Angra
3 tem alto custo e material obsoleto, diz professor da UFRJ
Especialista não recomenda construção
de usina
14/08/2011
- Durante um debate, sobre hidrelétricas e outros
tipos de energia, Luiz Pinguelli Rosa, físico, professor
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor
do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós Graduação
e Pesquisa de Engenharia (COPPE), criticou a construção
da Usina Nuclear Angra 3, na cidade de Angra dos Reis (RJ).
O debate ocorreu durante a 63ª Reunião da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
“É um custo altíssimo, de US$ 700 milhões
investidos em equipamentos importados que estão estocados
e mais US$ 10 bilhões para completar a construção
da obra”, afirmou.
Segundo o professor, a hidrelétrica de Belo Monte
gera 11 gigawatts de potência a um custo de US$ 1.000
por kilowatt e Angra 3 tem apenas 1,3 gigawatt a um custo
de US$ 5.000 por kilowatt. “Além de Angra 3,
estão previstas mais quatro usinas. Acho que elas
não deveriam ser feitas, também pelo problema
alertado no Japão, em Fukushima”, lembrou.
A
usina nuclear deverá funcionar mais horas que a usina
de Belo Monte, pois não depende de água, e
sua capacidade poderá chegar a 70% do total. Mesmo
assim, de acordo com Pinguelli, a usina nuclear custará
2,5 vezes mais que a usina de Belo Monte.
O
projeto da Angra 3 é similar ao de Angra 2, mas diferente
de Angra 1.
Energias
alternativas
Luiz
Pinguelli Rosa, ainda mencionou sobre os biocombustíveis,
o etanol, e a energia que pode ser aproveitada do bagaço
e das folhagens da cana-de-açúcar.
Além
das opções citadas, tem-se a energia a hidrogênio,
que não é poluente e a “hidrelétrica
marítima”, que é um projeto elaborado
em parceria com a companhia de energia Tractebel que fornecerá
energia através do potencial das ondas, marés
e correntes. “Falta empreendedorismo no Brasil. O
sistema empresarial importa muita coisa e é pouco
inovador”, afirmou o professor da UFRJ.
+
Mais
Angra
3 está prevista para ficar pronta em 2015 e custará
R$ 9,95 bilhões, conforme informou a Eletrosul após
a última revisão orçamentária
em junho de 2010. A finalização da construção
ocorrerá três décadas após o
início das suas obras.
A
Eletrosul afirmou ainda que cerca de 70% dos gastos com
a usina serão efetuados pelo Brasil, o restante virá
do financiamento indireto do governo alemão, através
de subsídios à empresa francesa Areva que
fornecerá os equipamentos à usina e irá
produzi-los na Alemanha, de acordo com informações
da ONG Urgewald. A quantia chegaria a 1,3 bilhões
de euros, cerca de 2,9 bilhões de reais.
O
complexo da Angra 3, hoje é responsável por
3% do fornecimento de energia do país, como informou
a Eletronuclear. As centrais nucleares de Angra dos Reis
correspondem a 50% da energia consumida no Estado do Rio
de Janeiro.
Brasil-Alemanha
Em
1968 iniciou-se o programa nuclear brasileiro, com o regime
militar construindo a primeira usina nuclear do país,
em Angra dos Reis, litoral do Rio de Janeiro.
Alguns
anos depois, em 1975, o Brasil assinou um acordo nuclear
com a Alemanha. Ela se propôs a construir os reatores
e repassar a tecnologia de enriquecimento de urânio
para geração de energia. Além disso,
previa a compra de equipamentos da KWU, subsidiária
da Siemens.
Angra
1 começou a funcionar em 1982, ano em que começaram
as construções de Angra 2 e Angra 3. A construção
de Angra 3 foi interrompida quatro anos depois.
Somente
em 2007 a construção de Angra 3 foi retomada,
autorizada pelo Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE), seis anos depois do início das operações
em Angra 2. O IBAMA consentiu a licença ambiental
prévia em 2008. A usina ainda não tem a licença
permanente.
De acordo com o site da fabricante, um ano depois da retomada
da obra, a empresa francesa Areva assinou contrato de prestação
de serviços com a Eletronuclear, onde ela forneceria
serviços de engenharia e administração
a Angra 3.
Da
Redação
Com informações das agências de notícias