Base
contraria governo e aprova emenda polêmica do Código
Florestal
Agora chegou a vez do Senado
25/05/2011
- Com 273 votos a favor, 182 votos contra e 2 abstenções,
a Câmara dos Deputados aprovou a emenda 164 do Novo
Código Florestal, porém, o líder do
governo afirmou que Dilma Rousseff pretende vetar a emenda.
Tal emenda é o ponto central de divergência
entre o governo federal e os parlamentares.
Três
horas depois da aprovação do texto-base do
projeto do novo Código Florestal, que estipulará
as regras para a preservação ambiental nas
propriedades rurais, os deputados votaram a favor da emenda
164.
O
deputado Paulo Piau (PMDB-MG) foi o autor da emenda, que
passa para os estados o poder de decisão sobre as
atividades agropecuárias nas APPs (Áreas de
Proteção Permanente). Indo contra a proposta
está o governo federal, que pretende ter exclusividade
na definição das atividades nas APPs.
Houve
troca de acusações entre os governistas e
os oposicionistas e até mesmo entre os membros da
base aliada, fato que deixou o debate cada vez mais tenso.
Cândido
Vaccarezza (PT-SP), afirmou que aprovar a emenda seria vergonhoso
para o país, causando diversas reações.
O
texto aprovado segue agora para discussão no Senado,
se houver alguma modificação o texto voltará
para a Câmara, caso não haja nenhuma alteração
o texto seguirá para aprovação da presidente
da República, Dilma Roussef.
A
emenda 164
A
emenda 164, aprovada pelos deputados, pode gerar uma abertura
para que os estados absolvam os agricultores que ocupam
as áreas de preservação, de acordo
com que afirmaram os governistas.
Ministros,
líder do governo e ex-ministros do Meio Ambiente
afirmaram, durante todo o debate, que a presidente Dilma
Rousseff tem a intenção de vetar a emenda,
já que não vai aceitar a absolvição
dos desmatadores.
De
acordo com os defensores da emenda, se ficar para o governo
federal decidir sobre as áreas de preservação
ambiental, os pequenos agricultores que utilizam áreas
de preservação serão prejudicados.
Já que a presidente adiantou que não aceitará
anistia dos desmatadores.
De
acordo com a bancada do estado de Santa Catarina, por exemplo,
cerca de 80% das propriedades cultivadas no estado podem
estar nas áreas de preservação ambiental.
“Não
vamos admitir qualquer agressão ao meio ambiente.
Se precisar ficar sozinha nesta questão [a presidente
Dilma] ficará e vetará o ponto. Esta emenda
é uma vergonha”, disse Vaccarezza, mencionando
à posição da presidente Dilma Rousseff,
em vetar a emenda.
Vaccarezza,
que passou o dia negociando a não aprovação
da emenda 164, acabou sendo derrotado em plenário
com a ajuda do seu principal aliado, o PMDB.
O
líder do governo foi à Casa Civil para debater
o assunto com o PMDB, que estava representado pelo Michel
Temer (vice-presidente da República) e por Henrique
Eduardo Alves-RN (líder do partido na casa). Pelo
governo estiveram presentes Antonio Palocci (ministro da
Casa Civil) e Luiz Sérgio (Ministro das Relações
Institucionais)
Alves
afirmou, após o debate, que o partido optaria por
ir a favor da emenda 164 e Vaccarezza respondeu, que mesmo
se o governo perdesse a votação, a presidente
não titubearia em usar seu poder de veto.
Votação
Henrique
Eduardo Alves disse que não conversou diretamente
com Dilma Rousseff a respeito das negociações
do Código Florestal, mas agradeceu os ministros da
presidente que teve contato nas articulações.
“Aprendi
a enfrentar questionamentos, a encarar com força
desafios e a respeitar posições e oposição
dos contrários”, disse o líder do PMDB.
Ao
receber as críticas de que o governo foi derrotado
devido à emenda apresentada pelo PMDB, Alves afirmou
que não era um simples aliado do governo. “Eu
não sou aliado do governo Dilma. Sou o governo Dilma
(...). Não aceito aqui que está se derrotando
o governo. Como, se a proposta é nossa?”, “Esta
matéria não é nem a favor nem contra.
É do Brasil real”.
Aldo
Rebelo se pronunciou afirmando que a emenda dá segurança
e proteção aos agricultores que ocupam as
margens dos rios. Rebelo que foi o relator do projeto, disse
ainda que a emenda 164 é resultado de um acordo entre
a oposição e o PMDB.
Novo
Código Florestal
O
projeto do Código Florestal prevê, entre outras
coisas, dois dispositivos de proteção para
o meio ambiente.
O
primeiro fala a respeito das APPs, locais como margens de
rios, topos de morros e encostas devem ter sua vegetação
original protegida, já que são considerados
ambientes frágeis.
O
segundo diz respeito à reserva legal, área
de mata nativa que não pode ser desmatada dentro
das propriedades rurais.
Texto
do relator
Aldo
Rebelo (PCdoB-SP), relator do texto, assegurou o dispositivo
do texto que absolve os pequenos agricultores da obrigação
de recompor a reserva legal nas propriedades de até
quatro módulos fiscais (um módulo varia de
40 a 100 ha).
Ele
também conseguiu garantir que as atividades realizadas
nas APPs fossem decididas pelo governo. Já as especificações
sobre as culturas que serão permitidas, serão
resolvidas no Senado.
Os
senadores também discutirão o artigo que anistia
quem desmatou até julho de 2008. O governo quer incluir
no texto punições mais rigorosas para reincidentes
em crimes ambientais, e para isso trabalhará no senado.
Dilma
irrita-se com Código Florestal e promete veto
A
aprovação do Código Florestal deixou
a presidente Dilma Rousseff irritada, ela afirmou a um governista
que vetará as partes do texto que considerar incoerente,
se a base não conseguir tais mudanças no Senado.
Dilma
afirmou que já esperava a derrota do governo, mas
se sente confiante de que a base governista alcançará
as mudanças na votação do Senado, de
acordo com um governista que não deixou seu nome
ser revelado.
Câmara
aprova texto do novo Código Florestal, agora no Senado
Rodrigo
Rollemberg (PSB-DF) é visto com bons olhos como relator
da matéria no Senado, como afirmou um governista.
O
governo esteve de acordo com o texto de Aldo Rebelo (PCdoB-SP),
com algumas restrições, porém, foi
contra a emenda proposta pelo PMDB. A emenda tira a exclusividade
do governo federal de decidir sobre os usos nas áreas
de preservação permanente (APPs).
O
líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza
(PT-SP), falou em nome de Dilma, afirmando que a presidente
achou a emenda “uma vergonha para o Brasil”.
Já que na avaliação do governo ela
absolve os desmatadores.
O
que muda com o novo Código Florestal
O
projeto de lei do novo Código Florestal (PL 1876/99),
aprovado pela Câmara, altera a legislação
ambiental em vigor desde 1965. Algumas das mudanças
aprovadas podem ser modificadas durante a votação
no Senado e, ainda, vetadas pelo governo.
1-
Reserva Legal
Como
era
A
lei de 1.965 previa a obrigação de reserva
legal em todas as propriedades rurais. A reserva legal é
um percentual mínimo de vegetação nativa
que deve ser mantida nas propriedades. O percentual
de
preservação varia de acordo com o bioma: é
de 80% na Amazônia, 35% no Cerrado e 20% nas outras
regiões.
O
que mudou
Os
percentuais foram mantidos, mas o novo código dispensa
propriedades com até quatro módulos fiscais
(medida que varia de 20 a 400 hectares) de recompor a área
de reserva legal desmatada. Para esses casos, não
haverá obrigatoriedade de percentual mínimo
de preservação, será válida
para o cálculo qualquer quantidade de vegetação
nativa existente até julho de 2008. Nos imóveis
com mais de quatro módulos fiscais, o cálculo
para reflorestamento pode descontar uma área equivalente
a esse tamanho. O novo código também autoriza
a recomposição em áreas fora da propriedade,
desde que no mesmo bioma. Também autoriza o uso de
espécies exóticas para reflorestamento dessas
áreas.
2
- Plantações em áreas de preservação
permanente (APP) de encostas e topos de morros
Como
era
A
legislação de 1.965, ao proibir plantações
em encostas e topos de morro, tornou irregular diversas
propriedades.
O
que mudou
O
novo código permite plantações de café,
maçã, uva e fumo já consolidadas em
encostas e topos de morros com inclinação
de mais de 25 graus, que são consideradas áreas
de preservação permanente (APPs), e também
em locais com altitude superior a 1,8 mil metros. A medida
não permite novos desmatamentos nessas áreas.
Nas
áreas de preservação em beira de rios,
o texto manteve as mesmas faixas de proteção
estabelecidas hoje: 30 a 500 metros em torno de rios. No
caso de rios com até dez metros de largura e que
já tenham sido desmatados, a faixa de recomposição
será de 15 metros.
3
- Desmatamentos em APPs
Como
era
O
Código de 1965 diz que é do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (Conama) a prerrogativa de definir atividades
em APPs, que podem ser consideradas de interesse social,
utilidade pública ou de baixo impacto.
O
que mudou
Pelo
novo texto, estados, o Distrito Federal – por meio
do Programa de Regularização Ambiental –
e a União poderão decidir sobre atividades
agropecuárias em APP. Uma nova lei vai regulamentar
o uso do solo com base nos critérios de utilidade
pública, interesse social e baixo impacto.
O
novo código ainda libera plantações,
pastos e atividades de ecoturismo e turismo rural em áreas
de preservação permanente (APPs) até
julho de 2008.
4
- Regularização Ambiental
Como
era
Pelo
Código Florestal de 1.965, os proprietários
que não respeitaram os limites de reserva legal e
de cultivos em APPs estavam ilegais e sujeitos a multas
por crimes ambientais e embargo das propriedades.
O
que mudou
Será
criado o Cadastro Ambiental Rural (CAR), onde a reserva
legal será registrada sem a necessidade do averbação
(registro) em cartório.
Da
Redação
Com informações das agências de notícias