A
hora da verdade, ou da mentira
Às vésperas de votação dez ex-ministros
do meio ambiente se reúnem
23/05/2011
- O governo lançou uma nova proposta para a base
aliada, sugerindo uma flexibilização das APPs
(Áreas de Preservação Ambiental) a
menos de 24 horas para a votação do Código
Florestal.
A
proposta sugerida pelo Palácio do Planalto prevê
que as Áreas de Preservação Permanente
(APPs) em matas ciliares em propriedades de até quatro
módulos fiscais (20 a 400 hectares) deverão
ser de 20% nos casos de regularização.
O
governo não abriu mão de ter o direito de
definir por decreto as atividades que poderiam ser mantidas
nas APPs e exigiu que se mantivesse a normal do atual Código,
onde está estabelecido que um rio com 10 metros de
largura a APP deverá ter 30 metros.
Ex-ministros
Um
grupo de dez ex-ministros do Meio Ambiente se reuniu para
ir contra o novo texto do Código Florestal que será
votado pela Câmara, alegando que ele é perverso.
Os
dez ex-ministros enviaram uma carta aberta à presidente
Dilma Rousseff e ao Congresso, onde eles afirmaram que a
proposta a ser analisada é um atraso na política
ambiental brasileira, que foi a precursora nas leis na esfera
ambiental.
Para
eles a votação do texto de Aldo Rebelo (PCdoB-SP)
é precipitada. "Não vemos, portanto,
na proposta de mudanças do Código Florestal
aprovada pela Comissão Especial da Câmara dos
Deputados em junho de 2010, nem nas versões posteriormente
circuladas, coerência com nosso processo histórico,
marcado por avanços na busca da consolidação
do desenvolvimento sustentável. Ao contrário,
se aprovada qualquer uma dessas versões, o país
agirá na contramão de nossa história
e em detrimento de nosso capital natural".
Assinaram
a carta Marina Silva (PV), Carlos Minc (PT), Sarney Filho
(PV), Rubens Ricupero (sem partido), José Carlos
Carvalho (sem partido), Fernando Coutinho Jorge (PMDB),
Paulo Nogueira Neto (sem partido), Henrique Brandão
Cavalcanti (sem partido), Gustavo Krause (DEM), José
Goldemberg (PMDB), assinaram o texto.
Melhoria
A
carta pede que se tomem providências para o aperfeiçoamento
do texto de Aldo Rebelo. "O código deve ser
atualizado para facilitar e viabilizar os necessários
esforços de restauração e de uso das
florestas, além que de sua conservação."
Oito
dos dez ex-ministros criticaram duramente as reformas estabelecidas
por Rebelo. Eles disseram que no relatório não
há proteção para os pequenos proprietários
e nem para os agricultores familiares e, além disso,
há uma flexibilização na lei permitindo
maiores desmatamentos.
"Esse
código é perverso. Primeiro quer anistiar
aqueles que estão em débito com o ambiente,
principalmente os grandes proprietários, que estão
conduzindo a negociação se escorando nos pequenos
produtores. A questão da pequena propriedade está
resolvida. Por outro lado, quer se flexibilizar a legislação
para que haja mais desmatamento. Toda a discussão
é permeada por essas duas grandes aspirações
do agronegócio nocivo, que em detrimento dos direitos
da sociedade querem garantir seus direitos individuais."
José
Carlos Carvalho afirmou que "Estamos fazendo mais uma
lei para não ser cumprida. Por força da pressão
de um segmento econômico forte".
Lideranças
da base e da oposição, sem a permissão
do Planalto, cerraram um acordo para que haja a votação
do texto de Rebelo.
Ficou
acordado que o PMDB apontaria uma emenda consentindo a manutenção
das atividades agrícolas nas APPs. Também
há no texto que os programas de regularização
ambiental sejam concebidos por Estados e pela União.
Governo
contra
O
governo quer ter a prerrogativa exclusiva para regularização
das APPs por decreto, indo contra a nova proposta. Ele também
não concorda com a isenção da reserva
legal de propriedades de até quatro módulos
e nem com a anistia de desmatadores.
Carlos
Minc, ex-ministro do meio ambiente, afirmou que a Dilma,
quando era candidata do Planalto, teria se comprometido
a vetar a questão das APPs. "Não queremos
que passe a motosserra no Código, mas queremos mais
tempo para entendimentos, para incorporar pontos importantes",
disse Minc.
Marina
Silva, ex-ministra, ao destacar o trabalho do ministro da
Casa Civil, Antonio Palocci, disse que há tanta expectativa
para a análise do novo texto do Código Florestal
que nesses últimos meses houve um aumento significativo
nos desmatamento. "Se o desmatamento já esta
fora de controle só com a expectativa (da votação
do texto), quando for aprovada, teremos uma situação
de inteiro descontrole."
Da
Redação
Com informações da Folha de São Paulo/
Agência Brasil