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A vida dos psitacídeos
Conheça uma das famílias mais inteligentes entre as aves

18/06/2018 – Poucos grupos de aves são tão fáceis de serem reconhecidos, quanto os psitacídeos. Das araras da América do Sul até as cacatuas da Austrália, os psitacídeos estão entre as aves mais belas e exóticas do mundo.

A ordem Psittaciformes é composta por 398 espécies, reunidas em quatro famílias, Strigopidae, Cacatuidae, Psittaculidae e Psittacidae, esta última com 181 espécies. O Brasil é o país mais rico com 87 espécies, abrigando inclusive os maiores representantes, porém duas, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) e a arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus) estão extintas na natureza, mas há exemplares da primeira ainda em cativeiro.

O gênero Amazona, cujos integrantes são popularmente conhecidos como papagaios, possui o maior número de espécies da família. Seus representantes distribuem-se por toda a América Central (incluindo o Caribe), América do Sul e no Brasil, onde ocorrem em todos os biomas.

Pick-upau/Reprodução

Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus).

 

A Amazônia abriga sete espécies deste gênero, seguida pela Mata Atlântica com seis, Cerrado com três (Amazona amazonica, Amazona farinosa e Amazona aestiva), Pantanal e Caatinga com duas (Amazona amazonica e Amazona aestiva), e Pampa com apenas uma (Amazona pretrei).

Três espécies do gênero são endêmicas da região amazônica, Amazona festiva, Amazona autumnalis e Amazona kawalli, enquanto Amazona brasiliensis, Amazona rhodocorytha e Amazona vinacea são endêmicos da Mata Atlântica. As espécies Amazona amazonica e Amazona aestiva possuem distribuição mais ampla, ocorrendo em quase todos os biomas.

Com relação ao número de espécies, o gênero mais representativo entre os psitacídeos que ocorrem em território brasileiro é Pyrrhura (18 espécies) seguido por Amazona (12 espécies) e Aratinga e Brotogeris (06 espécies cada).

Pick-upau/Reprodução

Arara-canindé (Ara ararauna).

 

Esta riqueza já era totalmente salientada nos primeiros mapas, de 1500 em diante, sendo o país designado como “Terra dos Papagaios” (Brasilia sive terra papagallorum).

Inclusive, a ave símbolo do Brasil quase foi um psitacídeo. O padre jesuíta português, Fernão Cardim que chegou ao Brasil em 1583, foi quem mencionou pela primeira vez a ararajuba – Guaruba guarouba, como candidata.

O artista e cientista inglês John Gould (1804-1881), foi quem levou o primeiro periquito australiano para a Inglaterra, iniciando a reprodução da espécie em cativeiro. O artista e poeta Edward Lear se tornou famoso pela prancha da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari). Esta obra ajudou o Príncipe Charles de Bonaparte, a descrever a espécie em 1856, confundida até então com a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus).

Pick-upau/Reprodução

Arara-vermelha (Ara chloropterus).


Algumas características fazem com que esta família seja inconfundível. O bico é alto e recurvado com uma cera na base; a maxila móvel e articulada ao crânio permite movimentos extras, aumentando a potência do bico, o que é ótimo para quebrar sementes duras. A língua grossa e rica em papilas gustativas aperta o alimento de encontro às ranhuras da maxila, facilitando a ação da mandíbula, que pode exercer um movimento horizontal. O tarso curto aliado aos pés zigodáctilos (dois artelhos voltados para frente e dois para trás) permite levar o alimento até o bico.

A variação de tamanho e peso é alta entre os representantes brasileiros, o tuim (Forpus xanthopterygius), menor psitacídeo brasileiro, pesa 25 gramas enquanto uma arara pode pesar até 1,5 kg.

Os sexos são semelhantes, porém o macho de espécies de caudas longas, principalmente araras, possui a cauda mais comprida que as fêmeas. O macho do tuim, por exemplo, possui uma grande área azul na superfície inferior da asa e no baixo dorso, distinguindo-se da fêmea. Aparentemente, há variação na cor da íris entre o casal de papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva). Estudos realizados com diversos indivíduos mostraram que a íris do macho é amarelo-alaranjada, enquanto que da fêmea é vermelho-alaranjado, sendo que estas características são mais fáceis de serem verificadas em adultos.

Pick-upau/Reprodução

Maitaca-verde (Pionus maximiliani).


Os psitacídeos americanos são bastante barulhentos, entre as vozes mais fortes estão araras e a curica-verde (Graydidascalus brachyurus). Com alguma prática é possível distinguir a vocalização de diversas espécies, auxiliando a identificação, principalmente quando emitidas em voo.

Inteligência rara

Os papagaios estão entre as aves mais inteligentes do mundo, em cativeiro, estimula-se com qualquer ruído, o papagaio-verdadeiro é considerado o melhor ‘falador’ dentre os psitacídeos nacionais. No século XVII, em Pernambuco, o Conde Maurício de Nassau chegou a empregar um intérprete para entender um papagaio que falava em tupi.

A fonte de alimentação dos psitacídeos consiste em árvores frutíferas como mangueiras, jabuticabeiras, goiabeiras, laranjeiras e mamoeiros. No Pantanal, a arara-azul-grande desce ao solo para consumir coquinhos de acuri (Attalea phalerata), regurgitados pelo gado. Também tem o costume de abrir os cocos da macaúba (Acrocomia aculeata) usando um pedaço de madeira como instrumento, fixando-o na maxila.

Pick-upau/Reprodução

Periquitão-maracanã (Psittacara leucophthalmus).


Na caatinga, a arara-azul-de-lear aprecia os cocos da palmeira licuri (Syagrus coronata). Diversas espécies procuram os coquinhos da palmeira-juçara (Euterpe edulis), e apreciam sementes do dendezeiro (Elaeis guineensis) e do jaracatiá (Jacaratia spinosa). A maitaca-verde (Pionus maximiliani), o periquito-rico (Brotogeris tirica), o tuim (Forpus xanthopterygius) e outros psitacídeos procuram os frutos da embaúba.

A maitaca-verde e o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) também comem brotos, flores e folhas tenras, inclusive as de coqueiro. A tiriba-de-testa-vermelha (Pyrrhura frontalis) come os cones de Pinus elliottii e gosta, como tantas outras aves, da pimenta-malagueta (Capsicum frutescens). No sul, os papagaios Amazona pretrei e Amazona vinacea se alimentam de pinhões e do pinheiro-bravo (Podocarpus lambertii).

Pick-upau/Reprodução

Tiriba-de-testa-vermelha (Pyrrhura frontalis).


Comportamento

Os psitacídeos gostam de tomar banho de chuva, às vezes pendurados de cabeça para baixo no meio da folhagem. Na época de seca, periquitos do gênero Brotogeris pousam em beira de rios para banharem-se.

Apresentam o costume de ficarem imóveis e calados, muitas vezes camuflando-se com o ambiente. Ao sentirem-se ameaçados, os periquitos (Brotogeris) permanecem às vezes pendurados em um galho, de ponta-cabeça e quando a ameaça não existe mais, voam fazendo muito barulho. Como estratégia de defesa, o tuim costuma permanecer longo tempo pendurado em um galho por um ou ambos os pés. Os movimentos lentos que assume ao andar ou comer também ajuda na camuflagem.

Os papagaios estão entre as aves mais inteligentes do mundo, em cativeiro, estimula-se com qualquer ruído, o papagaio-verdadeiro é considerado o melhor ‘falador’ dentre os psitacídeos nacionais. No século XVII, em Pernambuco, o Conde Maurício de Nassau chegou a empregar um intérprete para entender um papagaio que falava em tupi.

 

A maioria dos psitacídeos neotropicais possui o hábito de coçar a cabeça, esticando a perna sob a asa. E quando um papagaio se espreguiça, estendendo sua asa e perna esquerdas, um periquito pousado ao seu lado direito pode estender a asa e a perna direitas, acompanhando o papagaio.

Os psitacídeos vivem aos casais e permanecem juntos por toda a vida, pelo menos as espécies grandes. Nidificam em troncos ocos de palmeiras, árvores e às vezes, em penachos de palmeiras. O casal frequentemente permanece junto dentro do ninho e quando ouvem ruídos estranhos colocam metade do corpo para fora da cavidade, inspecionando os arredores e, se assustados, saem um depois do outro, em silêncio.

Pick-upau/Reprodução

Periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri).


A arara-vermelha (Ara chloropterus) e a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) nidificam às vezes em paredões rochosos. O tuim ocupa regularmente ninhos abandonados do joão-de-barro, podendo levar às vezes gravetos e folhas para o ninho.

Conservação

A perda de habitat coloca em risco muitas espécies de psitacídeos, prejudicando a disponibilidade de cavidades naturais. Muitas destas cavidades também são ocupadas por abelhas, marimbondos e formigas, ou por pequenos vertebrados como gambás e saguis. A ameaça acontece também devido ao comércio ilegal, as espécies do gênero Amazona é um dos grupos mais procurados como animais de estimação, tanto em nível regional como global.

Pick-upau/Reprodução

Tuim (Forpus xanthopterygius).


Portanto, não compre e nem mantenha aves em gaiolas, assim você evita seu declínio e contribui para a conservação delas. Para avistar estas e outras espécies, seja um observador de aves, vá a parques e outras áreas verdes e cultive este hábito prazeroso.

Em comemoração ao centenário da aprovação da Lei do Tratado das Aves Migratórias (MBTA, na sigla em inglês), importantes instituições estrangeiras como National Audubon Society, National Geographic, BirdLife International e The Cornell Lab of Ornithology, oficializaram 2018 como o Ano da Ave. Aqui no Brasil, a Agência Ambiental Pick-upau também realizará uma série de ações para a promoção do Projeto Aves, patrocinado pela Petrobras, incluindo matérias especiais sobre as aves nas mais diversas áreas.

Pick-upau/Reprodução

Periquito-rico (Brotogeris tirica).


O Projeto Aves realiza diversas atividades voltadas ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes, polinização de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção e plantio de espécies vegetais, além de atividades socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a importância da conservação das comunidades de avifauna.

O Projeto Aves é patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, desde 2015.


Por Viviane Rodrigues Reis
Fotos: Reprodução/Pick-upau
Atualizada em 18/06/2018 às 21:25

 

 

 
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