Mudança
climática pode causar declínio em comunidades
de rouxinol
Com
asas mais curtas, migração está em
risco. Pesquisadores sugerem mudanças evolutivas
05/06/2020 – Homenageado
pelo poeta inglês John Keats (1795-1821) com uma “dríade
alada das árvores”, a célebre ave que
possui um belo e característico canto, pode estar
ameaçado devido a uma mudança evolutiva, ou
seja, uma redução no tamanho de suas asas.
Com essa adaptação,
a migração do rouxinol pode ser severamente
afetada. A espécie costuma migrar da África
subsaariana para reprodução na Europa, durante
o verão do hemisfério norte. No último
período foram registrados apenas 7.000 pares de ninhos
na Inglaterra.
Pesquisadores da Universidade
Complutense de Madri, na Espanha, examinaram o tamanho das
asas de duas comunidades de rouxinóis, no centro
do país e descobriram que o comprimento médio
das asas, em relação ao tamanho do corpo,
vem diminuindo nas últimas décadas. Com essa
nova realidade os pesquisadores acreditam que com asas mais
curtas as aves terão menos chances de retornar aos
seus criadouros, após a primeira viagem à
África.
De acordo com o estudo publicado
no The Auk: Ornithological Advances, da American Ornithological
Society, a seleção natural, com a redução
no tamanho das asas, pode ter sido impulsionada pelas mudanças
climáticas. Segundo o estudo, nas últimas
décadas, o clima da primavera mudou na região
central da Espanha e o verão tem apresentado períodos
de seca mais intensos e longos, deixando os rouxinóis
com uma janela mais curta para o desenvolvimento de seus
filhotes.
Os pesquisadores acreditam
que um conjunto de adaptações que tornaram
o rouxinol uma exímia ave migratória, que
incluiu uma grande envergadura e uma vida útil mais
curta, por exemplo, que são controlados por um conjunto
de genes vinculados, pode estar em adequação.
Segundo os cientistas, isso significa que a pressão
seletiva em uma determinada característica também
pode afetar outros recursos.
A pesquisa indica que os
efeitos da seca nas estações podem estar levando
as aves mais bem-sucedidas a reduzir a quantidade de ovos,
e com menos filhotes e menos oferta de alimento, os rouxinóis
podem perder outras características que tornaram
a espécie uma migrante eficaz. Isso pode ser um exemplo
de “falta de adaptação”, onde
as respostas das espécies lidam de forma diferente
às mudanças climáticas, causando danos
irreversíveis.
"Há muitas evidências
de que as mudanças climáticas afetam as aves
migratórias, alterando suas datas de chegada e postura
e suas características físicas nas últimas
décadas", disse a principal autora Carolina
Remacha, da Universidade Complutense de Madri.
“Se quisermos entender
completamente como as populações de aves se
adaptam a novos ambientes, a fim de ajudá-las a enfrentar
os desafios de um mundo em rápida mudança,
é importante chamar a atenção para
os possíveis problemas de mudança desadaptativa”,
conclui Remacha.
Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa da Agência
Ambiental Pick-upau, a Plataforma Darwin, o Projeto Aves
realiza atividades voltadas ao estudo e conservação
desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos
quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria
e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine;
produção e plantio de espécies vegetais,
além de atividades socioambientais com crianças,
jovens e adultos, sobre a importância em atuar na
conservação das aves.
Da Redação,
com informações do The Guardian
Fotos: Reprodução/Wikipedia