Cálculo
da Pegada Ecológica apresentado no Consema
Indicador de qualidade, a Pegada Ecológica funciona
como ferramenta de mobilização e guia para
desenvolvimento de políticas públicas sustentáveis
21/10/12
- O resultado do cálculo da Pegada Ecológica
do município e do estado de São Paulo foi
apresentado nessa quarta-feira, 17 de outubro, na 300ª
Reunião Ordinária do CONSEMA (Conselho Estadual
de Meio Ambiente), presidida pelo secretário-adjunto
Rubens Rizek.
A
Pegada Ecológica de São Paulo começou
a ser calculada no começo deste ano, com o apoio
de Fabrício de Campos, da Ecossistemas, filiada da
internacional Global Footprint Network (GFN), criadora da
metodologia da Pegada Ecológica. A iniciativa também
contou com o apoio da Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas (FIPE) com o fornecimento dos
dados. Os resultados foram apresentados pela primeira vez
no dia 13 de junho, na Conferência das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.
Becker
explicou aos conselheiros o método e a importância
do cálculo da Pegada Ecológica como indicador
de sustentabilidade. “Entendemos nossa pegada ecológica
como uma forma de mobilização e indicador
para desenvolvimento de futuras estratégias de mitigação”,
disse.
A Pegada Ecológica de um país, estado, cidade
ou pessoa traduz em hectares globais (gha) – medida
de quantificação – o tamanho das áreas
produtivas necessárias para sustentar os hábitos
de vida e consumo. “Se não olharmos para o
nosso padrão de consumo continuaremos consumindo
mais do que a natureza pode oferecer”, completa Michael.
O cálculo traça o equilíbrio, ou a
falta dele, entre biocapacidade, que é a quantidade
de recursos naturais oferecida por determinado local e a
sua demanda.
O Consema também apreciou a proposta para recomposição
das Comissões Temáticas (de Políticas
Públicas, de Biodiversidade, Florestas, Parques e
Áreas Protegidas, de Infraestrutura, Energia, Recursos
Hídricos, Saneamento e Sistemas de Transporte, de
Atividades Imobiliárias e Projetos Urbanísticos,
e de Atividades Industriais, Minerárias e Agropecuárias)
que resultou na aprovação do ingresso da FAESP
à Comissão de Infraestrutura, por 27 votos
a favor e 1 abstenção. Ainda na audiência
foram eleitos os conselheiros Daniel Glaessel e Andrea do
Nascimento como os representantes do Consema no Conselho
de Gestão da Reserva da Biosfera do Cinturão
Verde da Cidade de São Paulo.
Análise da Pegada Ecológica Paulista
Apesar de esperados, os resultados paulistas são
alarmantes. A pesquisa revelou que a Pegada Ecológica
média do estado de São Paulo é de 3,52
hectares globais por pessoa, contra 4,38 na capital. Ou
seja, se todas as pessoas do planeta consumissem de forma
semelhante aos paulistas, seriam necessários quase
dois planetas para sustentar esse estilo de vida. Se vivessem
como os paulistanos, seriam necessários quase 2,5
planetas. “Isso significa que São Paulo importa
biocapacidade de outros locais. A análise dos dados
mostra a interdependência que temos e como consumimos
os recursos naturais de outros estados”, acrescenta
Michael Becker.
Além do equilíbrio entre consumo e biocapacidade,
a metodologia ainda traçou a Pegada Ecológica
por faixa de rendimento. O resultado foi que, quanto menor
é o provento, menor é a Pegada Ecológica,
ao passo que pessoas com renda maior afetam mais o planeta.
É possível ver no gráfico que a faixa
de rendimento de até dois salários mínimos
tem a Pegada Ecológica de 1,5 gha, que é a
média mundial, enquanto as maiores faixas salariais
têm seu cálculo comparados a de países
desenvolvidos, como os Estados Unidos.
Mas qual é a tradução disso? É
claro para todos que pessoas de baixa renda têm menos
acesso a recursos naturais do que as mais abastadas, mas
em contrapartida, também têm menos qualidade
de vida. O desafio é melhorar a vida dessas pessoas
sem exigir tanto do planeta. É aí que se fazem
necessárias as políticas públicas.
E é então que a Pegada Ecológica é
importante como indicador de sustentabilidade.
A discussão da Pegada Ecológica ainda é
longa e o cálculo é somente o primeiro passo.
Agora a próxima etapa é divulgar os resultados
a fim de mobilizar a população sobre seus
próprios hábitos de consumo e aceitar a metodologia
como um possível próximo indicador de desenvolvimento,
que possa apontar onde e como crescer de maneira ecologicamente,
socialmente e economicamente viável, em equilíbrio,
sem prejudicar qualidade de vida e a biodiversidade.
Fonte: SMA-SP
Texto:
Ivi Piotto
Foto: SMA/SP