Código
Florestal escapa mais uma vez da motosserra de Rebelo
Confusão e agressões marcam dia tumultuado
na Câmara
23/05/2011
- De acordo com deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP),
líder do governo na Câmara, a votação
do novo Código Florestal Brasileiro só deverá
ocorrer no final do mês de maio, já que as
próximas sessões serão para trabalhar
as medidas provisórias que estão deixando
a pauta da casa estagnada.
O
intuito do adiamento da votação é amadurecer
o texto do relator, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), possibilitando
diálogos mais amplos sobre a proposta, diz o deputado.
Vaccrezza,
também afirmou que um dos motivos do adiamento é
a ausência do presidente da Câmara, Marco Maia
(PT-RS), que estará em viagem oficial no exterior.
"Não é adequado fazermos uma votação
cercada de tanta paixão como parece essa na ausência
do presidente da Câmara. Essa é uma votação
muito nervosa".
O
relatório do deputado Aldo Rebelo, recebeu elogios
de Vaccarezza, dizendo que o relatório é “equilibrado”
ao "garantir a defesa do ambiente e as necessidades
da produção". Tal relatório vem
de um acordo feito com o governo.
De
acordo com ele, o último texto apresentado por Rebelo
foi o acordado entre as partes, sem nenhuma modificação.
"O texto definitivo estava na liderança do governo
à disposição de todos os líderes."
O líder governista justificou o adiamento da votação
do Código Florestal, dizendo que era para evitar
que o texto sofresse alterações vindas de
articulações dos partidos opositores. "Ela
começou a ganhar adeptos da oposição
e também da base do governo. Então achamos
melhor adiar a votação."
+
Mais
Aldo
Rebelo, relator do novo Código Florestal, critica
uma possível regulamentação por decreto.
Ele disse à Folha que “não tem sentido”
definir o uso das APPs (áreas de proteção
ambiental) por decreto presidencial.
Em
seu relatório, que será votado pelo plenário
da Câmara, Rebelo quer que tenha uma lista com as
atividades agrícolas permitidas nas APPs, gerando
conflito na base aliada e derrubando a votação
da proposta.
O
Planalto fez um decreto para as APPs, classificado como
“cheque em branco” pela oposição,
com uma emenda que permitiria atividades agrossilvipastoril,
ecoturismo e turismo rural, dando espaço para que
todo tipo de cultura possa ser considerada.
Os
governistas receosos que parte da bancada ruralista acompanhasse
a oposição, adiaram a votação.
Para o governo é necessária a proibição
de plantio em matas ciliares (APPs ripárias) em lagos
extensos e assegura editar uma decreto com as autorizações.
Rebelo
afirmou que a lista de APPs deve ser feita pelo Congresso
ou pelo Planalto "O governo pediu uma lista. Que lista
vou fazer? O que vou colocar de fora e o que fica dentro?
O governo faz a lista toda ou o Congresso faz a lista. O
que não pode é o Congresso fazer uma lista
e o governo ficar com a hipótese de ampliar por decreto.
Uma coisa dessas não tem sentido."
Ele ainda disse que “há clima” para votação,
apesar de todos os adiamentos.
Estratégia
O
governo decidiu enquadrar a base aliada visto o conflito
em torno da análise do novo Código, principalmente
os líderes do PR e do PP. Eles serão chamados
para dar explicações do porque de grande parte
da bancada ruralista estar disposta a trair o governo e
durante a votação não ter cumprido
às orientações do Planalto em obstruir
a votação.
O
vice-presidente Michel Temer (PMDB) foi chamado para acalmar
os ânimos no PMDB, que é o principal aliado
do Planalto. Ele e Henrique Eduardo Alves (RN), líder
no partido na Câmara viajarão para Rússia.
Em
discurso, Alves disse que não vai votar em mais nada
antes da finalização do Código e reclamou
da resistência do governo em definir, em lei, os casos
em que plantio já esteja consolidado nas APPS. "Vou
tentar ganhar esses dias não para mudar o plenário.
Mas para mudar a posição do governo, que tem
de respeitar o que esta Casa quer num dos momentos mais
legítimos".
Segundo
Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo,
o governo não trabalhará com prazos, e só
seguirá com votação depois de acordo
sólido sem traições. Há expectativas
para que ele seja votado dia 25 de maio.
Aldo
Rebelo disse estar disposto a negociar, apenas se o Planalto
também ceder em alguns pontos. "Negociação
é bilateral. Não posso negociar comigo mesmo".
PRESSA
A
oposição tem pressa para a votação
do Código Florestal, ACM Neto (BA), líder
do DEM na Câmara, entrou com uma petição
para a análise do texto, esperando aval da bancada
ruralista, que tem mais de 200 deputados.
Ele
afirmou que ao cancelar a votação, o governo
quebrou o acordo com os líderes partidários,
e disse também que não aceita análises
das medidas provisórias. "Se insistir em não
votar o código, ele [Vaccarezza] estará dando
uma declaração de guerra ao DEM. Não
vamos discutir medida provisória enquanto o código
não for votado".
Neto
disse que a ameaça por parte do governo de não
prorrogação da suspensão do decreto
de Lei de Crimes Ambientais, não afetará os
ruralistas.
+
Mais
Líder
da Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou
que o Palácio do Planalto não tem prazo para
votar o novo Código Florestal.
De
acordo com ele, o governo só liberará a análise
do texto quando tiver certeza que o voto é favorável
à proposta que defende. O petista que foi responsável
pelo cancelamento da votação. A primeira derrota
do governo de Dilma Rousseff no Congresso começou
a ser desenhada devido a um racha na base aliada.
O
líder da Câmara disse à bancada ruralista
que é necessário acelerar um entendimento,
já que nunca houve no governo a intenção
de prorrogar o decreto que anistia os desmatadores, que
vencerá no dia 11 de junho.
"Tem
um decreto que vai expirar no dia 11 de junho e pelo que
sei das conversas do governo, esse decreto não será
prorrogado. Então, é importante que as pessoas
que defendem o setor produtivo, que estão participando
desse debate acelerem para fazer um acordo para a gente
poder votar", afirmou ele.
Vaccarezza
disse que vai tentar restabelecer um entendimento tanto
na base aliada quanto na oposição e reconheceu
que o clima na casa não está favorável
para votações.
"Fica
difícil [ter clima para votar]. A oposição
e os setores da base têm razão de reclamar.
Mas o governo só concordará com a votação
do texto quando a situação estiver equilibrada
entre a defesa do meio ambiente e as necessidades da produção",
disse.
O governo está apoiando o texto apresentado por Rebelo
e não cogita a hipótese de apresentar algum
texto substituto, segundo Vaccarezza, apesar de ainda terem
pontos divergentes como a isenção da reserva
legal para propriedades de até quatro módulos
e as punições para quem desrespeitar o meio
ambiente.
"Não
tem plano B. A base é o texto do Aldo. O governo
não vai avançar em mais nada e não
vai recuar".
Ele
disse que tentará buscar entendimento com a oposição
para votação de medidas provisórias.
A medida 521, que traz as regras de licitação
das obras da Copa do Mundo e Olimpíadas, é
a prioridade no momento.
Vacarezza
quebrou o acordo tanto com a oposição quanto
com a base, quando resolveu cancelar a votação.
O acordo era votar o texto do código e logo em seguida
analisar a MP 521 que sofre resistência da oposição.
Da
Redação
Com informações da Agência Brasil/Folha
de São Paulo