Pesquisa
confirma ave-elefante como o maior da história
Espécie
que viveu em Madagascar, há cerca de mil anos, pesava
quase uma tonelada
06/11/2018 – Descoberta
em 1894, pelo pesquisador britânico C.W.Andrews, o
espécime recebeu o nome de Aepyornis titan
e por muitos anos foi associado ao Aepyornis maximus,
espécie que até o momento era considerado
a maior ave do mundo.
Agora, pesquisadores da
Sociedade Zoológica de Londres (ZSL), no Reino Unido,
classificaram a ave-elefante como a maior ave que já
existiu no planeta Terra. Medindo quase 3 metros de altura
e pesando uma tonelada, tendo cerca de 860 kg, somente de
penas, a ave assume a alcunha de maior ave com sobra.
"Eles teriam sobressaído
em relação às pessoas", disse
à AFP o principal autor do estudo, James Hansford,
da Zoological Society of London. "Eles definitivamente
não podiam voar, já que não poderiam
ter suportado nada perto de seu peso".
Entretanto, a pesquisa da
ZSL, revela que a ave-elefante é na verdade uma nova
espécie, a Vorombe titan (pássaro
grande) na língua malgaxe e em grego, respectivamente.
Extinto há mil anos, os pesquisadores ainda não
conseguiram identificar a causa de seu desaparecimento.
Segundo estudo publicado
na Revista Royal Society Open Science, a forma e o tamanho
de seus ossos eram diferentes em todas as aves analisadas,
por esse motivo criou-se o novo gênero Vorombe.
Ainda segundo o jornal The Independent, o ave-elefante era
tão grande que rivalizava com algumas espécies
de dinossauros.
Apesar do grande porte e
das garras, o ave-elefante se alimentava de vegetais, principalmente
frutas. "As aves-elefantes foram as maiores da megafauna
de Madagascar e, sem dúvida, uma das mais importantes
na história evolutiva das ilhas, mais ainda do que
os lêmures", disse James Hansford, do Instituto
de Zoologia da ZSL.
“Isso ocorre porque
os animais de grande porte têm um enorme impacto no
ecossistema em que vivem, controlando a vegetação
por meio da ingestão de plantas, espalhando a biomassa
e dispersando as sementes pela defecação.
Madagascar ainda sofre com efeitos da extinção
dessas aves", concluiu.
Outro estudo publicado pela
ZSL demonstrou que alguns ossos das aves-elefantes possuem
marcas de fraturas e cortes, que pode indicar evidências
de caça de humanos pré-históricos.
Através de técnicas de datação
por radiocarbono, pesquisadores puderam determinar quando
as aves foram mortas. Com essa descoberta foi possível
reavaliar a chegada e a existência de humanos em Madagascar.
"No extremo, encontramos
um osso que realmente elevou os limites do que agora entendemos
sobre o tamanho das aves", disse Hansford, referindo-se
ao espécime de 860 quilos. "E houve alguns outros
que levaram a isso também, por isso não é
um ponto fora da curva - havia uma gama de massas que são
extraordinariamente grandes".
"Você começa
a ver grandes quantidades de assentamentos agrícolas
e mudanças de habitat com a queima de florestas,
(...) que parecem ter levado toda a megafauna em Madagascar,
incluindo a ave-elefante, à extinção",
disse Hansford.
“Sem uma compreensão
precisa da diversidade de espécies do passado, não
podemos entender adequadamente a evolução
ou a ecologia em sistemas únicos como Madagascar,
ou reconstruir o que foi perdido desde a chegada humana
em ilhas", diz Samuel Turvey, professor da ZSL. "Conhecer
a história da perda de biodiversidade é essencial
para determinar como conservar as espécies ameaçadas
hoje", completou.
Segundo revista Proceedings
of the Royal Society B, os estudos, o pássaro-elefante
pode ter sido um animal noturno e que não tinha uma
boa visão. Ao analisarem os crânios dos espécimes
em um scanner de tomografia computadorizada, foi observado
que os lóbulos ópticos, que processam as imagens
que olho capta, eram praticamente inexistentes. Isso significa,
que segundo o estudo, que a ave mal podia enxergar e os
bulbos olfatórios e o centro olfativos do cérebro
eram muito maiores que o esperado, descreve a revista Galileu.
Deste modo a ave-elefante
teria hábitos noturnos, o que pode explicar como
a espécie sobreviveu tanto tempo após a chegada
dos humanos na ilha de Madagascar.
As aves-elefantes "provavelmente
desempenharam os papéis mais importantes na manutenção
e desenvolvimento das paisagens que eram naturais para Madagascar
antes dos humanos chegarem lá", disse.
"Precisamos entender
o papel desses animais dentro dessas paisagens, a fim de
começar a regenerar e conservar o que nos resta".
Em comemoração
ao centenário da aprovação da Lei do
Tratado das Aves Migratórias (MBTA, na sigla em inglês),
importantes instituições estrangeiras como
National Audubon Society, National Geographic, BirdLife
International e The Cornell Lab of Ornithology, oficializaram
2018 como o Ano da Ave. Aqui no Brasil, a Agência
Ambiental Pick-upau também realizará uma série
de ações para a promoção do
Projeto Aves, patrocinado pela Petrobras, incluindo matérias
especiais sobre as aves nas mais diversas áreas,
como na ciência.
Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa da Agência
Ambiental Pick-upau, a Plataforma Darwin, o Projeto Aves
realiza atividades voltadas ao estudo e conservação
desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos
quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria
e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine;
produção e plantio de espécies vegetais,
além de atividades socioambientais com crianças,
jovens e adultos, sobre a importância em atuar na
conservação das aves. Parcerias estratégicas
como patrocínios da Petrobras e da Mitsubishi Motors
incentivam essa iniciativa.
Da Redação,
com informações do G1