O
que você pode fazer para ajudar as aves?
Nesta
semana, em que se comemora o Meio Ambiente, você pode
passar a ajudar na conservação das aves
05/06/2018 – O Brasil
é o país com a segunda maior diversidade de
aves, 1.919 espécies, ficando atrás apenas
da Colômbia com 1.947. Isso já é um
grande motivo para se envolver com a preservação
da avifauna, mas há outros ainda mais importantes
como os diversos serviços ambientais de dispersão
de sementes, controle de insetos e de outros animais, representam
bons indicadores ambientais e fomentam o turismo de observação,
gerando renda para uma cadeia inteira de negócios.
Diversas instituições
governamentais e do terceiro setor realizam trabalhos em
prol da conservação das aves, mas qualquer
cidadão pode colaborar e propiciar condições
adequadas para elas, realizando ações simples
e praticando-as diariamente.
Pick-upau/Viviane
Rodrigues Reis/Reprodução
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Tiê-preto (Tachyphonus
coronatus), fêmea, em comedouro no Centro
de Estudos e Conservação da Flora
- CECFLORA.
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Árvores
nativas
Pessoas que possuem sítio, chácara ou simplesmente
um jardim podem plantar espécies nativas, fornecendo
néctar e frutos para aves. Se possível dê
preferência para espécies nativas da região,
pois ao mesmo tempo em que garante alimento para as aves,
você contribui para a conservação da
flora local.
Na Mata Atlântica de São Paulo, por exemplo,
podem ser plantadas as espécies tamanqueiro (Aegiphila
integrifolia), chal-chal (Allophylus edulis), gabiroba (Campomanesia
xanthocarpa), guaçatonga (Casearia sylvestris), saguaraji-vermelho
(Colubrina glandulosa), embaúba (Cecropia pachystachya),
pau-viola (Citharexylum myrianthum), sangra-d’água
(Croton urucurana), grumixama (Eugenia brasiliensis), cerejeira-do-mato
(Eugenia involucrata), pitanga (Eugenia uniflora), palmeira-juçara
(Euterpe edulis), palmeira-jerivá (Syagrus romanzoffiana),
jenipapo (Genipa americana), jatobá (Hymenaea courbaril)
e araçá-amarelo (Psidium cattleianum).
Restauração
de habitats
Se você é proprietário rural e precise
adequar sua Reserva Legal e Áreas de Preservação
Permanente às exigências legais, promova a
restauração ecológica. Através
de técnicas específicas como plantio de mudas
ou condução da regeneração natural
você, além de atender às exigências
legais, irá atuar na proteção de seus
recursos hídricos e formação de corredores
ecológicos para a fauna local, inclusive aves que
são mais exigentes em habitat e que estão
ameaçadas de extinção.
Pick-upau/Viviane
Rodrigues Reis/Reprodução
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Trinca-ferro (Saltator similis),
em comedouro no Centro de Estudos e Conservação
da Flora - CECFLORA.
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Fonte
de água
Mantenha seus recursos hídricos como rios, lagos
e nascentes protegidos por vegetação nativa
e evite a contaminação deles por agrotóxicos,
esgoto e resíduos sólidos.
Diversas espécies de aves tomam banho e bebem água
em fontes artificiais, então caso você tenha
uma, procure mantê-las limpas.
Comedouros
e nectários
Tenha comedouros em seu jardim, assim poderá observar
diversas espécies como sabiás, tiês,
sanhaços, saíras e pica-paus.
Para os beija-flores, instale nectários e mantenha-os
sempre limpos, a fim de evitar a proliferação
de fungos e a transmissão de doenças às
aves.
Ninhos
artificiais
Muitas espécies utilizam cavidades naturais para
depositarem seus ovos e cuidarem de seus filhotes, mas há
uma carência destas cavidades em muitos locais, devido
ao desmatamento e corte de árvores para extração
de madeira. Para atuar na conservação e garantir
a reprodução de espécies que habitam
sua região, você pode construir e instalar
ninhos artificiais.
Primeiro verifique quais espécies costumam frequentar
sua propriedade para saber se elas nidificam em cavidades.
Após o levantamento, busque informações
como tamanho da espécie para construir uma caixa-ninho
com o formato e as dimensões adequadas.
Pick-upau/Viviane
Rodrigues Reis/Reprodução
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Cambacica (Coereba flaveola),
no Passaredo, do CECFLORA.
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Agrotóxicos
e pesticidas
Muitos produtos químicos utilizados na agricultura,
mesmo aqueles autorizados por leis brasileiras, causam danos
ao meio ambiente como contaminação de recursos
hídricos, danos à fauna e flora, e a saúde
humana a curto ou longo prazo.
Dê preferência para o controle biológico,
combatendo pragas e insetos transmissores de doenças
a partir do uso de seus inimigos naturais. Medidas também
podem ser realizadas a fim de evitar pragas e doenças
como utilizar um bom substrato, livre de patógenos,
diversificar a plantação, eliminar ervas daninhas,
deixando plantas que nascem espontaneamente e que não
são prejudiciais. Plantar vegetais que atuem como
repelentes ou atrativos, pois plantas atrativas, como a
capuchinha, podem ser úteis para chamar a atenção
das pragas e evitar que elas ataquem o cultivo.
Fachadas
e janelas com vidros transparentes
Segundo a ABC Birds, Organização de Conservação
das Aves Americanas, todo ano, uma grande quantidade de
aves morrem em colisões com vidros nos Estados Unidos.
No Brasil isso também ocorre, e segundo estudo do
Instituto Passarinhar, 77% das aves que sofrem colisões
morre imediatamente. De janeiro a julho de 2016, foram registrados
1.011 casos de impacto, em 561 municípios, de 21
estados brasileiros. Sabiás com (21%), beija-flores
(15%) e rolinhas (13%) formam a maior parte das vítimas,
mas espécies ameaçadas de extinção
também foram registradas. Por isso, quando possível
evite utilizar vidros transparentes em seus imóveis,
ou use artifícios, como adesivos para evitar colisões.
Plásticos
Segundo estudo publicado no periódico Proceedings
of the National Academy of Sciences, 90% das aves marinhas
ingerem ou terão ingerido plástico no estômago,
até 2050. De acordo com cientistas do estudo, menos
de 5% das aves possuíam plásticos no estômago
em 1960, em 1980 este número passou para 80%.
Por isto diminua o consumo de plásticos descartáveis
como sacolas, copos, pratos, talheres e canudos. Use squeezes
e ecobags, por exemplo, e recicle os plásticos que
utiliza.
Pick-upau/Viviane
Rodrigues Reis/Reprodução
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Sanhaço-cinzento (Tangara
sayaca) e Sanhaço-do-coqueiro (Tangara palmarum),
em fonte no Passaredo do CECFLORA.
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Gatos
Não deixe seus gatos livres, pois além de
correrem risco de serem atropelados ou comerem alimentos
envenenados, eles podem matar as aves. De acordo com o Serviço
de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos e o Centro de
Aves Migratórias do Instituto Smithsonian, o número
de aves que morrem por ano nos Estados Unidos devido ao
ataque de gatos, tem crescido.
Em comemoração ao centenário da aprovação
da Lei do Tratado das Aves Migratórias (MBTA, na
sigla em inglês), importantes instituições
estrangeiras como National Audubon Society, National Geographic,
BirdLife International e The Cornell Lab of Ornithology,
oficializaram 2018 como o Ano da Ave. Aqui no Brasil, a
Agência Ambiental Pick-upau também realizará
uma série de ações para a promoção
do Projeto Aves, patrocinado pela Petrobras, incluindo matérias
especiais sobre as aves nas mais diversas áreas.
O Projeto Aves realiza diversas
atividades voltadas ao estudo e conservação
desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos
quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria
e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine;
produção e plantio de espécies vegetais,
além de atividades socioambientais com crianças,
jovens e adultos, sobre a importância da conservação
das comunidades de avifauna.
O Projeto Aves é
patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras
Socioambiental, desde 2015.
Da Redação
Fotos: Pick-upau/Viviane Rodrigues Reis/Reprodução