Dia
do (Martim) Pescador
Conheça
uma família de exímios pescadores
29/06/2018 – Existem
alguns grupos de pescadores conhecidos, os polivalentes,
os artesanais, os profissionais artesanais de água
doce, os de água costeira e alto mar, os industriais,
os profissionais e os “Martins”. Neste dia 29
de junho comemora-se o dia do pescador, data de comemoração
também para os católicos, pelo apóstolo
(e pescador) São Pedro, hoje padroeiro dos pescadores.
Aproveitando a data e puxando a sardinha, vamos conhecer
um pouco sobre os pescadores natos, os Martins.
A Família Alcedinidae,
que reúne os martins-pescadores, pertence a Ordem
Coraciiformes, que é composta por mais 5 famílias:
Coraciidae, Brachypteraciidae, Todidae, Momotidae e Meropidae.
A família Alcedinidae é composta atualmente
por 19 gêneros, 114 espécies e 266 subespécies
(IOC, 2018).
Grupo cosmopolita de origem
oriental. A maioria das espécies ocorre em zonas
tropicais e subtropicais, com poucos representantes no continente
americano, da Terra do Fogo ao Alasca. As espécies
neotropicais variam no porte, mas possuem a aparência
bastante homogênea, diferentemente das espécies
que ocorrem em outros continentes.
Anatomia e Morfologia
Todos os alcedinídeos
possuem o bico proporcionalmente muito grande e são
capazes de regenerar grandes perdas na ranfoteca (revestimento
epidérmico do bico). Apesar das asas parecerem curtas,
o braço é relativamente longo, sendo as mãos
e as primárias encurtadas, diferindo de outras aves
que se precipitam à água para pescar, como
os atobás. Os pés sindáctilos (três
dedos anteriores unidos basalmente e o 2° e 3° até
a porção mediana) são pequenos e impróprios
para nadar. A cauda é de tamanho médio. Em
adaptação à vida aquática, possuem
a plumagem densa, lisa e bem justa no corpo.
Dimorfismo sexual e Vocalização
O macho e a fêmea
são diferentes. O dimorfismo é observado até
mesmo nos filhotes que abandonam o ninho. A vocalização
é composta por estalos ou matraqueado estridente.
Alimentação
Para se alimentarem, pousam
em ramos isolados sobre a água, em estacas ou em
fios de arame. Movem a cauda ligeiramente para cima e para
baixo com as penas da nuca arrepiadas e as asas inclinadas.
Consomem peixes, besouros-d’água e larvas de
insetos, precipitando-se com o bico verticalmente para baixo
ou pairando em pleno voo, deixando-se às vezes cair
obliquamente na água com as asas apertadas ao corpo,
a alturas de mais de dez metros. Ao alcançarem a
presa por baixo d’água, abrem as asas para
frear a propulsão, capturam-na e retornam à
superfície d’água utilizando as asas
como remo.
Apresentam tanto uma visão monocular quanto binocular,
pois possuem duas fóveas, uma central e uma lateral,
o que facilita a focalização da presa sob
a água. Possui também a membrana nictitante,
pele fina transparente que protege o bulbo ocular durante
os mergulhos.
Reprodução
A nidificação
ocorre em barrancos, e até mesmo em cupinzeiros terrícolas,
como já foi observado para a espécie Chloroceryle
americana. Há revezamento entre o casal durante
a escavação do ninho e chegam a desgastar
o bico durante a construção de longas galerias.
Os dedos dianteiros unidos atuam como uma pá. A postura,
de dois a quatro ovos brancos e arredondados, ocorre diretamente
no substrato.
Espécies Brasileiras
No Brasil há dois
gêneros e cinco espécies de martins-pescadores.
O gênero Megaceryle apresenta o lado dorsal cinza-azulado
e reúne apenas uma espécie. O gênero
Chloroceryle possui o lado dorsal verde-metálico
escuro e abriga quatro espécies.
Megaceryle torquata (martim-pescador-grande), com
três subespécies, sendo apenas uma no Brasil,
Megaceryle t. torquata; Chloroceryle amazona (martim-pescador-verde);
Chloroceryle aenea (martim-pescador-miúdo),
com duas subespécies, das quais uma ocorre no Brasil,
Chloroceryle a. aenea; Chloroceryle americana
(martim-pescador-pequeno), com cinco subespécies,
das quais duas ocorrem no Brasil, Chloroceryle a. americana
e Chloroceryle a. mathewsii; e Chloroceryle
inda (martim-pescador-da-mata), com duas subespécies,
das quais uma ocorre no Brasil, Chloroceryle i. inda.
Status de Conservação
Segundo a IUCN – União
Internacional para a Conservação da Natureza,
setenta e sete espécies de martins-pescadores não
estão ameaçadas, incluindo todas as espécies
brasileiras, portanto, enquadradas como Pouco Preocupante.
Uma espécie está inserida na categoria Dados
Insuficientes – DD; vinte e cinco espécies
estão na categoria Quase Ameaçada –
NT; dez na categoria Vulnerável – VU; duas
Em Perigo – EN; quatro Criticamente em Perigo –
CR e uma Extinta na Natureza- EW.
Extinto na natureza
Todiramphus cinnamominus
possui 20 centímetros e era endêmico da ilha
de Guam, mas tornou-se Extinto na Natureza em 1986, quando
os últimos indivíduos foram levados para programas
de reprodução em cativeiro, nos Estados Unidos,
sua extinção ocorreu devido à predação
por serpentes invasoras da espécie Boiga irregularis
e também por gatos invasores.
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Todiramphus cinnamominus,
extinto na natureza.
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Já os criticamente
em perigo (CR) estão Alcedo euryzona, endêmico
da ilha de Java na Indonésia; Ceyx sangirensis,
de ocorrência nas ilhas de Sangihe e Talaud, na Indonésia;
Todiramphus gambieri, restrito a uma faixa extremamente
pequena na ilha de Niau, no Arquipélago de Tuamotu,
na Polinésia Francesa; e o Todiramphus godeffroyi,
endêmico das Ilhas Marquesas na Polinésia Francesa.
Este último ocorria também em Hiva Ao, segunda
maior ilha das Ilhas Marquesas, mas acredita-se que foi
extinto devido à predação pela grande
coruja jacurutu - Bubo virginianus, espécie
introduzida e por outras espécies exóticas
como a ave Acridotheres tristis, espécie
de mainá bastante comum na Ásia e talvez por
roedores introduzidos da espécie Rattus rattus.
A Agência Ambiental
Pick-upau, juntamente com diversos representantes da sociedade,
realiza diversos trabalhos de restauração
do bioma Mata Atlântica, assim como pesquisas ecológicas
com a avifauna. Levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre dispersão de sementes, polinização
de flores e atividades socioambientais são realizadas
para a conservação da biodiversidade brasileira.
Em comemoração
ao centenário da aprovação da Lei do
Tratado das Aves Migratórias (MBTA, na sigla em inglês),
importantes instituições estrangeiras como
National Audubon Society, National Geographic, BirdLife
International e The Cornell Lab of Ornithology, oficializaram
2018 como o Ano da Ave. Aqui no Brasil, a Agência
Ambiental Pick-upau também realizará uma série
de ações para a promoção do
Projeto Aves, patrocinado pela Petrobras, incluindo matérias
especiais sobre as aves nas mais diversas áreas,
como na ciência.
O Projeto Aves realiza diversas
atividades voltadas ao estudo e conservação
desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos
quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria
e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine;
produção e plantio de espécies vegetais,
além de atividades socioambientais com crianças,
jovens e adultos, sobre a importância da conservação
das comunidades de avifauna.
O Projeto Aves é
patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras
Socioambiental, desde 2015.
Da Redação
Fotos: Reprodução
Com informações de Guia de Campo Avifauna
Brasileira de Tomas Sigrist; Comitê Brasileiro de
Registros Ornitológicos; Guia Completo para Identificação
das Aves do Brasil de Rolf Grantsau. IOC World Bird List
2018; Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas
da IUCN; Ornitologia Brasileira de Helmut Sick.