a radiação.
Com
o intuito de minimizar o estrago, as autoridades soviéticas
acabaram aumentando a contaminação e a partir
de então começaram os questionamentos sobre
o uso da energia nuclear.
ONU
diz que Fukushima não pode ser comparada a Chernobyl
De
acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA), o acidente de Fukushima não pode ser comparado
com o ocorrido em Chernobyl, em 1986, mesmo com a decisão
do Japão de ter elevado ao nível máximo
de gravidade.
Em
entrevista coletiva em Viena, Denis Flory, funcionário
da agência, afirmou que o vazamento de Chernobyl foi
muito maior. "Esse é um acidente totalmente
diferente".
O
governo japonês quando resolveu elevar a gravidade
de 5 para 7 na escala INES, lembrou que o volume de emissão
radioativa liberado no acidente de Fukushima é apenas
10% do que foi liberado em Chernobyl.
A
situação no local é grave, porém
de acordo com Flory, há indícios de recuperação
de algumas funções, tais como a recuperação
da energia elétrica e a instrumentação
da usina.
Ele
ainda destacou que desde o início o Japão
deu a devida importância ao acidente já vem
tomando medidas como a retirada de moradores dos arredores,
os alertas de radiação e as tentativas de
conter vazamentos na usina.
"O
fato de eles terem colocado um novo número não
muda a avaliação que eles tinham da seriedade
do acidente”. "Eles não esperaram a mudança
na escala para adotar todas as medidas".
Segundo
Flory, o Japão agora pode avaliar de maneira clara
a quantidade de radiação que foi realmente
liberada em Fukushima, porém ele desconversou quando
questionado sobre a possibilidade dessa quantidade ultrapassar
os índices alcançados em Chernobyl.
Da
Redação
Das Agências Internacionais