Nível
de gás carbônico no ar atinge marca histórica
Índices são preocupantes e não eram
vistos a 3 milhões de anos
13/05/2013
– Segundo cientistas, pela primeira vez na história
humana, a concentração de CO2 (dióxido
de carbono) na atmosfera ultrapassou a marca de 400 ppm
(partes por milhão). De acordo com os pesquisadores,
a última vez que índices como estes estiveram
presentes no ar foi a cerca de 3 milhões de anos.
Neste período o Ártico não era coberto
de gelo, o deserto do Saara era coberto por savanas e o
nível do mar estava 40 metros acima do que está
atualmente.
Estudos
realizados nas últimas décadas indicavam que
esse limite não deveria ser ultrapassado, com objetivo
de evitar o aquecimento global. A divulgação
que este índice foi excedido pode significar que
as medidas adotadas para evitar as emissões de carbono
pela humanidade não estão surtindo efeito.
Essa é a opinião do chefe do IPCC (Intergovernmental
Panel on Climate Change), painel de mudanças climáticas
da ONU, na tradução livre, Rajendra Pachauri.
“Isso nos lembra a rapidez com a qual aumentamos a
concentração de gases-estufa na atmosfera".
"No começo da industrialização,
a concentração de CO2 era de 280 ppm. A esperança
é que cruzar esse marco vá trazer consciência
da realidade científica da mudança climática
e de como a humanidade deve lidar com esse desafio",
diz Pachauri.
"É
simbólico, é um ponto para parar e pensar
sobre onde estamos para onde estamos indo", diz Ralph
Keeling, que supervisiona as medições feitas
no vulcão Mauna Loa, no Havaí, comandadas
pelo US National Oceanic and Atmospheric Administration
e pelo Instituto de Oceanografia Scripps e que foram iniciadas
pelo pai dele em 1958. "É como fazer 50 anos:
é um alerta para tudo o que está acontecendo
na sua frente o tempo todo."
Pesquisas de ar fóssil, retido no gelo, sugerem que
o nível 400 ppm de gás carbônico foi
visto no planeta há cerca de 3 milhões de
anos, desde o Plioceno, onde a temperatura média
global era cerca de três graus acima dos números
de hoje e oito graus mais quente na região dos pólos.
A
divulgação desses dados ainda não sugere
o fim da linha, mas é um importante alerta, dizem
pesquisadores. "Acho que é possível que
essas mudanças de ecossistema se revertam",
afirmou Richard Norris, que trabalha com Keeling no instituto
Scripps.
"Estamos
criando um clima pré-histórico em que sociedades
humanas enfrentarão riscos enormes e potencialmente
catastróficos", disse Bob Ward, diretor do Instituto
Grantham de Pesquisa de Mudança Climática,
da Escola de Economia de Londres.
"A marca de 400 ppm é uma marca grave e deveria
servir de alerta para todos nós apoiarmos tecnologias
de energia limpa e reduzir as emissões dos gases-estufa
antes que seja muito tarde para nossos filhos e netos",
diz o cientista Tim Lueker.
Com
informações do Guardian e agências de
notícias internacionais