Saudades
do Pato e do Papagaio
Fim
de parceria da Disney e Editora Abril deixa fãs órfãos
dos quadrinhos de Donald e companhia
Geek & Meio Ambiente
25/09/2018 – Um dos
casamentos mais duradouros do mundo do entretenimento acabou
no último mês de junho. Foram 68 anos de parceria
entre a Disney e a Editora Abril, fundada por Victor Civita.
Para quem é mais novo talvez essa notícia
não faça muita diferença, mas para
quem está na casa dos 30, 40 anos a decepção
é grande. Muitos, inclusive, iniciaram sua alfabetização
com gibis da Disney, antes mesmo da nossa Turma da Mônica.
A notícia, antes
divulgada por sites especializados em quadrinhos, foi confirmada
pelo diretor Ricardo Perez, aos assinantes. “Após
revisão estratégica do Grupo Abril, a partir
de junho de 2018 os quadrinhos Disney não serão
mais publicados por nós", dizia o comunicado.
No site da editora, já não era possível
assinar os quadrinhos da Disney.
A esperança agora
vem de sites especializados que especulam quem poderia fechar
uma nova parceria com a Disney e continuar a publicar as
histórias, uma das apostas é a Panini, que
já adquiriu outras coleções e títulos
da Abril, como as publicações da Marvel.
A história de sucesso
entre a gigante americana e a editora brasileira produziu
muitos frutos, foram inúmeras as histórias,
capitaneadas pelo símbolo maior da Disney, Mickey
Mouse. Contudo, quem realmente fez sucesso nas bancas brasileiras,
desde a década de 50, foi uma ave, um Anatidae, mais
conhecido como Pato Donald.
Com um grande sucesso no
Brasil, Donald passou pelo cinema, televisão e quadrinhos,
e consolidou-se como um campeão de vendas, muitas
vezes superando até o próprio Mickey. As primeiras
revistas foram editadas a partir de 1950, um marco para
a Editora Abril, chegando mais tarde, nas décadas
de 80 e 90, como a revista em quadrinhos mais longínqua
do país. Nessa leva trouxe uma série de outros
personagens como os sobrinhos Huguinho, Zézinho,
Luizinho, Margarida, Tio Patinhas, Peninha, Professor Ludovico,
Gastão, Maga Patalójika (todos patos), entre
outros.
Donald, o pato
O traje de marinheiro, o
bumbum de fora, a voz “vocalização”
singular e o temperamento explosivo são marcas registradas
de Donald. E quem pensa que a importância da personagem
está aquém da estrela maior da Disney, o Mickey,
se engana. Donald, além de um produto muito rentável
para a companhia, tem grande importância no universo
da Disney, estrelando dezenas de filmes, sendo estrela maior
em centenas de quadrinhos e criando um mundo só de
patos com familiares (tios, sobrinhos), super-heróis,
namoradas.
Donald estreou nos cinemas
em junho de 1934, em um curta chamado “The Wise Little
Hen”, onde era apresentado como um pato preguiçoso
que fugia das atividades da fazenda onde morava. Contudo,
só foi protagonista em 1937, com curta “Don
Donald”, a animação de cerca de oito
minutos mostrava Donald em busca de uma namorada no México.
E quem pensa que seu primeiro par foi a Margarida, se engana,
Donald flertou com outra pata, ainda na década de
30, a Donna. A quem diga que as duas patas são a
mesma personagem, mas em épocas diferentes, a Disney
nunca confirmou.
Atenção Spoiler
No Brasil Donald foi tão ou mais famoso que o Mickey,
a imagem máxima da Disney, e isso fez com que as
revistas do pato fossem uma das mais vendidas pela Editora
Abril no país. Para ser ter ideia da força
e o carisma de Donald, em 1943, a animação
“Der Feuhrer’s Face”, com trilha sonora
“Die Meistersinger von Nürnberg”, de Richard
Wagner e voz do Groucho Marx (Irmãos Marx), um importante
comediante da época, ganhou o Oscar de melhor curta
de animação. O filme fazia parte da campanha
antinazista (fascismo), durante a Segunda Guerra Mundial.
Na curiosa trama, Donald acorda na Alemanha e se vê
num pesadelo, tendo que tomar seu café com um pão
tão duro, que o pato usa um serrote para se servir,
depois inicia a leitura do livro “Mein Kampf”,
escrito por Hitler e ainda é obrigado a saudar Hitler,
Hirohito (imperador do Japão) e Mussolini (político
e ditador da Itália), os três países
formavam o Eixo. Levado ao trabalho, Donald se vê
em um trabalho escravo, permanecendo no ofício por
“48 horas por dia”. Com uma boa dose de humor
e com alusão a obra prima de Charles Chaplin, “Tempos
Modernos”, o filme foi um sucesso nos Estados Unidos.
Mas claro que tudo não passa de um pesadelo de Donald.
Além dos vários
patos que o acompanham nas histórias, Donald também
ganhou outro amigo de penas, desta vez um psitacídeo,
o brasileiríssimo papagaio Zé Carioca.
Zé Carioca, o papagaio
Com objetivo de atender
uma demanda do governo americano que pretendia reforçar
os laços políticos e de boa vizinhança
com países da America Latina, Walt Disney, visitou
alguns países da região em 1941. Chegando
ao Rio de Janeiro, conheceu o cartunista J. Carlos, que
ajudou na inspiração para criar ‘o mais
brasileiro dos personagens’ da Disney, Zé Carioca
(nos Estados Unidos conhecido com Joe Carioca). A personagem
estreou no filme “Alô, amigos”, em 1942,
onde Zé Carioca recepcionava o Pato Donald na terra
dos papagaios. Juntos, os personagens sambaram, tomaram
cachaça e curtiram o Brasil ao som de “Tico-tico
no fubá” e “Aquarela do Brasil”,
duas pérolas do cancioneiro brasileiro.
Em 1945, outro sucesso da
Disney reuniria novamente a dupla, em “Você
já foi à Bahia”, com participação
de Carmem Miranda, numa fusão de desenho e personagens
reais. Zé Carioca, na visão de Disney, representava
bem o estilo brasileiro, com muito gingado e uma boa dose
de malandragem (quase preguiçoso). Nos quadrinhos,
Zé apareceu pela primeira vez, em 1950, três
anos depois, a personagem surgiu na capa de uma edição
da revista “O Pato Donald”. Boa parte das histórias
de Zé Carioca era contada a partir de seu barraco,
na Vila Xurupita, onde morava.
Somente, em 1964, Zé
Carioca ganha sua própria revista. Apesar de ser
a primeira edição, a revista foi lançada
com o número 479, uma sequência do Pato Donald.
Mais tarde, Zé Carioca passou a ter uma edição
exclusiva, contudo, o número 1 jamais foi lançado.
A personagem parou de ser escrita, ainda na década
de 60. O Zé Carioca surgia então em histórias
do Mickey e do Pateta. Nessa época o papagaio ganha
dois sobrinhos, Zico e Zeca. E na década de 70 a
revista teve uma reformulação, ficando mais
brasileira, chegando a vender mais que o pato Donald.
Em 2000, a Disney lançou uma graphic novel “Zé
Carioca – especial Brasil 500 anos”, esse era
o único personagem da companhia que ainda não
havia ganhado uma edição neste formato.
Sobre os Anatídeos
A família Anatidae, que abriga patos, gansos e marrecas,
é composta por 51 gêneros, dos quais 15 ocorrem
no Brasil, 173 espécies das quais 26 existem no Brasil
(IOC, 2018; Piacentini et al., 2015). As características
da família são: bico achatado e as bordas
internamente com lâminas transversais; pés
com dedos anteriores unidos entre si com membranas nadadeiras;
e pés muito curtos. São aves que vivem em
ambientes aquáticos ao redor de todo o mundo, com
exceção da Antártica. As espécies
brasileiras vivem em sua maioria, em áreas lacustres,
sobretudo na região sul, enquanto outras ocorrem
de maneira dispersa pelo interior do país, em margens
de rios, pantanais ou banhados. Em relação
à conservação, 7 anatídeos estão
atualmente extintos, 6 estão criticamente em perigo,
8 em perigo, 18 vulneráveis e 10 estão quase
ameaçados (IUCN, 2018). A espécie brasileira
mais ameaçada é o pato-mergulhão –
(Mergus octosetaceus), considerado Criticamente
em Perigo.
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A família Anatidae abriga
patos, gansos e marrecas.
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Sobre os Psitacídeos
Poucos grupos de aves são tão fáceis
de serem reconhecidos, quanto os psitacídeos. Das
araras da América do Sul até as cacatuas da
Austrália, os psitacídeos estão entre
as aves mais belas e exóticas do mundo. A família
Psittacidae abriga 181 espécies, das quais 87 ocorrem
no Brasil. O gênero Amazona, cujos integrantes são
popularmente conhecidos como papagaios, possui o maior número
de espécies da família. Seus representantes
distribuem-se por toda a América Central (incluindo
o Caribe), América do Sul e no Brasil, onde ocorrem
em todos os biomas. Os psitacídeos vivem aos casais
e permanecem juntos por toda a vida, pelo menos as espécies
grandes. Nidificam em troncos ocos de palmeiras, árvores
e às vezes, em penachos de palmeiras. A perda de
habitat coloca em risco muitas espécies de psitacídeos,
prejudicando a disponibilidade de cavidades naturais. Muitas
destas cavidades também são ocupadas por abelhas,
marimbondos e formigas, ou por pequenos vertebrados como
gambás e saguis. A ameaça acontece também
devido ao comércio ilegal, as espécies do
gênero Amazona é um dos grupos mais procurados
como animais de estimação, tanto em nível
regional como global.
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Papagaio-verdadeiro (Amazona
aestiva).
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Em comemoração
ao centenário da aprovação da Lei do
Tratado das Aves Migratórias (MBTA, na sigla em inglês),
importantes instituições estrangeiras como
National Audubon Society, National Geographic, BirdLife
International e The Cornell Lab of Ornithology, oficializaram
2018 como o Ano da Ave. Aqui no Brasil, a Agência
Ambiental Pick-upau também realizará uma série
de ações para a promoção do
Projeto Aves, patrocinado pela Petrobras, incluindo matérias
especiais sobre as aves nas mais diversas áreas,
como na cultura.
O Projeto Aves realiza diversas
atividades voltadas ao estudo e conservação
desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos
quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria
e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine;
produção e plantio de espécies vegetais,
além de atividades socioambientais com crianças,
jovens e adultos, sobre a importância da conservação
das comunidades de avifauna.
O Projeto Aves é
patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras
Socioambiental, desde 2015.
Da Redação
Fotos: Reprodução