Cadê
a sustentabilidade? Ela cancelou sua participação
no SWU
Um ano depois organização do festival ainda
tenta descobrir o que é sustentabilidade
23/11/2011 - Definir e praticar sustentabilidade em três
dias de shows foi muita informação para a
produção do SWU, que perdeu a chance de se
concentrar em organizar apenas um festival de música
e não patinar nas mensagens de ecologia.
Como
a banda norte-americana Modest Mouse a sustentabilidade
também cancelou sua participação no
SWU. Foram três dias de muita música e diversão.
O Line-up como na maioria dos festivais do país tem
altos e baixos, boas surpresas, decepções
e misturas, no mínimo inusitadas, como a improvável
dupla Duran Duran e Lynyrd Skynyrd, ou pelo menos o que
sobrou deles, no mesmo dia. Como festival de música
o SWU fez o básico.
O
rodízio entre os palcos Energia e Consciência
teve de Kanye West, passando por um quase Alice in Chains
(bem ensaiado é verdade) até a surpreendente
troca de gentilezas (eles trocaram socos mesmo) entre a
equipe de Peter Gabriel e os membros do Ultraje a Rigor.
Para acalmar os ânimos após a confusão,
Chris Cornell (ex-Soundgarden e ex-Audioslave) parecia mais
uma espécie de João Gilberto de Seattle, com
seu violão, tentou em vão, empolgar o público
já maltrado pela chuva, pelo lixo, pelos preços
insustentáveis e pela hipocrisia ecológica
espalhada pelas centenas de metros quadrados (444 mil m2)
do evento.
Mas
essa foi apenas uma das muitas emoções do
evento que também contou com a falta de lixeiras
(apesar da organização do festival afirmar
que havia 2.000 espalhadas pelo evento), poças de
urina, lamaçal no estacionamento, tendas esvaziadas...
O que se viu de fato foi uma enorme quantidade de lixo acumulada
apenas no primeiro dia de evento. E apesar da satisfatória
disponibilidade de banheiros químicos (eram cerca
de 1.200), parte do público, na maioria homens, insistia
em fazer o ‘xixizinho’ fora deles. Ou seja,
mesmo que a organização do evento tivesse
acertado na aplicação do conceito sustentável,
ainda teria que contar com a colaboração do
público, que na verdade foi até Paulínia
apenas ver shows de música. Se não houvesse
o apelo da ecologia o público, provavelmente, teria
sido o mesmo e não sentiria falta.
No
quesito alimentação o SWU segue a risca o
conceito sustentabilidade, sobretudo, para a organização
do festival. Com preços que beiram o absurdo, os
frequentadores pagavam R$ 10, em um pedaço de pizza
do tipo festival de música: fina, fria e sem gosto;
R$ 15, por um cachorro-quente, também conhecido como
pão com salsicha, e maionese para não entalar;
o hambúrguer simples saía por R$ 13. E para
engolir a gororoba, água mineral a R$ 5, cerveja
a R$ 7 e sucos a R$ 8. Quem quisesse poderia levar na mochila
alimentos industrializados, tipo biscoitos e salgadinhos.
Desta vez as filas para comprar comida eram menores, mas
já não sabemos se foi por conta do aumento
de pontos de atendimento ou pelos preços escorchantes.
Ou seja, como diz um amigo, ou você vai comido ou
tá ferrado (trocando a rima original).
Quem
pagou R$ 100 ou R$ 50 pelo estacionamento, o valor variava
de acordo com o número de ocupantes do veículo,
ainda foi surpreendido com o lamaçal que tomou a
área destinada aos carros. Resultado, para ser ‘guinchado’
por tratores o visitante tinha que desembolsar mais R$ 50.
Mas
e o fórum de sustentabilidade? Apesar de boas surpresas
no ‘line up’ de palestrantes o fórum
parecia estar completamente desconectado com o resto do
festival. Que me perdoem os ilustres convidados (entre eles
Marina Silva, Daryl Hannah, Neil Young e Bob Geldof), mas
nem nas cúpulas da ONU (COP 15, 16...) conseguem
trazer à luz questões ambientais, imaginem
na tenda (desta vez foi no teatro da cidade, mais chique)
do SWU. Valeu a intenção, mas intenção
não resolverá nem de longe as questões
ambientais que realmente importam.
Como
festival de música e entretenimento o SWU teve erros
e acertos como a maioria dos festivais. Como evento sustentável
ou com bandeira de sustentabilidade a organização
fracassou novamente. O SWU foi, é e parece que sempre
será apenas mais um festival de música, nada,
além disso. A crítica desse ano é curta
como a atitude sustentável do evento. Se vocês
começarem a gente continua. SWU sustentabilize-se!
Da Redação