Caça
de aves no Canadá mobiliza especialistas e ecologistas
Ontário
é cenário para predação da avifauna,
carta alerta para perda da biodiversidade
05/09/2020 – O governo
de Ontário, no Canadá, autorizou a caça
em massa de corvos-marinhos-de-crista-dupla (Phalacrocorax
auritus), uma espécie de biguá comum
naquele país. A caça está marcada para
iniciar no próximo dia 15 de setembro e deve seguir
até 31 de dezembro. Segundo o governo, a prática
tem objetivo de controlar a população dessas
aves.
Especialistas e conservacionistas
enviaram uma carta aberta a John Yakabuski, Ministro de
Recursos Naturais e Florestas (MNRF), expressando preocupação
sobre esse método de controle populacional.
“Como ecologistas,
cientistas pesqueiros e gestores de recursos naturais, estamos
preocupados com a falta de exames científicos associados
ao anúncio”, diz a carta, organizada pela professora
Gail Fraser, da York University, que trabalha na Faculdade
de Estudos Ambientais. Segundo o site do estado de Ontário,
os caçadores poderão abater até 15
aves por dia.
Os especialistas que assinam
a carta, afirmam que não há evidências
científicas que validem a caça em massa, como
uma maneira de lidar com um eventual problema sobre a população
das aves na região. Segundo os pesquisadores, os
corvos-marinhos-de-crista-dupla não são considerados
comestíveis e não têm usos comerciais
para elas. Uma grande quantidade de aves mortas não
fará nenhum bem ao meio ambiente, muito pelo contrário.
A carta aberta faz referência
a uma declaração de impacto ambiental dos
Estados Unidos, que diz que há "sérias
reservas sobre a autorização de uma espécie
não tradicional para ser caçada quando não
pode ser comida ou amplamente utilizada. Existem formas
mais responsáveis e socialmente aceitáveis
de lidar com os conflitos com aves migratórias”,
completa o documento.
Segundo a manifestação
dos especialistas, a caça em massa das aves também
viola dois princípios do Modelo Norte Americano de
Conservação da Vida Selvagem, que recomenda
que a vida silvestre só seja morta para fins não
frívolos e que o padrão científico
é a maneira mais adequada para definir a conservação
da vida selvagem.
Outra preocupação
dos pesquisadores é o fato de que as aves mortas,
aparentemente, não precisam ser relatadas às
autoridades, o que pode ocorrer em mortes adicionais e de
outras espécies.
O argumento do governo de
Ontário para liberar a matança das aves seria
a preocupação com o aumento populacional desses
animais, em relação a redução
de peixes, consumidos pelas aves e porque os corvos-marinhos
podem danificar as árvores onde fazem ninhos e se
empoleiram. Ou seja, culpam as aves por sua própria
existência.
Fraser e os demais especialistas
que assinam a carta aberta informam que "O MNRF não
será capaz de avaliar como a remoção
de um número desconhecido de corvos-marinhos de locais
onde nenhum problema pode existir, estará ligada
ao estado de várias populações de peixes
em Ontário."
Agora os especialistas pedem
ao ministro Yakabuski que seja fornecido um relatório
detalhado, com base científica e revisado por pares,
sobre a estratégia de caça e como ela pode
ajudar a vida selvagem.
Até o momento, os
corvos-marinhos eram protegidos pela Lei de Conservação
de Peixes e Vida Selvagem (FWCA), pois costumavam figurar
a lista de espécies em perigo.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
(Narcity)
Fotos: Reprodução/Wikipedia