Para
sobreviver à seca aves canoras deixam de se reproduzir
Pesquisadores
identificaram grandes quedas na taxa de reprodução
de aves tropicais
03/09/2020 – Um estudo
publicado na revista “Nature Climate Change”
descreve que aves canoras de florestas tropicais estão
reduzindo suas taxas de reprodução, como forma
de compensar os esforços para sobreviver a períodos
de seca. Segundo a pesquisa realizada por Thomas Martin
e James Mouton, da Universidade de Montana (EUA), espécies
com expectativas maiores de vida conseguem superar melhor
essas mudanças ambientais, o que contraria conhecimentos
anteriores.
Fatores como o aumento na
constância de períodos de calor mais intenso,
em várias partes do planeta, aliados a perda de habitat
e outras ameaças à biodiversidade, fizeram
com que os cientistas chegassem a uma importante indagação.
Será que as espécies de avifauna poderão
se adequar às condições climáticas
extremas e adversas? Períodos de secas, que podem
se tornar mais comuns, por contas das mudanças climáticas,
também podem colocar as aves em uma fronteira de
sobrevivência, em meio à reprodução
e sua própria existência. Tudo por conta da
nidificação e a alimentação
dos filhotes, que demandam muita energia, principalmente
quando a comida fica mais escassa.
Os cientistas descobriram
que aves canoras estão preferindo reduzir sua reprodução
em períodos de seca, ao invés de conciliar
essa demanda em condições climáticas
e ambientais avessas. Os pesquisadores identificam em seu
estudo demográfico, com aves canoras tropicais, em
um período de 17 anos na Venezuela e na Malásia,
que houve um ano de seca em cada região. A pesquisa
também apresentou um modelo de dinâmica populacional
para o futuro, em três cenários de condições
de mudanças climáticas distintas. Segundo
Martim e Mouton, a reprodução durante o período
de seca, teve em média redução de 36%,
em 20 espécies na Malásia, e 52%, em 18 espécies
na Venezuela.
De acordo com o estudo,
a sobrevivência das espécies aumentou em relação
aos anos se seca severa, por outro lado, a maioria dessas
espécies teve redução na taxa de reprodução
nos mesmos períodos. Em contraponto, as taxas de
sobrevivência foram menores em espécies que
não alteraram sua frequência de reprodução,
também aquelas que dependem de habitats mais úmidos,
comuns em regiões tropicais.
Para os pesquisadores, os
efeitos negativos dos períodos de seca sobre a taxa
populacional foram menores para espécies de vida
mais longa, em relação aquelas com tempo de
vida mais curto, em função das mudanças
climáticas.
“Os resultados aqui
sugerem que as espécies tropicais de vida mais longa
podem ser mais resistentes a pelo menos algumas formas de
mudança climática do que se pensa atualmente,
embora com uma advertência importante para especialistas
em micro-habitats úmidos”, dizem os autores
do estudo.
“As populações
de espécies de aves canoras tropicais de vida mais
longa podem ser mais capazes de mitigar os efeitos das secas
do que se pensava”, afirma Mouton à agência
de notícias AFP. Contudo, Mouton adverte que a seca
é apenas um dos efeitos das mudanças climáticas,
que é uma ameaça real às comunidades
de avifauna, mas também a degradação
de seus habitats.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações da Revista Planeta e AFP
Fotos: Reprodução/Pixabay