Aves
de Rapina: Conheça suas famílias e sua diversidade
Os
rapinantes estão distribuídos em 7 famílias
com características peculiares
09/11/2018 – A palavra
rapina, de origem latina significa o ato de roubar com violência,
mas refere-se apenas a maneira de obtenção
do alimento de algumas aves predadoras.
Apesar da expressão
“aves de rapina” ser muito utilizada para caracterizar
as aves carnívoras diurnas e noturnas que possuem
garras e bicos fortes, o grupo reúne aves pertencentes
a linhagens distintas, por exemplo, as corujas não
são relacionadas diretamente aos gaviões,
águias, abutres do Velho Mundo e falcões.
As aves de rapina compreendem sete famílias reunidas
em quatro ordens.
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Gavião-de-penacho (Spizaetus
ornatus).
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Ordens e famílias
de rapinantes no mundo.
Cathartiformes
Cathartidae
A família Cathartidae
abriga os urubus, aves de rapina diurnas de tamanho médio
a grande, cabeça sem penas, bico potente, asa bastante
larga e que se alimentam principalmente de carniça.
Ocorre nas Américas do Norte, Central e do Sul. Ocorrem
em muitos habitats, de regiões montanhosas às
florestas de terras baixas e desertas. Seus representantes
têm entre 56 e 134 centímetros.
A família reúne
7 espécies, 8 subespécies em 5 gêneros.
Uma espécie está criticamente em perigo, o
condor-da-califórnia (Gymnogyps californianuse)
1 está quase ameaçada, o condor-dos-andes
(Vultur gryphus).
No Brasil ocorrem 6 espécies
distribuídas em quatro gêneros Cathartes,
Coragyps, Sarcoramphus e Vultur, somente o
gênero Gymnogyps não ocorre no Brasil.
Nenhuma espécie está ameaçada.
Accipitriformes
Sagittariidae
A família possui
apenas a espécie Sagittarius serpentarius
conhecida como secretário ou serpentário.
Grande ave de rapina com bico curvado, pernas longas, semelhante
a cegonhas, garras afiadas, crista com penas compridas e
pretas na parte de trás da cabeça, penas centrais
da cauda longas. Vive no continente africano e habita florestas,
savanas e estepes. Alimenta-se principalmente de insetos
e roedores, mas também mamíferos, lagartos,
cobras, ovos, filhotes de aves e anfíbios. Tem de
125 a 150 centímetros. Está vulnerável
pela avaliação global.
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Sagittarius serpentarius
conhecida como secretário ou serpentário.
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Pandionidae
A família Pandionidae
abriga grandes aves de rapina com pés reversíveis
e com espinhos para capturar presas escorregadias. Alimentam-se
de peixes e ocorrem em águas rasas, tanto no interior
quanto no mar. Tem de 55 a 58 centímetros.
Ocorrem 2 espécies
e 3 subespécies reunidas em um gênero. A águia-pescadora
(Pandion haliaetus) ocorre em diversos países,
inclusive no Brasil. Nenhuma espécie está
ameaçada.
Accipitridae
A família Accipitridae
abriga os gaviões e abutres, espécies pequenas
e grandes com hábitos diurnos, pernas e pés
fortes, garras afiadas e curvadas, ótima visão
e frequentemente asas amplas.
Ocorrem em todas as regiões,
exceto na Antártica, e em todos os habitats, de florestas
a zonas úmidas, tundras, regiões montanhosas
e áreas urbanas. Seus integrantes variam de 20 a
150 centímetros.
A família reúne
256 espécies e 378 subespécies distribuídas
em 68 gêneros. Na avaliação global,
53 estão ameaçados de extinção
(13 criticamente em perigo, 17 em perigo e 23 vulneráveis),
33 estão quase ameaçados e um está
extinto (Bermuteo avivorus) das Ilhas Bermudas.
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A família Accipitridae
abriga os gaviões e abutres,
espécies pequenas e grandes com hábitos
diurnos. Gavião-de-rabo-branco (Geranoaetus
albicaudatus).
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No Brasil ocorrem 48 espécies
distribuídas em 27 gêneros, pela avaliação
regional (Brasil) 7 espécies estão ameaçadas
de extinção, o gavião-de-pescoço-branco
(Leptodon forbesi) e a águia-cinzenta (Urubitinga
coronata) estão em perigo, o gavião-pombo-pequeno
(Amadonastur lacernulatus), uiraçu-falso
(Morphnus guianensis), gavião-real (Harpia
harpyja) e o gavião-cinza (Circus cinereus)
estão vulneráveis.
Falconiformes
Falconidae
A família Falconidae
abriga aves predadoras de pequeno a médio porte como
os falcões e carcarás. Habitam todas as regiões,
exceto a Antártica e todos os habitats, da tundra
a desertos e florestas tropicais. Variam de 14 a 65 centímetros.
São separados dos
Accipitridae não só por caracteres anatômicos
como também pela maneira que efetuam a muda (processo
de troca de penas), dados bioquímicos (análise
eletroforética) e comportamento. Apresentam certas
semelhanças com as corujas, possivelmente devido
a uma convergência evolutiva.
Os falconídeos são
aves de rapina com a forma mais aerodinâmica que se
conhece. Suas asas são estreitas e pontudas, menos
adequadas para planar do que as dos acipitrídeos.
A família reúne
67 espécies e 112 subespécies distribuídas
em 11 gêneros. Na avaliação global,
5 estão vulneráveis, 2 em perigo, 8 estão
quase ameaçados e 2 foram extintos, Caracara
lutosa endêmico da Ilha de Guadalupe no México
e Falco duboisi da Ilha Reunião, governado
pela França e localizado no Oceano Índico.
No Brasil ocorrem 21 espécies distribuídas
em 7 gêneros e nenhum está ameaçado.
Strigiformes
Tytonidae
A família Tytonidae
abriga as suindaras, aves com cabeça grande e disco
facial em formato de coração, pernas longas,
pés forte, geralmente com garras bem desenvolvidas.
Encontradas praticamente
no mundo todo, exceto regiões desérticas e
polares, algumas ilhas, e boa parte da Ásia. Ocorre
em grande variedade de habitats, de florestas densas a desertos,
paisagens urbanas e cidades, da zona temperada aos trópicos.
Tem de 23 a 57 centímetros.
Abriga 20 espécies,
53 subespécies distribuídas em 2 gêneros,
5 espécies estão ameaçadas. Phodilus
prigoginei da República Democrática do
Congo está em perigo, Tyto soumagnei de
Madagascar, Tyto nigrobrunnea das Ilhas Molucas,
Tyto inexpectata da Indonésia e Tyto
aurantia da Papua Nova Guiné estão vulneráveis.
No Brasil ocorre apenas uma espécie, a suindara (Tyto
furcata), que não está ameaçada
de extinção.
Strigidae
A família Strigidae
reúne aves em sua maioria noturnas, com cabeça
grande, bico forte, disco facial redondo, corpo compacto,
cauda curta, pés fortes com garras afiadas e plumagem
com coloração críptica. Ocorrem em
praticamente todos os habitats terrestres, do Ártico
aos trópicos. Seus integrantes variam de 12 a 75
centímetros.
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A família Strigidae reúne
aves em sua maioria noturnas.
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A família abriga
223 espécies, 433 subespécies em 27 gêneros
das quais 3 estão criticamente ameaçadas,
14 em perigo, 22 vulneráveis, 25 quase ameaçadas
e 6 já foram extintas Aegolius gradyi das
Ilhas Bermudas, Mascarenotus grucheti da Ilha Reunião,
Mascarenotus murivorus da Ilha Rodrigues, Mascarenotus
sauzieri da Ilhas Maurício e Sceloglaux
albifacies da Nova Zelândia.
No Brasil ocorrem 22 espécies
distribuídas em 9 gêneros. Duas subespécies
brasileiras estão ameaçadas, Pulsatrix
perspicillata pulsatrix e a Strix huhula albomarginata
estão vulneráveis.
A caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum),
nativa do estado foi recentemente declarada extinta pelo
ICMBIO, devido a intensos desmatamentos causados por incêndios
e extração ilegal de madeira.
Assim como a diversidade,
as ameaças também são muitas. Um estudo
publicado na Revista Biological Conservation verificou que
18% dos rapinantes do mundo estão ameaçados
de extinção e 52% das espécies estão
com suas populações em declínio, mais
do que as aves em geral.
Em comemoração
ao centenário da aprovação da Lei do
Tratado das Aves Migratórias (MBTA, na sigla em inglês),
importantes instituições estrangeiras como
National Audubon Society, National Geographic, BirdLife
International e The Cornell Lab of Ornithology, oficializaram
2018 como o Ano da Ave. Aqui no Brasil, a Agência
Ambiental Pick-upau também realizará uma série
de ações para a promoção do
Projeto Aves, patrocinado pela Petrobras, incluindo matérias
especiais sobre as aves nas mais diversas áreas,
como na ciência.
Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa da Agência
Ambiental Pick-upau, a Plataforma Darwin, o Projeto Aves
realiza atividades voltadas ao estudo e conservação
desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos
quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria
e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine;
produção e plantio de espécies vegetais,
além de atividades socioambientais com crianças,
jovens e adultos, sobre a importância em atuar na
conservação das aves. Parcerias estratégicas
como patrocínios da Petrobras e da Mitsubishi Motors
incentivam essa iniciativa.
Da Redação
(Viviane Rodrigues Reis)
Fotos: Pick-upau/Reprodução/Pixabay
Com informações
de Aves de Rapina Brasil, 2018; Comitê Brasileiro
de Registros Ornitológicos, 2015; Handbook of the
Birds of The World Alive 2018; Helmut Sick, 1997; IOC World
Bird List, 2018; IUCN Red List of Threatened Species, 2018;
McClure, C.J.W., Biological Conservation (2018); MMA/ICMBIO,
2010-2014.