Julio
Semeghini não responde nenhuma pergunta do Movimento
Secretário fez cara de paisagem e não respondeu
questionamentos dos ambientalistas
12/12/2012
– A audiência pública conjunta das comissões
de Atividades Econômicas, de Infraestrutura e de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, e com a coordenação
do deputado Beto Trícoli (PV), discutiu o Projeto
de Lei 604/2012, de autoria do governador Geraldo Alckmin,
que pretende desafetar áreas no Parque Estadual das
Fontes do Ipiranga que chegam a 800 mil metros quadrados,
para a construção de um mega complexo de exposições
da iniciativa privada.
A
Audiência Pública foi marcada pelas caras de
paisagem do secretário de Planejamento e Desenvolvimento
Regional, Julio Semeghini Neto e da secretária adjunta
Cibele Franzese Neto, paisagem essa que ambos afirmam não
existir mais na área que pretendem privatizar no
Parque Estadual das Fontes do Ipiranga.
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Audiência
pública realizada na Assembleia Legislativa. |
Durante
as mais de quatro horas de reunião, os representantes
da Secretaria de Planejamento, mantiveram a postura que
vem sendo adotada, de não responder os questionamentos,
sobretudo, aqueles que se referem à questão
ambiental. O Movimento de Defesa do Parque Estadual das
Fontes do Ipiranga fez oito perguntas direcionadas a Julio
Semeghini, nenhuma delas foi respondida, nem durante a reunião
nem posteriormente. O movimento encaminhou as perguntas
para o e-mail pessoal do secretário que confirmou
o recebimento, mas não respondeu os questionamentos.
O
diretor-executivo da Agência Ambiental Pick-upau,
Julio Andrade, fez uma referência à matéria
publicada na Folha de São Paulo. No último
dia 26, o jornal Folha de S. Paulo publicou três matérias
sobre o PL 604/12, em uma delas o governo, através
da Secretaria de Planejamento, afirma que a avaliação
de ambientalistas é "errada e mentirosa".
Um dos trechos do Plano de Manejo diz “Não
é permitida a instalação de novas Instituições.
Novas atividades ou construções civis não
devem conflitar com os objetivos do Parque, nem aumentar
sua impermeabilização...” em outro trecho
cita “Proporcionar a recuperação natural
e, se estritamente necessário, a recuperação
induzida de áreas que sofreram alteração
antrópica, direta ou indireta (o restabelecimento
da vegetação)...” esses são alguns
dos fatos em que se baseia a tese do movimento (ambientalistas).
Podemos então concluir que o Plano de Manejo do parque
feito e aprovado pelo governo está errado e repleto
de inverdades?”. Sem resposta.
Andrade
ainda perguntou se quando o executivo cita sistematicamente
“ambas as áreas já estão descaracterizadas
como parque, conforme manifestação da Secretaria
de Meio Ambiente”, o governo estaria tentando transformar
uma meia verdade em uma verdade absoluta? Não houve
resposta.
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Audiência
pública realizada na Assembleia Legislativa. |
Andrea
nascimento, presidente da Agência Ambiental Pick-upau,
perguntou ao secretário Julio Semeghini, sobre outra
declaração dada ao jornal Folha de São
Paulo. “Em matéria publicada na Folha de S.
Paulo, no dia 26/11, na última frase lê-se
“Por fim, o governo afirma que não "rasgará"
o plano de manejo do parque.” Em um trecho deste plano
de manejo pode-se ler a seguinte frase “...impedir
o avanço da ocupação humana, o aumento
do adensamento e da impermeabilização da área
do Parque”. Levando em consideração
esta última frase como os Srs. classificariam a deferência
ao Plano de Manejo?” Secretário não
respondeu.
Em
seguida um rodízio de perguntas foi realizado por
outros ambientalistas do Movimento. Gostaria de saber se
a Secretaria de Planejamento poderia responder a seguinte
questão: “Como, de forma jurídica, a
secretaria pode justificar a desafetação do
parque” sem utilizar as frases “conforme decreto
de 1969” e “as áreas em questão
já descaracterizadas como parque, conforme manifestação
da Secretaria de Meio Ambiente”?
Gostaria
de saber se os representantes da mesa tem conhecimento que
o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga é bem em
estudo de tombamento através do (Processo 32.468/95),
conforme publicação no DOE de 17/12/1994,
seção I, pág. 61, no Condephaat?
Talvez
os Srs. não saibam mais a região do parque
sofre comumente com a queda de balões que causam
sérios incêndios florestais, há dados
da Polícia Ambiental inclusive. No último
incêndio, registrado em 2006, cerca de 10 hectares
de mata nativa foram destruídos. Em matéria
da FOLHA pode-se ler a seguinte declaração
"Que fique bem claro, a Secretaria de Planejamento
e Desenvolvimento Regional não arriscará uma
das últimas e mais importantes reservas de mata atlântica
da cidade, pois, conforme decreto de 1969, a área
do parque sofreu desmatamento parcial ou total, não
podendo ser classificada como floresta de preservação
permanente". Diante deste fato e desta declaração
poderíamos deduzir que esses 10 hectares também
poderiam ser desafetados ou utilizados de acordo com a vontade
do governo, já que na visão do executivo “estão
descaracterizadas como parque”?
Senhora
secretária-adjunta, como o cerne da questão
é ecológica, apesar do governo, invariavelmente
tentar se desvencilhar de qualquer questionamento a respeito,
inclusive dando sempre a mesma resposta, independente da
pergunta. Gostaríamos de dar mais uma oportunidade
ao governo: Sra. Secretária como a Dra. definiria
meio ambiente?
Todas as perguntas foram ignoradas.
Nem
mesmo os questionamentos feitos pelos deputados presentes
foram respondidos. Os representantes da Secretaria de Planejamento
e Desenvolvimento Regional a todo o momento tentavam se
esquivar das perguntas que tratavam da legalidade do projeto
e da questão ambiental envolvida. Os deputados José
Zico Prado, Beto Trícoli, Ana do Carmo, Adriano Diogo,
Geraldo Cruz, Itamar Borges, Ulysses Tassimari, Reinaldo
Alguz e Major Olimpio fizeram considerações
e na maioria das vezes fizeram criticas duras contra o projeto,
mas nada abalou os representantes do executivo.
Resultado
final da audiência pública: representantes
do governo sofreram imensa pressão do começo
ao fim, mas no placar marcaram um gol impedido de mão
aos 49 do segundo tempo.
Da
Redação
Fotos: Pick-upau/Divulgação